Férias. Ótimo período de descanso. Com o ano terminando, nada melhor que rever e avaliar nossa atuação. Assim, voltei a algumas leituras antigas. Destas, o livro “Redação Jornalística de Bico”, de Alexandre Castro (Champagnat, 1991) sempre me chama a atenção.
Como o próprio nome diz, se o jogador está cara a cara com o gol, o que ele precisa é chutar para dentro das traves. Nessa hora não importa o estilo, o importante é fazer o ponto.
Dentro de uma redação, o jornalista precisa mostrar os fatos, para isso a escrita não precisa ser um “texto de placa”, “queremos um texto correto e eficiente”, “feijão-com-arroz”.
Castro recomenda o “lead”, ou cabeça/abertura da matéria, em que são respondidas as seguintes perguntas:
Quem?
O quê?
Por quê?
Como?
Quando?
Onde?
Lembrando que essas informações podem estar organizadas no lead e no sub-lead. Colocar o assunto mais interessante no início ajuda o leitor. Afinal, “é bom partir da hipótese pessimista, mas frequentemente real, de que só teremos o privilégio da companhia do leitor por um parágrafo, no máximo dois. É preciso, então, aproveitar o máximo esse pequeno espaço”.
Já para a hora de realmente colocar a notícia no papel, o autor traz algumas “fórmulas” adotadas por grandes jornais. Vamos conhecê-las:
Fórmula do “ao”
Relaciona dois fatos importantes, enfatizando o segundo acontecimento.
Ex.: “Ao reunir-se... disse que...”
“Ao se tornar o primeiro... foi ontem...”
“Ao comentar as declarações... lembrou que...”
Fórmula do “depois de”
A diferença para o modelo anterior é que os fatos não ocorreram simultaneamente. Seria como avivar a memória do leitor sobre algo passado.
Ex.: “Depois de 78 anos de proibição, o Parlamento inglês...”
“Depois de sediar, em 87, ... a cidade se prepara para receber...”
Fórmula do “enquanto”
Também associa fatos, “em especial quando contraditórios”, possibilitando textos contundentes.
Ex.: “Enquanto o papa..., a polícia...”
“Enquanto continuam os preparativos para a reunião... os norte americanos dão os últimos retoques...”
Para as três últimas fórmulas, existe o risco da informação se perder em um texto longo e desconexo. Para evitar que isso ocorra é bom ser crítico para julgar se é uma boa saída usar esses modelos de abre para as matérias, ou o modelo direto de escrita.
Nos próximos posts continuaremos com as dicas de Alexandre Castro.