sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Redação, lead e gol


Férias. Ótimo período de descanso. Com o ano terminando, nada melhor que rever e avaliar nossa atuação. Assim, voltei a algumas leituras antigas. Destas, o livro “Redação Jornalística de Bico”, de Alexandre Castro (Champagnat, 1991) sempre me chama a atenção.

Como o próprio nome diz, se o jogador está cara a cara com o gol, o que ele precisa é chutar para dentro das traves. Nessa hora não importa o estilo, o importante é fazer o ponto.

Dentro de uma redação, o jornalista precisa mostrar os fatos, para isso a escrita não precisa ser um “texto de placa”, “queremos um texto correto e eficiente”, “feijão-com-arroz”.

Castro recomenda o “lead”, ou cabeça/abertura da matéria, em que são respondidas as seguintes perguntas:

Quem?

O quê?

Por quê?

Como?

Quando?

Onde?

Lembrando que essas informações podem estar organizadas no lead e no sub-lead. Colocar o assunto mais interessante no início ajuda o leitor. Afinal, “é bom partir da hipótese pessimista, mas frequentemente real, de que só teremos o privilégio da companhia do leitor por um parágrafo, no máximo dois. É preciso, então, aproveitar o máximo esse pequeno espaço”.

Já para a hora de realmente colocar a notícia no papel, o autor traz algumas “fórmulas” adotadas por grandes jornais. Vamos conhecê-las:

Fórmula do “ao”

Relaciona dois fatos importantes, enfatizando o segundo acontecimento.

Ex.: “Ao reunir-se... disse que...”

“Ao se tornar o primeiro... foi ontem...”

“Ao comentar as declarações... lembrou que...”

Fórmula do “depois de”

A diferença para o modelo anterior é que os fatos não ocorreram simultaneamente. Seria como avivar a memória do leitor sobre algo passado.

Ex.: “Depois de 78 anos de proibição, o Parlamento inglês...”

“Depois de sediar, em 87, ... a cidade se prepara para receber...”

Fórmula do “enquanto”

Também associa fatos, “em especial quando contraditórios”, possibilitando textos contundentes.

Ex.: “Enquanto o papa..., a polícia...”

“Enquanto continuam os preparativos para a reunião... os norte americanos dão os últimos retoques...”

Para as três últimas fórmulas, existe o risco da informação se perder em um texto longo e desconexo. Para evitar que isso ocorra é bom ser crítico para julgar se é uma boa saída usar esses modelos de abre para as matérias, ou o modelo direto de escrita.

Nos próximos posts continuaremos com as dicas de Alexandre Castro.

sábado, 18 de dezembro de 2010

Sugestão para estudo


Fim de ano chegando e a gente começa a desacelerar o ritmo de estudo. Para quem continua com todo o gás, achei interessante deixar uma sugestão.

Aos concurseiros de plantão, na área de jornalismo que é o meu foco, minha dica é o site PCI Concursos. Lógico, acesso vários outros, mas ali tem um acervo muito grande de provas... de todas as matérias e possibilidades de estudo.

No caso dos comunicadores, é só acessar http://www.pciconcursos.com.br/provas/ e ir na busca por “jornalismo”, “comunicação” ou ir pela letra “j” e chegar até esses testes.

Para mim funciona assim: baixo a prova e o gabarito, vou apenas nas questões certas... Assim, como estudo sozinha, evito as dificuldades de muitas vezes entender porque uma outra resposta não foi aceita...

Lógico... não considere que se uma banca aceitou tal resposta, aquela seja sem dúvida nenhuma a melhor opção... lembre-se de que o erro é humano... portanto, estude com olhos críticos.

Faça blocos de anotação, assim, como candidato você também se qualifica para as provas dissertativas. A maioria das questões de redação em jornalismo vão mesmo é cobrar o conhecimento específico.

Caso tenha outra sugestão de estudo, eu gostaria de conhecê-la... deixe seu recado nos comentários...

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Mártir


Quantos não morreram por uma vida melhor (liberdade, justiça, direitos humanos...)?

“Che, Zumbi, Antônio Conselheiro.
Na busca por justiça, nós somos companheiros”.

Lembrando da frase acima, resolvi guardar a história de Giovanni Battista Libero Badaró. Que a Revista Imprensa (nº 262 – Nov/2010) traz como o “primeiro mártir da liberdade de imprensa no Brasil”. Há 180 anos, ele foi assassinado a caminho de casa.

Em 1829, ele ajudou a fundar o periódico “Observador Constitucional”, de oposição ao regime monarquista de Dom Pedro I. Jornal esse que logo passaria a dirigir sozinho.

Um ano depois (20/11/30), Badaró foi morto em uma emboscada, provavelmente em função das críticas que fez contra o imperador ou a um de seus pares.

Badaró pode ter ficado registrado como o primeiro mártir, mas quantos antes dele não foram reprimidos pela inexistência de liberdade de imprensa? Pois é sabido que, até a chegada da Família Real ao Brasil, qualquer atividade de imprensa era proibida pela Colônia. Quem tentou abrir gráfica foi logo condenado.

Se buscarmos além, veremos que outros buscaram liberdade de imprensa (talvez por outros meios).

Quantos índios ou negros escravizados não gostariam de denunciar a barbárie que sofriam?

Como a história também se faz de pequenos atos, inseri este texto para reflexão...

São perguntas de uma operária letrada!

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Explorando mais o tema manipulação

Continuando o estudo anterior, quando falei sobre a “editorialização”, vamos ao que alguns outros blogueiros falaram. Assim, estudamos o tema e veremos uma parte mais política da prática jornalística (afinal, tomar ou não decisões diz respeito à política).

Em setembro de 2004, Luiz Weis, escreveu sobre a tolerância zero que tem a prática do jornalismo editorializado. Ele comentava a campanha em São Paulo, em que o ombudsman da Folha de S.Paulo, Marcelo Beraba, criticou "o tratamento diferenciado" que o jornal dava aos candidatos a prefeito da Capital. Prova, segundo ele, de que a editorialização do noticiário na imprensa diária brasileira (nas revistas semanais, nem falar) está indo além do aceitável.

Naquele contexto, Weis achou que o termo editorialização parece mais apropriado do que os genéricos desequilíbrio ou parcialidade. A prática também estaria dentro da autocensura: “É a velha história: ou as coisas saem do jeito que o patrão gosta porque ele tomou a iniciativa de orientar a cúpula da redação – ou, o que é pior e talvez mais frequente hoje em dia – editores e mesmo repórteres se antecipam”.

Ele encerra o texto mostrando que “ênfase nos juízos de valor é própria dos editoriais e aceitável nos artigos das páginas Op-Ed” (ao lado oposto dos editoriais, na seção de artigos e opiniões). “Nas colunas (políticas, econômicas, esportivas), a análise dos assuntos do dia e o aporte de fatos novos devem predominar sobre o pensamento dos signatários – sem excluir a crítica. O que não se pode é vender opinião disfarçada de notícia ou de análise.”

O pensador Emir Sader, em Setembro de 2009, também se questionou “Informar ou editorializar?”.

Ele começa mostrando ser “uma pena que a falta de prioridade ou a disposição de vetar aos brasileiros a possibilidade de assistir, diretamente, fazendo seus próprios juízos políticos, sem depender das versões que os órgãos da mídia dariam do importante evento”, referindo-se aos debates da reunião da Unasul.

A editorialização é ligada à “forte dose de ideologização e de preconceito que carregam” os veículos de comunicação.

“Triste papel da imprensa que se faz, não instrumento de informação, mas de filtro pelo qual só passa o que lhe interessa, da maneira que lhe interessa. Pobres leitores, ouvintes e telespectadores, vítimas dessa imprensa mercantil e ideologizada, que confunde editorial com informação, editorializa tudo e se transforma em panfletos ideologizados no lugar de instrumentos para uma cidadania informada e capaz de construir democraticamente a opinião pública que o Brasil requer”.

Vejamos agora uma lição enviesada, que comenta como a Revista Veja ensina a editorializar uma reportagem, retirado do Observatório da Imprensa ((Luiz Antonio Magalhães, 12/12/2006). Segundo o autor, a "matéria" poderia ser utilizada como exemplo para as escolas de comunicação do que não se deve fazer, uma vez que a revista adotou um tom editorializado em seu lide.

Estes foram alguns exemplos do que li sobre editorialização, parcialidade ou manipulação das mensagens... quem sabe você que está lendo tenha outros exemplos...

domingo, 5 de dezembro de 2010

Jornalismo editorializado


Ao ler a entrevista com o Diretor de Jornalismo da RedeTV!, Américo Martins, feita pela Revista Imprensa (nº 262 – Nov/2010) tive material para mais um post. O tema é o jornalismo editorializado.

A primeira vez que ouvi e fui buscar essa definição foi no meio deste ao, quando baixei uma prova do concurso do IFPR (Instituto Federal do Paraná) de 09 de maio de 2010. Uma das questões era sobre a teoria de Luiz Beltrão a respeito dos gêneros jornalísticos – que ele separa os informativos dos gêneros opinativos e interpretativos do jornalismo.

Mais precisamente, a questão correta era: “os gêneros informativos não devem sofrer a influência da opinião do veículo. Quando isso acontece, o texto está editorializado”.

E o questionamento dos repórteres da Revista Imprensa foi na mesma direção. Confira a pergunta e a resposta do representante da RedeTV!

“CONCORDA COM OS CRÍTICOS QUE DIZEM QUE A TV BRASILEIRA É MUITO EDITORIALIZADA? NÃO APENAS AO DAR OPINIÃO NO AR MAS DE COBRIR EDITORIALIZADAMENTE? ACHA ISSO UM PROBLEMA OU UMA ALTERNATIVA?
Existe espaço para ter opinião na mídia, mas acho que tem que ser muito limitado. O jornalismo opinativo, editorializado, parcial, é ruim. Existe espaço para isso, aliás. Na RedeTV!, com nossos comentaristas, há espaço para que, nas suas análises, coloquem opiniões, desde que expliquem isso. Eu não quero uma opinião do jornalista, eu quero que ele faça uma análise que leve a essa opinião. Mas eu acho que ele tem que ser muito controlado e limitado. O jornalismo opinativo o tempo inteiro, como acontece em todos os lugares do mundo inclusive no Brasil, é ruim. Eu sou de uma escola que está ligada à independência. Você vai me ver repetindo isso para o resto da vida. No final das contas, quem pode dar opinião é o analista, porque ele tem um grande conhecimento sobre determinado assunto. O que é muito diferente do cara julgar o VT que acabou de ser tocado. Qual é o grande embasamento prático, teórico que a pessoa tem para fazer isso? Não é que não tenha espaço para fazer isso nunca, mas tem que ser um pouco controlado.”




Levando em conta a separação de gêneros feita Luiz Beltrão, o ideal seria que no jornalismo informativo ficasse livre das opiniões, uma vez que existe espaço nos gêneros opinativos e interpretativos (quando abertamente estamos vendo que é um comentarista). Mas a quem o leitor/expectador vai recorrer quando a opinião do veículo vem “embutida”, disfarçada de informação? Afinal, técnicas e meios para isso é que não faltam.

As principais brigas que conheço da sociedade organizada contra a manipulação das notícias estão representadas nas imagens que ilustram este post.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Ferramentas de uma assessoria


Às vezes fazemos igualzinho ao ferreiro que tem em sua casa espetos de pau. Porque se estou atuando mais em assessoria de imprensa, o certo seria parar e refletir aqui neste espaço sobre o trabalho das ASCOMs (Assessorias de Comunicação).

Remexendo nas minhas anotações, encontrei uma relação das ferramentas que um assessor utiliza no dia a dia:
• Release;
• Press kit (pasta ou arquivo eletrônico);
• Mailing list, mas tem que ser um cadastro atualizado;
• Follow up (retorno por telefone);
• Clipping ou taxação;
• Acompanhamento on line;
• Media Trainning (teórico ou prático);
• Workshop (para assessorado conhecer melhor a imprensa);
• Websites, intranet, sala de imprensa e outros;
• Auditoria da imagem, mensuração de resultados e análise estratégica da mídia.

Lógico, ao chegar ao novo emprego, o jornalista precisa levantar as primeiras informações: para quem estou trabalhando? Quem é o meu novo assessorado?

Só depois é possível traçar estratégias e saber quais ferramentas utilizar e em qual momento. Se bem que comunicação não é uma ciência exata, portanto, muitas vezes é preciso estar sempre pronto para aplicar o plano B ou C.

Com esse direcionamento, vai se organizando o diagnóstico da imagem do cliente na mídia e o como a organização pretende ser reconhecida.

Confesso que neste exato momento estou passando por grande aflição: a falta de formação em gestão na faculdade. Afinal, na maioria das escolas de comunicação esse tema é pouco explorado, mas que na prática é muito necessário em tempos de empreendedorismo ou gestão compartilhada.

Preciso fazer a minha passagem de jornalista “tarefeira” para administradora de imagem. Eis o desafio.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Atualidades do jornalismo – legislação


Na prova para jornalista da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) de 2009, um tema de atualidade foi cobrado:

“A Lei de Imprensa foi objeto de pauta do STF no último mês de abril. Conforme ação do Deputado Miro Teixeira, que pediu a revogação dos 77 artigos da Lei de Imprensa em janeiro de 2008, por meio de uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF), o STF confirmou a liminar do Ministro Ayres Brito e suspendeu 22 artigos da Lei. No último dia 30 de abril, julgou definitivamente ação proposta pelo PDT. Qual foi o resultado do julgamento do STF?”

A alternativa correta foi letra “A” - revogou totalmente a Lei de Imprensa.


Restou a mim a pergunta: se foi derrubada a lei, então o que está valendo como parâmetro para julgamento dos abusos na comunicação? Outros códigos em vigor seria uma boa resposta. Pois, por exemplo, os denominados crimes contra a honra – que incluem difamação, injúria e calúnia – passaram a ser definidos pelo Código Penal.

Além do Código Penal, as outras referências são o Código Civil e a Constituição Federal (é claro!).

Outra informação interessante a acrescentar é que enquanto a Lei de Imprensa (1967) previa para o crime de calúnia uma pena máxima de três anos de detenção, o Código Penal prevê dois anos. No caso de injúria, a lei definia um ano e o Código, seis meses. Por fim, para difamação, caiu de 18 meses para um ano. Confira o Capitulo V do Código Penal:

Art. 138) Calúnia: detenção, de seis meses a dois anos, e multa;
Art. 139) Difamação: detenção, de três meses a um ano, e multa;
Art. 140) Injúria: detenção, de um a seis meses, ou multa.

Nesse estudo, acho interessante também falar do conceito dos três crimes:
Calúnia é atribuir, falsamente, a alguém a responsabilidade pela prática de um fato determinado definido como crime. O macete para lembrar é que calúnia começa com “C”, de CRIME.

Difamação consiste em atribuir a alguém fato determinado ofensivo a sua reputação. Se levarmos em conta que a sílaba “FA” da palavra está ligada a FATO, acertaremos a questão.

Por sua vez, Injúria é atribuir a alguém qualidade negativa, ofender sua dignidade ou decoro. Dica: “IN” JÚRIA – essa eu não sei porque quem me ensinou é muito “IN”GUINORANTE. Pronto, sem querer eu injuriei o meu professor.

Tentei dizer qual é a fonte deste tema de hoje, mas só essa última frase aparece em sete sites diferentes. Mas agradeço à Faculdade Fortium, Scribd, Fórum de Concursos do Correio Web, Wiziq, INF/UFSC e Advogada na Net. Caso alguém tenha sido pioneiro em postar essas ideias, muito obrigada.