sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

A obra de arte de Conceição dos Bugres


Quero encerrar o ano falando de coisas que gosto. Como estou revendo pessoas, que para mim são de grande estima, por que não revisitar também culturalmente a minha terra nesta passagem de 2011 para 2012. Ampliando meu campo de visão, da comunicação à indústria da cultura e das humanidades.

Arrumando meus livros e abrindo espaço para o novo, enfrentei a triste missão de me separar de alguns. Decidi que a Revista MS Cultura (Ano 9, Ano V, 1996) tomaria outro rumo. Com ela iria a reportagem sobre os Bugres da Conceição, que utilizo agora como homenagem à cultura sul-mato-grossense.

Os “homenzinhos pé no chão” foram criação de Conceição Freitas da Silva, eternizada como a “Conceição dos Bugres”. Ela veio do Rio Grande do Sul primeiro para Ponta Porã e, depois, Campo Grande. Nascida em 1914, faleceu aos 70 anos, no dia 13 de dezembro de 1984.

Inicialmente ela fez sua escultura em mandioca. Esculpido no alimento, secou. Então ela passou a usar tocos de madeira, cera/mel e piche. A simplicidade de seu trabalho como artista plástica consagrada já foi explicada como primitiva na forma e pop no conceito.

Relembrando os admiráveis bugrinhos (afinal, faço parte desta terra, composta por uma árvore genealógica multifacetada, com povos que vieram de várias partes do Brasil e de fora dele), é que desejo a todos um 2012 de novas formas: um simples, mas valioso ano!!!

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Modelo de Pauta - Curso Técnico em Rádio e TV

Retranca: FOME/RONDÔNIA

PROPOSTA: Repercutir a série de reportagens sobre a fome no Brasil feitas por Marcelo Canellas

INFORMAÇÃO: Proposto em 1998 e implementada em 2001, o repórter Marcelo Canellas produziu uma série de reportagens sobre a fome, baseada no livro Geografia da fome, de Josué de Castro . Ele e o cinegrafista Lúcio Alves viajaram durante um mês pelo país e preparam uma série especial, exibida no Jornal Nacional. Foram percorridos seis estados e o Distrito Federal . Com isso, as matérias foram as mais premiadas do telejornalismo brasileiro (prêmios: Ayrton Senna de Jornalismo, Barbosa Lima Sobrinho, Imprensa Embratel, Vladimir Herzog e a medalha ao mérito da ONU).

Uma passagem surpreendente, foi que na primeira reportagem mostrava o depoimento comovente de uma lavadeira, Maria Rita Costa de 51 anos, vítima da fome. No dia seguinte a exibição, os vizinhos de Maria Rita informaram que a lavadeira havia morrido de pneumonia e desnutrição aguda. Dois anos depois, o repórter voltou aos mesmos lugares retratados nas matérias para mostrar que a situação de miséria e pobreza continuava exatamente a mesma. A nova reportagem foi apresentada no Globo repórter.

DIRECIONAMENTO: Visto que o livro Geografia da Fome, de Josué de Castro, completa 65 anos de história agora em 2011 e continua a apresentar um dos mais profundos estudos brasileiros sobre a insegurança alimentar presente no Brasil, sobretudo nas regiões Norte e Nordeste, a proposta é basear-se nas reportagens de Canellas e na leitura do livro para mostrar a realidade da fome em Rondônia. Buscar personagens para que as matérias sejam humanizadas. Afinal, um estado de pujança econômica como o Estado de Rondônia convive com a fome?

Desta forma, verificar dados referentes à mortalidade infantil. Quantas crianças morrem de fraqueza e desnutrição no estado de Rondônia. Por que isso acontece, quais crianças estão na “zona de risco?”, quais municípios apresentam as maiores taxas de mortalidade?Na sequência, verificar dados referentes a fome na terceira idade. Como está o uso da aposentadoria? Os idosos mantêm também os lares rondonienses, suas aposentadorias são controladas por eles. O que se pode fazer para contornar a fome que atinge à população dessa faixa etária.

E as comunidades indígenas e quilombolas do estado? A segurança alimentar realmente está garantida entre os povos tradicionais da região. Questão da terra terminará se envolvendo na questão relacionada à fome. Verificar a questão das bolsas (Bolsa Família, Bolsa Escola, Bolsa Pesca e outros) no Estado. Dá-se o peixe ou ensina-se a pescar? O que as famílias fazem com esses valores, são bem aproveitados?

Por fim, quais sugestões dos nutricionistas e pessoal da área de saúde indicam para uma alimentação saudável e barata. Casos de hortas comunitárias que deram certo, existem? E ONGs e outras instituições que tenham casos com finais felizes de combate à fome e à desnutrição.

ATENÇÃO: Seremos críticos em relação aos casos que apresentarmos. Mas sem ser alarmistas, buscaremos também um direcionamento mais humano. Sempre comparar dados e buscar fontes que deem base concreta aos dados e informações apresentadas.

ROTEIRO
Contato: Produção irá levantar telefones, endereços e contatos de representantes da comunidade, distritos, comunidades indígenas, quilombolas, IBGE, associações ligadas aos direitos humanos, secretarias de assistência social dos municípios e do Estado, pessoas ligadas ao Fome Zero nacional, entre outras.

Além de procurar casos verdadeiros nas cidades e áreas rurais de pessoas em área de risco social e que possam ter casos concretos que mostrem o retrato da fome em Rondônia.

Boa reportagem!!!

domingo, 18 de dezembro de 2011

Fonte primária x secundária

Em jornalismo sempre podemos obter mais informações para cobrir/planejar pautas consultando uma fonte. Jargão este que passou a ser um utilizado mesmo fora da profissão. No dicionário on-line Priberam existem oito diferentes classificações para a palavra, que vão de nascente de água, cada um dos lados da região temporal entre os olhos e as orelhas, a origem, causa, princípio, procedência e texto de bom autor. Além da classificação “fonte limpa”, em que se diz daquela de “origem insuspeita (do que se diz ou se deseja saber)”.

Bom... no trabalho jornalístico é melhor não acreditar na existência de um tipo de fonte pura. É até questão de ética manter um distanciamento de quem está passando todos os tipos de informação, checar sempre e confrontar dados, para evitar barrigadas.

Percorrendo a web, encontrei um texto de Aldo Antonio Schmitz que explica:

“Fontes são aqueles que têm algo a dizer e informar, os produtores das ações sociais – dos atos e falas noticiáveis”, interpreta Manuel Carlos Chaparro (1996: 148), afirmando que elas “são a base essencial da ação jornalística… Sem elas, não há notícia nem noticiário”.

E esta também, definição do próprio autor:

“Fontes de notícias são pessoas, organizações, grupos sociais ou referências; envolvidas direta ou indiretamente a fatos e eventos; que agem de forma proativa, ativa, passiva ou reativa; sendo confiáveis, credíveis ou duvidosas; de quem os jornalistas obtêm informações de modo explícito ou confidencial para transmitir ao público, por meio de uma mídia”.

Encontraremos ainda que há uma divisão entre os tipos de fonte. Segundo a Wikipédia: "Em biblioteconomia, historiografia e outras áreas de pesquisa, uma fonte secundária é um documento ou gravação que relaciona ou discute informações originalmente apresentadas em outros lugares. O conceito de fonte secundária se contrasta com o de fonte primária, que é uma fonte original da informação a ser discutida. Fontes secundárias envolvem generalizações, análises, sínteses, interpretações, ou avaliações da informação original".

Mas em jornalismo, o que diferencia os tipos de fonte de informação? Mais uma vez vamos recorrer a questões de concurso:

“Em uma notícia sobre eleições municipais, um cientista político convidado para analisar as propostas eleitorais dos principais candidatos, é considerado uma fonte...”

“Secundária”, é a resposta correta, pois o envolvimento do entrevistado é indireto. A fonte primária, no caso, seriam os próprios candidatos.

Conforme explica o professor Aldo Schmitz, a fonte primária “é aquela que fornece diretamente a essência de uma matéria jornalística, por estar próxima ou na origem da informação. Geralmente revela dados em primeira mão, que podem ser confrontados com depoimentos e análises de fontes secundárias". Em confronto com a secundária, que “é o tipo de fonte que contextualiza, interpreta, analisa, comenta ou complementa a matéria jornalística, produzida a partir de uma fonte primária. Igualmente, é com quem o repórter “repercute” os desdobramentos de uma notícia (suíte). Também é consultada na preparação de uma pauta”.

No ano passado também fiz um primeiro post sobre o assunto, confira aqui.

domingo, 11 de dezembro de 2011

A lauda no jornalismo

Vamos conversar hoje sobre a lauda jornalística. Para começar, tente resolver esta questão da FCC aplicada no meio do ano, válida para o concurso do TRT/23ª REGIÃO (MT)/cargo de Analista Judiciário em Rádio e TV.

A lauda para telejornalismo segue, em praticamente todas as emissoras, um modelo no qual são colocadas as indicações de áudio e vídeo e todas as informações sobre a estrutura do telejornal, que permitem a sintonia de toda a equipe técnica e de jornalismo. Sobre a lauda, é INCORRETO afirmar que
a) a cabeça da matéria em telejornalismo é o texto que vai ser lido pelo apresentador em estúdio, introduzindo a matéria gravada.
b) as informações relativas ao vídeo são colocadas na coluna esquerda e os textos a serem lidos na coluna direita.
c) as palavras que os apresentadores introduzem, de forma improvisada e espontânea no texto, são chamados cacos.
d) a lauda para televisão é denominada script.
e) as partes, ou segmentos, que dividem o telejornal e ficam entre dois intervalos comerciais são chamados de breaks.

Todas as alternativas estão corretas, menos a última (letra E). É certo que o maior trabalho para quem faz uma notícia é fazer a apuração e buscar o aprofundamento dos fatos. Mas também é necessário seguir as instruções do editor sobre qual o tamanho tem a sua matéria para ser publicada e por isso a escolha do tema para este post. Se bem devemos nos atentar que às vezes o assunto rende mais e em outras, não. Mas há casos que o tamanho necessário para alguma publicação não pode sofrer alterações, especialmente quando a diagramação/produção foi pensada antes dos levantamentos de dados e escrita do texto.

Explicando sobre reportagem, o jornalista Enio Moraes Júnior mostra que “uma lauda, para quem ainda não tem familiaridade com a linguagem jornalística, corresponde a um conjunto de 1400 (mil e quatrocentos) caracteres contados os espaços. Uma matéria jornalística de um tamanho razoável tem, em média, duas laudas”.

Como em jornalismo freelance se cobra por lauda produzida, segue o link do Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso do Sul em que há uma tabela de valores (válida para o MS). Ah! Existe diferença entre escrever uma lauda entrevistando uma ou duas fontes, confira: http://bit.ly/vPbGwE

Para encerrar, uma questão aplicada pela Embrapa em 2006:

Ao redigir releases para televisão, o assessor deve produzir textos curtos e com informações objetivas, atendendo às características do veículo. Uma linha de texto, na lauda de TV, equivale, aproximadamente, em segundos, a:
A) 2"
B) 4"
C) 6"
D) 8"
E) 10"

Resposta: A

domingo, 4 de dezembro de 2011

Jornalismo x Literatura

Fui a uma premiação de poesias no SESC/RO, com poemas de pessoas daqui e de outras terras, como Carlos Drummond de Andrade (que, frise-se, iniciou como redator na imprensa mineira). Depois folheando em casa algumas anotações, me lembrei que havia planejado escrever sobre algumas questões que caem em concurso envolvendo jornalismo e literatura.

Entre os que tenho guardado, está este:

Publicado no Jornal O Estado de São Paulo como reportagem sobre a Guerra de Canudos, o livro Os Sertões, de Euclides da Cunha, tornou-se um clássico da literatura brasileira.

O Estadão foi fundado em 1875, vivia de anúncios e sorteios nas loterias. Vendia avulso nas ruas e crítica pela mercantilização da notícia. Júlio Mesquita assume a direção em 1890, tornou-se o Estado de São Paulo. É neste jornal que trabalhava Euclídes da Cunha, de onde será escrito Os Sertões.

Já esta questão, de um concurso para o Ministério do Planejamento, que fiz em 2010, confesso que não acertei:

Na virada do século XIX para o XX, o cronista João do Rio publicou na imprensa narrativas que alteraram a forma de se perceber a cidade. João do Rio era o pseudônimo do escritor:
a) Olavo Bilac
b) Oswald de Andrade
c) Paulo Barreto
d) Machado de Assis
e) Raul Pompéia


Acertou quem falou Paulo Barreto. Segundo a Wikipédia, João Paulo Emílio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto nasceu no Rio de Janeiro em 5 de agosto de 1881 e faleceu em 23 de junho de 1921. Foi “jornalista, cronista, tradutor e teatrólogo brasileiro”. Ele representou o surgimento de um novo jornalista na imprensa, pois “move a criação literária para o primeiro plano e passa a viver disso, empregando seus pseudônimos (mais de dez) para atrair diversos públicos consumidores”. (A imagem ao lado é do site http://bit.ly/svYOUL)

Para fechar, vamos lembrar modernista Oswald de Andrade, que fundou diversos veículos de imprensa. Não vi em concurso, mas em uma reportagem da Revista Imprensa do último mês de agosto. Mostra que ele possuía “opiniões sempre ácidas e o gosto por vingar-se de seus desafetos por meio de suas colunas” e desta forma leva o título de “pai dos polemistas brasileiros”. Entre os jornais criados por Oswald está O Homem do Povo.

Para o jornalista Mário Drumond, na matéria de Imprensa, “Oswald é pouco conhecido como jornalista porque há um certo preconceito com nosso trabalho em relação ao romance, literatura, poesia. Sempre há um tratamento um pouco elitista em relação ao jornalismo, mas Oswald não era assim. Ele considerava o jornalismo um trabalho tão nobre quanto a literatura e a base de sustentação de todo seu trabalho foi o jornalismo. Em 45 anos de carreira, publicou em mais de 50 grandes veículos de imprensa e fundou outros”.

Teríamos muito a falar, mas fica o espaço do comentário para as complementações que quiserem fazer, ou aberto a um novo post sobre o assunto.