terça-feira, 24 de janeiro de 2012

9 anos do Jornal Brasil de Fato


Lançado durante ato político no III Fórum Social Mundial, em Porto Alegre (RS), no dia 25 de janeiro de 2003, o Jornal Brasil de Fato é uma referência para lutadores e lutadoras do povo. Quando completou três anos de existência, a Editora Expressão Popular lançou em homenagem o livro “É preciso coragem para mudar o Brasil”, organizado por José Arbex Jr. e Nilton Viana.

Para o professor Rozinaldo Miani, “a tentativa de emplacar um veículo de comunicação impressa que pudesse atender aos interesses políticos da esquerda organizada no Brasil por várias vezes se viu frustrada por problemas de toda ordem, mas o Jornal Brasil de Fato, desde sua criação, vem procurando manter viva a chama de uma comunicação popular com vistas à disputa de hegemonia”.

Podemos dizer que o jornal já acumula mais que experiência e conhecimento, chegando agora a nove anos de existência. Para celebrar a data, revisito alguns dos textos que fazem parte da história do semanário, eternizadas no livro da Expressão Popular.

“A desigualdade social não é provocada pela falta de políticas sociais, mas por uma política econômica perversa, intrinsecamente redutora da igualdade social e cada vez mais concentradora de renda”

Bairrista que sou, selecionei um sul-mato-grossense para a comentar. Apolônio de Carvalho, corumbaense de nascimento (09/12/1912 – 23/09/2005). Ele foi “militante da Aliança (ANL) na década de 1930 e integrante do Partido Comunista Brasileiro (PCB), até os anos 1960. Combatente antifranquista na Guerra Civil Espanhola (1936-39) e da Resistência Francesa contra a ocupação nazista (1942-44). Fundador do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), em 1968, para levar a cabo a luta armada contra o regime militar; e signatário da primeira ficha de filiação do Partido dos Trabalhadores (PT), em fevereiro de 1980”.

Numa das últimas entrevistas que concedeu, Apolônio deixou registrado no Brasil de Fato: “estamos saindo do século 20, que foi o mais cruel e contraditório de todos os séculos recentes. Todos os contrastes aguçados, uma sociedade marcada por duas guerras, terríveis extremos de pressão, genocídios racistas. Marcada por uma série de rebeliões e uma série de ditaduras militares e civis. No Brasil, 43 anos foram marcados por ditaduras militares ou civis. Mesmo assim, nosso povo foi abrindo caminho para a democracia. E os jovens, e depois os menos jovens (os que sendo velhos acreditam que a velhice é apenas a juventude amadurecida), continuamos na luta, que está cheia de promessas”.

Para mais informações sobre o JBF, acesse: www.brasildefato.com.br

sábado, 21 de janeiro de 2012

Um pouco da história das revistas brasileiras

Em 1968, Veja inaugurou no Brasil um gênero de jornalismo similar às norte-americanas Time e Newsweek, que consiste em revista semanal de informação.


A informação acima foi cobrada em concurso de jornalismo. Lendo o texto que fala sobre o “desastroso lançamento da Revista Veja”, “3x30 – Os bastidores da imprensa brasileira” (Editora Best Seller, 1992), Carmo Chagas registra passagens desta época, do imprenso lançado pela Editora Abril.

“Em 1966, foi lançada, em pleno regime militar, uma revista que abordava temas até então tabus na imprensa brasileira: Realidade – que chegou a vender 500 mil exemplares”, também foi tema de prova. Complementando com a citação de Carmo Chagas: “Um enorme sucesso entre nós, jornalistas, mas principalmente entre os leitores. Todos aplaudiam a pauta corajosa e criativa, o texto superior, a diagramação limpa. Uma grande revista, sem dúvida”.

O sucesso da Revista Realidade despertou na Editora Abril a ideia de lançar Veja, “mais ousada”, tendo por nome forte o “Mino Carta, italiano de nascimento como os donos da Abril, com uma boa passagem pela empresa, no lançamento da Quatro Rodas”.

“Todo o primeiro ano de existência da Veja foi, para nós da redação, uma turbulência só. Para a empresa e para os anunciantes também. E, pior, também para os leitores. Mas o nó cego estava mesmo na redação. Pela simples razão de que nenhum de nós sabia fazer revista semanal de informação nacional. Víamos e revíamos o Time. Líamos e relíamos o Newsweek, com quem a Abril havia firmado acordo. Mas na hora de escrever não conseguíamos repetir a fórmula. Existia uma data para o lançamento da revista, primeira semana de setembro. E a gente não descobria o jeito de fazer o título, a legenda, o subtítulo, o texto, a chamada de capa”.

Segundo Carmo, o número 1 de Veja vendeu perto de um milhão de exemplares, “puxado por uma fortíssima campanha publicitária”, só que a segunda edição encalhou nas bancas, vendeu menos de 300 mil. Ele mostra que os primeiros anos foram realmente difíceis para a “primeira revista semanal de informação nacional no Brasil”:

“Passei doze anos na Veja, os primeiros doze anos da revista. Não sei dizer qual foi mesmo o fundo do poço, o menor número de venda. De diferentes pessoas, inclusive gente da distribuição, ouvi números diferentes. Acho que o mais baixo foi 23 mil”.

“A Abril transplantou, para o jornalismo brasileiro, a estrutura existente nas revistas semanais americanas, inclusive a distribuição física do espaço, com divisórias isolando cada redator em seu cubículo. Nós, vindos de redações abertas, sentíamo-nos sufocados ali”. E continua: “Aquilo não era uma redação, era uma colmeia. Tínhamos a sensação de trabalhar como gado confinado em baias, nome que desde o início se deu àqueles cubículos”. (Deve ser por isso que a Veja acha que somos como boiada, que nos leva para qualquer lugar, sem questionarmos se é verdadeira ou não sua informação)

Voltando ao nosso assunto, revistas brasileiras, deixo para encerra outras duas questões que caíram em concursos:

A Tico-Tico, lançada em 1905 e encerrada em 1962, tornou-se conhecida por seu conteúdo voltado para o público infantil, com adivinhações, pequenos jogos e quebra-cabeças. A revista foi a primeira a publicar estórias em série no formato em quadrinhos.

De excelente qualidade gráfica, a Revista Kosmos, no início do século XX, se tornou um marco do periodismo, contando com a colaboração de renomados caricaturistas e homens das letras da época. Kosmos foi lançada em 1904 e seguia a linha dos parnasianos, diferente da Fon-Fon, que era dos simbolistas.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Um registro da história

O jornalismo é um meio para o registro da história (dos mais diversos tipos de história quero dizer). Fiquei pensando isso depois que li o seguinte trecho do livro “3x30 – Os bastidores da imprensa brasileira” (Editora Best Seller, 1992), na narração de Carmo Chagas:

“A Galeria Metrópole de nossas madrugadas serviu de palco, num começo de tarde, para a caça a uma moça de minissaia e um rapaz cabeludo. O noticiário internacional trazia essas novidades comportamentais que para nós, mesmo na cosmopolita São Paulo, ainda pareciam extravagâncias d’além mar.”

O jornalista está falando de uma passagem lá dos anos 60, em que o escândalo era usar cabelos compridos (homens) e minissaia (mulheres). E, pasmem: “houve um começo de tarde em que uma mocinha apareceu de minissaia ali na Praça Dom José Gaspar” (...) “Os olhares de admiração e espanto logo foram seguidos por expressões de desaprovação dos mais velhos, misturados ao inevitável deboche dos office-boys em trânsito pela região. Em poucos minutos, uma chusma seguia a mocinha e das piadas e imprecações logo passaram a querer alisar, pegar, agarrar”.

Resumo da história, no mesmo momento passou também o homem de cabelos mais volumosos que o costume da época: “De fato, não deu outra: boa parte dos perseguidores da moça preferiu ir atrás do cabeludo”. Ambos se esconderam e só conseguiram se livrar da confusão quando apareceu a polícia.

Enfim, o jornalismo serve para acompanhar as mudanças de comportamento e as mais diversas histórias. E hoje foi um dia assim, porque ainda está muito acesa a discussão sobre o BBB (Big Brother Brasil) e o possível “estupro” ou “sexo” na telinha. (Eu prefiro que essa moda não pegue como no fim se convencionou que é normal homens utilizarem cabelos compridos ou mulheres usarem roupas mais ousadas).

Estava discutindo isso, o quanto utilizar uma saia mais curta ou uma roupa mais sensual dá direitos para que se ultrapassem limites, quando o jornalista Nilson Lage jogou no Twitter (@nilsonlage) a seguinte questão:

“Será machismo achar que a moça que, aos 23 anos, se embriaga, enfia-se nas cobertas esfregando-se em um jovem bêbado é vítima na história?”

Não entrarei em discussões sociológicas, mas espero que realmente o Ministério da Comunicação reveja não só o BBB, mas outros programas que não contribuem com a formação nossa, povo brasileiro. Para mim, estamos aqui para registrar a história, e não sermos eternizados como deturpadores de mentes.

Prefiro que o jornalismo e os meios de comunicação sejam utilizados para atividades que façam-nos crescer como pessoas. Da mesma forma que canta Mercedes Sosa “Que no calle el cantor porque el silencio cobarde apaña la maldad que oprime”.

Jornalistas, uni-vos para que possamos cumprir uma finalidade social maior!

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Comunicação e Discurso

Contradição é adotar uma prática diferente do discurso feito, pois são os exemplos e as ações realizadas que ficam registrados na cabeça de quem nos acompanha.

Esta é uma das grandes lições que lembro ao pensar na tarefa de falar em público. Não que esteja querendo discursar para uma grande plateia, mas sempre é preciso ir se preparando para o caso de algum imprevisto, afinal, quem lida com a comunicação pode também ser professor, fazer alguma palestra, apresentar resultados do trabalho desenvolvido em qualquer função que seja e até mesmo entrar ao vivo em uma reportagem.

Como mostram os livros de ajuda para falar em público, as apresentações podem ser melhor realizadas quando conhecemos as técnicas e as treinamos. Sim, sempre é hora de estudar!

Vou citar apenas algumas dicas, pois o rol das que estão na internet ou são passadas em sala de aula é grande. Um site em que há textos sobre oratória e fonoaudiologia é o Clube da Fala, da qual compartilhei a imagem ao lado.

Além de estudar bem o assunto da apresentação a fim de se tornar mais seguro: quanto mais conhecemos, melhor o explicamos... Outra indicação que também serve ao jornalismo é ensaiar o que vai falar, se avaliando em frente a um espelho, especialmente falando com uma caneta entre os dentes. Ah, não se esqueça de fazer um check-list de equipamentos e outros materiais necessários ao dia da sua apresentação, porque um fio que falta pode inviabilizar a atividade planejada.

Também acho interessante a técnica de relaxamento da respiração abdominal (inspire durante cinco segundos), depois por mais cinco segundos segure a respiração e depois expire bem devagar.

Assim com dizem os professores no Curso Técnico de Rádio e TV, não decore seu texto, mas o entenda e use apenas um simples roteiro com tópicos. Difícil? Realmente é preciso planejamento e treino, muito treino.

Media Training – E quando for você o entrevistado? Vamos a algumas dicas, pois é melhor atender à imprensa do melhor modo possível. Converse naturalmente, falando o que deseja ver publicado e o que for de interesse do jornalista. Prepare-se antecipadamente, pesquise mais sobre o assunto que irá falar e não invente respostas (caso não saiba, comprometa-se a pesquisar e depois dê o retorno).

Em caso de televisão, escolha roupas de cores lisas, evitando listras, xadrez, estampas de cores chamativas, muito brilho e acessórios que façam barulho. Para qualquer entrevista, em especial as de rádio, tenha boa dicção, a fala deve ser pausada, com respostas objetivas.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Iniciando com ética

Bom início de ano para todos nós! Na verdade eu comecei 2012 de férias, dando um tempo até nos meus estudos em jornalismo. Agora, nada melhor que aproveitar este período mais tranqüilo para desejar a todos que leem minhas publicações muito sucesso nos concursos que estão inscritos. Para a área de jornalismo, há vagas no Ministério Público de Rondônia e no Senado Federal, conforme o site Concursos Públicos On Line. Eu não me candidatei, porque ainda estou precisando de um gás maior para tentar uma nova prova.

Neste primeiro post do ano, meu tema será a ética. Afinal, conforme o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal “o servidor público não poderá jamais desprezar o elemento ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas principalmente entre o honesto e o desonesto”.

Estou fazendo um limpa em meus rascunhos e aproveito essas anotações antigas para publicizar aqui.

Ética = termo que vem do grego “ethos” e significa comportamento. Na vida e na profissão de jornalista mantemos diversas relações e contatos com outros seres humanos. Essas normas, princípios e valores, portanto, nos permitem viver em comunidade. E a ética norteará o bem comum e o respeito entre nós, especialmente quando nossa função em comunicação é definida por Clóvis Rossi como “uma fascinante batalha pela conquista das mentes e corações de seus alvos: leitores, telespectadores e ouvintes”.

De acordo com o Decreto 1.171 (22/06/94), “a dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consciência dos princípios morais são primados maiores que devem nortear o servidor público, seja no exercício do cargo ou função, ou fora dele (...)”. Assim, vale a pena falar de ética sempre, porque são as pequenas atitudes que regulam no fim do dia como na verdade foi o nosso comportamento em sociedade.

“No fundo as questões de ética são questões de caráter” (Warren Bennis)

Antes de encerrar, vamos diferenciar dois conceitos que de alguma forma estão ligados ao tema de hoje:

Eficiência é a capacidade de fazer de modo certo uma tarefa. É fazer alguma coisa do melhor modo possível, enquanto a eficácia é a capacidade de fazer com que a coisa certa seja feita no momento oportuno. É fazer bem feito o que precisa ser feito. É o ato de produzir resultados desejados.

Também importa lembrar que o sucesso não está somente ligado à competência, mas também ao convívio social e aos rituais que as ocasiões exigem.