domingo, 20 de dezembro de 2020

Ler e compartilhar histórias

 Li muito esse ano. Li muito livro emprestado, li os que já tinha aqui em casa, li os que comprei durante a pandemia. Ainda tem muita leitura pela frente, mas sinto que foi um ano de conhecimento (e de muitas tristezas também). Ah, li também conjuntamente, porque participei de todos os encontros do Clube de Leitura Porto Velho de 2020. Os que conseguiram ser presenciais, até março, e os que ocorram de forma virtual, no ambiente on-line.

Mas nessas minhas leituras encontrei dentro de uma revista uma reportagem de 2008, do Jornal O Estadão Porto Velho (o jornal agora nem circula mais, pois há anos foi desativado). Na edição de 14 de agosto, o projeto Leitura no Sítio da Bibliotecária Glória Valadares estava entre os destaques. A manchete do jornal era:


Projeto “Leitura no Sítio” no Triângulo

De acordo com informações da própria idealizadora, Glória Valadares, o “Leitura no Sítio” já está em seu terceiro ano

Então, neste 2020 aconteceria a comemoração dos 15 anos! Mas desde março com as recomendações de distanciamento social não puderam ser realizadas atividades do projeto. Com isso o aniversário ficou adiado…

Eu conheci o projeto muito recentemente e fui a todos os encontros que consegui. Não tem como não se apegar a uma iniciativa tão linda!

As crianças desenvolvem suas leituras na sombra das árvores, sobre as lonas espalhadas pelo chão. Acomodadas, elas passam a escolher livros e, com o acompanhamento de voluntários que integram o grupo, realizam viagens pelos mais distintos lugares imaginados, no mundo dos textos infantis. As atividades fazem parte do projeto “Leitura no Sítio”, que é realizado no segundo sábado de cada mês, no sítio localizado na Estrada do Santo Antônio no bairro Triângulo, inicia às 9 horas, com término ao meio dia.

Além de participar das atividades de leitura propostas pelos organizadores, também são oferecidos para as crianças lanches e entretenimentos. Este ano a bibliotecária Glória Valadares foi premiada pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil por incentivar a leitura de crianças e jovens, través do Projeto.

Ao ler essa chamada da manchete me dá muito orgulho de ter conhecido o projeto e as professoras que fazem ele acontecer. Lutadoras incansáveis na defesa da leitura e do conhecimento. Maravilhosas!

 

Contadores de histórias…

Aproveitando que o tema era leitura… a Revista Nova Escola de novembro de 2006 também tratou do assunto. “A arte dos contadores de histórias” traz a oralidade na disciplina de Língua Portuguesa como uma possibilidade para serem realizadas com alunos das séries iniciais do Ensino Fundamental (eu acrescentaria que ler histórias pode ser também uma atividade até para a graduação e pós, eu mesma fico muito atenta quando um professor abre um livro e conta uma história!).

Dentre as ideias passadas pela professora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Gilka Girardello, para cativar a plateia, destaco duas:

Faça uma seleção de títulos que despertem em você a vontade de passa-los aos alunos. É importante abrir o universo deles para diferentes narrativas, com temas como a vida e a morte, nossa origem e a humanidade, além de mitos.

Antes e depois da narração, conte de onde vem a história: de um livro, de um filme, da mitologia grega ou se aconteceu com alguém conhecido. Assim, a turma fica sabendo também que pode passa-la adiante.

 

Eu da minha parte só posso dizer, leia só, leia em grupo, leia para você, leia para alguém, enfim, leia!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

Voltando...

 

Estou com saudades do meu blog!

Mas não tenho encontrado temas para registrar aqui.

Desta maneira, resolvi pegar leituras de revistas antigas e revisitar a história, deixando aqui registrado esse passeio.


 Começando pela “Aventuras na História”, de maio de 2013, com Maria Bonita e Lampião, que a revista deu dois nomes “Casal 20” e “Bonnie e Clyde do Sertão”. De acordo com a publicação:

Lampião deixou sua marca na história brasileira ao ser o principal nome de uma prática que assolou o Nordeste nas primeiras décadas do século 20: o cangaço.

Mas o que mais me chamou a atenção e mexeu com o coração feminino aqui foi:

Sinhô Pereira, cangaceiro lendário que havia chefiado Lampião, se disse surpreso com a novidade: “Fiquei muito admirado quando soube que Lampião havia consentido que as mulheres ingressassem no cangaço. Eu nunca permiti. Nem permitiria”. Ou seja: mais do que a decisão de Maria Bonita, foi a permissão de Lampião do ingresso da baiana no grupo que mudou o cotidiano no cangaço. “Com a entrada de Maria para o bando, os outros cabras puderam juntar suas mulheres ao grupo”, diz a historiadora Isabel Lustosa, autora de De Olho em Lampião.

[…]

A presença de mulheres exigiu a criação de novas regras para definir o papel delas no bando. Mesmo não participando diretamente nos combates, tinham que aprender a atirar para se defender.

 

Pensar em Maria Bonita me faz lembrar muito uma música:



 

Mulher no cangaço? Maria Bonita provou que podia SIM!

domingo, 7 de junho de 2020

Alfabetização científica


Uma das partes boas do distanciamento social é a possibilidade de ler! Inclusive concluindo algumas daquelas histórias que estavam paradas e aguardando uma chance de serem encerradas.
É o caso do livro “A arte de questionar: A filosofia do dia a dia”, de A. C. Grayling, que devo ter parado lá em 2016. Agora estou com a meta de terminar mais essa leitura. Anthony Clifford Grayling é doutor em Filosofia, tendo nascido no Reino Unido em 3 de abril de 1949. No livro foram reunidos artigos publicados pelo autor em suas colunas no jornal inglês Times e na revista Prospect. Na época, foi justamente uma aquisição para ampliar meu lado questionador, enquanto trabalhadora da área de jornalismo.

Na contracapa, segundo a Booklist:
Diferente de outros filósofos acadêmicos, A. C. Grayling se importa demais com a filosofia para mantê-la em sala de aula. De fato, ao aplicar o hábito filosófico de pensar aos problemas da vida cotidiana, ele abre horizontes significativos.
O meu exemplar é de 2015, mas a obra foi publicada originalmente em 2010. Retomei a leitura justamente no capítulo “Alfabetismo Científico”, que trata da importância dos resultados e dos métodos científicos terem mais aproximação com o público em geral. Ele escreve que a promoção do alfabetismo político “se tornou mais urgente do que nunca”.
A necessidade teria surgido ainda nos anos 1990, pois estatísticas demonstravam que havia uma tendência de declínio neste conhecimento, em pesquisas feitas com estudantes de ensino médio e de levantamento de nível de informação do público em geral. A indicação dele era de que ser alfabetizado cientificamente ajudaria na capacidade de usar esses conhecimentos em proveito da própria saúde, exercícios, dieta, responsabilidade social e quem sabe até na hora da escolha de representantes por meio do voto. E como isso agora nos parece atual! Notadamente depois de que vimos muitas pessoas voltarem a ter doenças antes já com possibilidade de prevenção pela existência das vacinas.

O autor afirma:
Manter-se informado sobre o que está acontecendo nas ciências e na tecnologia deveria ser uma coisa natural para indivíduos atentos, a despeito de sua formação educacional ou ocupação. Não há desculpa para que as pessoas fiquem mal informadas diante de tantas revistas e livros de boa qualidade que tornam o conhecimento científico possível para aqueles que não têm formação nessa área. O engajamento ativo em qualquer ramo da ciência, obviamente, exige especialização, mas o mesmo não acontece para uma apreciação inteligente de relatórios sobre resultados, importância e possíveis aplicações de pesquisa.  

Anotações…
O mais interessante foi que junto ao livro estavam algumas anotações que fiz em uma palestra do jornalista Jorge Duarte. E que me mostram o quanto nós que trabalhamos em assessorias de comunicação de órgãos específicos devemos nos preocupar com o jornalismo científico. Imagino que o encontro tenha ocorrido num evento da Embrapa Rondônia, já que Jorge Duarte faz parte da equipe nacional da Embrapa.
Ele falava que um portal é um canal de mídia com conteúdo. Entre essas ferramentas possíveis de divulgação estavam, além do site, a revista, revista para crianças (públicos específicos), entre outros meios. E depois se perguntava “Como explicar os resultados de sua pesquisa para o público leigo?” Reside aí a nossa principal dificuldade, apresentar para um público mais amplo esses dados. Entretanto, que seja de uma forma a melhorar essa comunicação com todo o país e seus diferentes tipos de público sobre os conhecimentos produzidos pela ciência e inovação da área pública, especialmente.
“Por que divulgar ciência?” Continuava a indagação de Jorge Duarte. “Porque é o público que paga pela ciência”, ele mesmo respondeu à época.
Na pesquisa apresentada por ele, a população brasileira gostava de ciência. Sendo que Ciência e Tecnologia interessavam a 65% dos brasileiros, mais até que esporte, que tinha 62% do interesse nacional. Só que havia um problema, pois 87% dos entrevistados daquela pesquisa não sabiam listar um cientista e 81% não sabia citar uma empresa que fizesse ciência. Jorge Duarte asseverou: era uma “base frágil”, um “desconhecimento científico”, portanto.
“Tem que fazer as pessoas terem interesse em conhecer ciência”! Dizia o jornalista, que é autor de livros da área de comunicação. No exemplo de seu órgão de origem, a Embrapa, ele cita que havia um trabalho para: Comunicar ciência, Popularizar Ciência, e Apoiar e qualificar processos. Enfim, que era (e ainda é!) necessário passar de pescadores e caçadores, o que significa dizer que não dá para esperar que alguém agarre a isca, mas sim descobrir onde estão as pessoas e motivar para que venham!

quinta-feira, 16 de abril de 2020

Concessões

Faz um tempo que não escrevo sobre questões de concursos aqui no blog. Falta de tempo… e agora trabalhando a partir de casa, a falta de tempo continua! Brincadeiras à parte, vamos tentar um tema para hoje. 
Essa pergunta foi aplicada pelo Instituto Federal do Ceará (IFCE) em 2009. Vejamos:

O Capítulo da Comunicação Social da Constituição de 1988 estabeleceu novas normas e diretrizes para a concessão de emissoras de rádio e televisão, anulando os critérios casuísticos utilizados até então, segundo descreve Sérgio Mattos. Isso quer dizer que, hoje:
A) o sistema brasileiro de radiodifusão deixou de ser um serviço público.B) o cancelamento da concessão ou permissão, antes de vencido o prazo de dez anos para emissora de TV e de quinze anos para a emissora de rádio já não depende mais de decisão judicial.C) o ato de outorga ou renovação da concessão de uma emissora passou a depender apenas da aprovação do Congresso Nacional.D) o prazo de dez anos para renovação da concessão de emissora de TV e de quinze anos para emissora de rádio precisa ser revisto tanto pelo Poder Executivo como pelo Congresso Nacional.E) agora, a outorga ou renovação da concessão é prerrogativa do Congresso Nacional e de quem esteja no exercício da Presidência da República.

A resposta da banca é letra “E”.

Observando na Constituição Federal/1988, teremos:

SEÇÃO IIDAS ATRIBUIÇÕES DO CONGRESSO NACIONALArt. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não exigida esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da União, especialmente sobre:XII - apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de emissoras de rádio e televisão;
CAPÍTULO VDA COMUNICAÇÃO SOCIALArt. 223. Compete ao Poder Executivo outorgar e renovar concessão, permissão e autorização para o serviço de radiodifusão sonora e de sons e imagens, observado o princípio da complementaridade dos sistemas privado, público e estatal.


Agora, aproveitando para pensar para além da concessão dita na CF 88, o que está em jogo junto dessas autorizações? Que disputas e combinações fazem tanto os governos eleitos e esses meios de comunicação? Incluindo a atual aproximação de certas emissoras e as ditas "brigas" com outras, quais significados políticos possuem?
Enfim, temas a ficar para nossa reflexão, ver que concessões a mais andam sendo feitas neste mundo político. Nossa finalidade deve ser não consideramos tudo normal, natural, claro e transparente.

terça-feira, 7 de abril de 2020

Receita de Gratidão


Ingredientes:

Uma pandemia de um novo e perigoso vírus

Um distanciamento social

Algumas semanas (ou meses em casa)

Um caderninho para rascunho



Preparo:

Inicialmente pode parecer tudo muito estranho, as primeiras notícias serão de um local bem distante. No decorrer de um ou dois meses o problema começa a se aproximar, sendo que ainda não está no ponto de compreensão. Os relatos de testes positivos e de mortes começam a aumentar, as entidades públicas precisam tomar decisões. Logo chega o ponto do isolamento e distanciamento social.

O distanciamento social é um momento ainda não vivido nesta escala social. Com o decorrer dos dias e das semanas há um aperto no peito e uma vontade de voltar a encontrar as pessoas. É chegado o momento de usar um caderninho de anotações ou de rascunhos para poder se organizar no tempo que ficará recluso pela pandemia.

Nesse espaço de escrita será possível colocar tudo o que desejar. É como um diário, só seu. A recomendação é fazer todo dia no mínimo um agradecimento. Pode ser pelo dom da vida, pelo teto que se tem, pelos avós que moram em outra casa, pelas plantas que cultiva, pelo filho que está protegido, pela presença de Deus no coração, por tudo o que desejar. No final, verá que a novidade mesmo não parecendo boa, traz a oportunidade de gratidão pelas experiências que deixará. Mudará sua rotina, dando a oportunidade de demonstrar a quem divide o mesmo espaço que há humanidade ainda em nós.

domingo, 1 de março de 2020

Para que sonhar?


Sonho é o “que você vê ou escuta enquanto dorme”, resume a Revista Galileu de Outubro de 2019, de onde também vem o título deste post.

O texto da publicação vai discutir o sonho e o quanto ele está associado a consolidar memórias. (Daí eu me ponho a perguntar se estou sonhando pouco para garantir a permanência das minhas memórias, coisas que me andam fugindo tanto ultimamente)

No caso, a reportagem traz a ideia de se tornar “aprendiz de sonhador”, que seriam técnicas para se lembrar dos sonhos, fazendo anotações diárias sobre o que se sonha. Um “caderninho dos sonhos”. E de mentalizar na hora de dormir “eu vou sonhar” para “informar” ao cérebro que se deseja recordar das histórias.

Assim como dormir, sonhar, planejar dias melhores, faz muito bem para nós, resolvi fazer esse exercício de escrita.

Agora, eu mesma estou aqui, organizando sonhos, com a intenção de que março seja um mês muito bom!

segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

O homem e a guerra

Estou terminando a leitura de Homo Deus: Uma breve história do amanhã, de Yuval Noah Harari (Companhia das Letras, 2015), conforme recomendação de uma amiga. Entre as muitas partes que me chamaram a atenção na leitura do denso livro está relacionada à guerra.
Vou fazer um recorte pensando em me lembrar daqui mais um tempo dessas passagens e filosofias da obra.

Durante milhares de anos, quando olhavam para a guerra, as pessoas viam deuses, imperadores, generais e grandes heróis. Mas, nos últimos dois séculos, reis e generais foram empurrados para um lado, e as luzes da ribalta passaram a destacar o soldado comum e suas experiências. 

Isso me deixou em profunda reflexão sobre o como/quanto o ser humano é levado à guerra. A princípio, as massas eram levadas (convencidas ou qualquer palavra que se pareça com isso) por reis, nobres e sacerdotes, conforme explica o autor. Eles eram considerados deuses da guerra pela estratégia que utilizavam para vencer as batalhas. Quem morria, morria. Tinha servida à causa.

Se o soldado está lutando no lado protestante, sua morte é a justa retribuição à rebelião e à heresia. Se está com o exército católico, sua morte é um nobre sacrifício por uma causa justa. 

Sobre Hitler, Harari diz que “não tinha educação formal, nem aptidões profissionais, nem contexto político. Não era um homem de negócios bem-sucedido ou um ativista sindical; não tinha parentes nem amigos em posições elevadas, nem dinheiro digno de menção”. Ah, e o ditador alemão “nem sequer tinha a cidadania alemã. Era um imigrante sem um tostão” e mesmo assim conseguiu apoio do país naquela selva de disputa (e deu no que deu).

Só para constar, lógico que o que Hitler fez foi planejado no âmbito de um partido de extrema direita. No caso, eu considero extrema-extrema-extrema direita mesmo. Nas palavras de Harari, “Auschwitz deveria servir como uma advertência de um vermelho sanguíneo […]”. E não como bandeira a ser novamente hasteada por grupos extremistas brasileiros. Algo que o país precisa se unir é em favor da vida e não na destruição dela.

Mesmo o autor relembrando que “a guerra, embora ainda exista, mata nos tempos atuais uma fração do que matou até o século XX” nós não subestimamos o poder de extermínio que os países possuem. Sigamos unidos e fortes.