Uma das partes boas do distanciamento social é a
possibilidade de ler! Inclusive concluindo algumas daquelas histórias que
estavam paradas e aguardando uma chance de serem encerradas.
É o caso do livro “A arte de questionar: A filosofia do dia
a dia”, de A. C. Grayling, que devo ter parado lá em 2016. Agora estou com a
meta de terminar mais essa leitura. Anthony Clifford Grayling é doutor em
Filosofia, tendo nascido no Reino Unido em 3 de abril de 1949. No livro foram
reunidos artigos publicados pelo autor em suas colunas no jornal inglês Times e
na revista Prospect. Na época, foi justamente uma aquisição para ampliar meu
lado questionador, enquanto trabalhadora da área de jornalismo.
Na contracapa, segundo a Booklist:
Diferente de outros filósofos acadêmicos, A. C. Grayling se importa demais com a filosofia para mantê-la em sala de aula. De fato, ao aplicar o hábito filosófico de pensar aos problemas da vida cotidiana, ele abre horizontes significativos.
O meu exemplar é de 2015, mas a obra foi publicada
originalmente em 2010. Retomei a leitura justamente no capítulo “Alfabetismo
Científico”, que trata da importância dos resultados e dos métodos científicos
terem mais aproximação com o público em geral. Ele escreve que a promoção do
alfabetismo político “se tornou mais urgente do que nunca”.
A necessidade teria surgido ainda nos anos 1990, pois
estatísticas demonstravam que havia uma tendência de declínio neste
conhecimento, em pesquisas feitas com estudantes de ensino médio e de levantamento
de nível de informação do público em geral. A indicação dele era de que ser
alfabetizado cientificamente ajudaria na capacidade de usar esses conhecimentos
em proveito da própria saúde, exercícios, dieta, responsabilidade social e quem
sabe até na hora da escolha de representantes por meio do voto. E como isso
agora nos parece atual! Notadamente depois de que vimos muitas pessoas voltarem
a ter doenças antes já com possibilidade de prevenção pela existência das
vacinas.
O autor afirma:
Manter-se informado sobre o que está acontecendo nas ciências e na tecnologia deveria ser uma coisa natural para indivíduos atentos, a despeito de sua formação educacional ou ocupação. Não há desculpa para que as pessoas fiquem mal informadas diante de tantas revistas e livros de boa qualidade que tornam o conhecimento científico possível para aqueles que não têm formação nessa área. O engajamento ativo em qualquer ramo da ciência, obviamente, exige especialização, mas o mesmo não acontece para uma apreciação inteligente de relatórios sobre resultados, importância e possíveis aplicações de pesquisa.
Anotações…
O mais interessante foi que junto ao livro estavam algumas
anotações que fiz em uma palestra do jornalista Jorge Duarte. E que me mostram
o quanto nós que trabalhamos em assessorias de comunicação de órgãos
específicos devemos nos preocupar com o jornalismo científico. Imagino que o
encontro tenha ocorrido num evento da Embrapa Rondônia, já que Jorge Duarte faz
parte da equipe nacional da Embrapa.
Ele falava que um portal é um canal de mídia com conteúdo. Entre
essas ferramentas possíveis de divulgação estavam, além do site, a revista,
revista para crianças (públicos específicos), entre outros meios. E depois se
perguntava “Como explicar os resultados de sua pesquisa para o público leigo?” Reside
aí a nossa principal dificuldade, apresentar para um público mais amplo esses
dados. Entretanto, que seja de uma forma a melhorar essa comunicação com todo o
país e seus diferentes tipos de público sobre os conhecimentos produzidos pela
ciência e inovação da área pública, especialmente.
“Por que divulgar ciência?” Continuava a indagação de Jorge
Duarte. “Porque é o público que paga pela ciência”, ele mesmo respondeu à
época.
Na pesquisa apresentada por ele, a população brasileira
gostava de ciência. Sendo que Ciência e Tecnologia interessavam a 65% dos
brasileiros, mais até que esporte, que tinha 62% do interesse nacional. Só que
havia um problema, pois 87% dos entrevistados daquela pesquisa não sabiam
listar um cientista e 81% não sabia citar uma empresa que fizesse ciência.
Jorge Duarte asseverou: era uma “base frágil”, um “desconhecimento científico”,
portanto.
“Tem que fazer as pessoas terem interesse em conhecer
ciência”! Dizia o jornalista, que é autor de livros da área de comunicação. No
exemplo de seu órgão de origem, a Embrapa, ele cita que havia um trabalho para:
Comunicar ciência, Popularizar Ciência, e Apoiar e qualificar processos. Enfim,
que era (e ainda é!) necessário passar de pescadores e caçadores, o que
significa dizer que não dá para esperar que alguém agarre a isca, mas sim
descobrir onde estão as pessoas e motivar para que venham!
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