domingo, 10 de outubro de 2010

Revendo a história: Jornal do Brasil


Continuando a partilhar as minhas "Noções de Jornalismo Comparado", encontrei uma boa conexão entre o livro e a passagem neste ano do Jornal do Brasil exclusivamente para a versão on-line.

Visto ter sido exatamente esse veículo que A. Vivaldo de Azevedo escolheu para apresentar o funcionamento de um jornal. Segundo ele, à época que foi escrito, era aquela uma das maiores empresas do ramo no mundo. Fundado em 09 de abril de 1891, o JB fez história no País com a "revolução gráfica e editorial da publicação" nos anos 50. Nisso, o escritor vai explicando como era cada fase de preparação, incluindo a ação das rotativas, atividade de cada editoria e distribuição. Sobre a forma de entrega, vale enfatizar que no seu início o JB inovou com a utilização de carroças, agilizando a chegada dos exemplares até as mãos do leitor.

Na Wikipédia consta que "o Jornal do Brasil é um tradicional jornal brasileiro, publicado diariamente na cidade do Rio de Janeiro" (e que agora só pode ser lido via internet, de forma paga). Além de mostrar que o jornal apoiou o golpe militar de 1964, conforme editorial publicado no dia 1º de abril de 1964: "Desde ontem se instalou no país a verdadeira legalidade... Legalidade que o caudilho não quis preservar, violando-a no que de mais fundamental ela tem: a disciplina e a hierarquia militares. A legalidade está conosco e não com o caudilho aliado dos comunistas".

Por outro lado, Miriam Leitão (O Globo) ao relembrar a história do JB, fala de algumas capas históricas e outras formas que os profissionais de lá utilizavam para driblar a censura. Entre estas, está o dia em que estavam proibidas "fotos no dia da morte do presidente do Chile, Salvador Allende. Então o JB não colocou foto alguma na primeira página, que veio toda só com texto".

Sobre a crise, a Wikipédia remete ao ano de 2001, quando "a família Nascimento Brito arrendou o título do jornal para o empresário Nelson Tanure por 60 anos, renováveis por mais 30. A intenção do empresário, conhecido por comprar empresas pré-falimentares, saneá-las e depois revendê-las, era recuperar o prestígio do jornal. Naquele ano, as vendas do jornal eram de 70 mil em média durante a semana e 105 mil aos domingos. Recuperou-se a partir de 2003, atingindo 100 mil exemplares em 2007, quando então as vendas novamente começaram a cair, chegando a 20.941 em março de 2010.

Mais interessante ainda foi o blog , da jornalista Cristina P. Rodrigues, que trouxe: "Torço para que morram todos os veículos de comunicação patronal, oligárquicos, baseados em uma hierarquia antiga e donos de uma voz consoante com a da elite, que coordena todos os meios de comunicação considerados de massa. Torço pela disputa de poder na internet, pelas redes sociais, pela interatividade, multidirecionalidade da informação, que se produz de forma horizontal. Que, como o JB, caiam todos."

Pude, dessa forma, comparar desde movimentos contra e pró JB. Quem sabe as lições que podemos tirar desse exemplo sejam de um jornalismo mais plural... Que caiam todos sim, mas que quem suba seja o povo!

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