Ao ler a afirmação de Jorge Duarte de que “no período pós-democratização, metade dos repórteres credenciados no Congresso fossem identificados como funcionários da Câmara e do Senado”. Na verdade, o jornalista fazia uma comparação entre a ética da atuação dos jornalistas em decorrência da dupla jornada (jornalismo era atividade complementar), realizada especialmente nas décadas de 60 e 70, quando não havia piso salarial para os jornalistas, e no caso das assessorias de imprensa era a “ditadura” do noticia somente o que eu quero. Mas a pergunta que fiquei me fazendo o quanto ainda há de ligação entre jornalistas e possíveis “chefias”, emprego ou renda, em possíveis fontes de suas notícias?
É certo que isso envolve questões éticas. Na prática, já sabemos dividir essa forma de envolvimento? Tendo em vista que está entre os impedimentos da profissão, de acordo com o Código de Ética dos Jornalistas:
Mas o que pensei mesmo em relacionar com esta postagem foi um estudo que encontrei do Centro de Formação da Câmara dos Deputados. Em monografia apresentada em 2010, Fabyanne Nabofarzan Rodrigues tratou de “A importância da assessoria de imprensa para a representação e qualidade da democracia”. No estudo ela defende que
Por que considerei esse estudo interessante ao analisar a questão da ligação entre fontes e jornalistas? Porque é na política a maior chuva de reclamações que vejo hoje partindo do povo brasileiro. É aqui que a imprensa deve manter mais o foco de sua atenção, porque no parlamento é que se define muito da nossa vida cotidiana. Lugar em que o jornalista deve focar sua atenção para ser o verdadeiro olho da sociedade no trabalho lá desenvolvido. E o trabalho de Fabyanne trata justamente da prestação de contas à sociedade, na chamada accountability, só que por parte das assessorias.
O levantamento mostrou que dos 513 gabinetes, 441 responderam ao questionário feito em 2010. Dos entrevistados, 71 não tinham profissionais atuando especificamente em assessoria de imprensa/comunicação. Enquanto 345 haviam contratado jornalistas e em 25 gabinetes atuavam outros profissionais na comunicação. Da localização das assessorias: 177 mantinham esse profissional somente em seu estado (sua base eleitoral), 63 possuíam assessorias apenas em Brasília e 103 é que abrigavam dois “escritórios”, um em Brasília e outro no Estado de origem.
Aproximando para a Região Norte, uma das que possuem, ao lado do Nordeste, pior tratamento profissional quando a questão é assessoria de imprensa. No Norte do Brasil, foi verificado que 17% dos deputados federais não possuíam nenhuma estrutura que fizesse a ponte mandato-mídia. Comparando com o Centro-Oeste, de fato, a situação é preocupante. Melhor avaliada, lá se tem 81% com atuação de jornalistas, contra 6% que não destinam nenhuma pessoa para esta tarefa. Tanto, que a pesquisadora chega a afirmar que “através da análise destes dados, podemos perceber que a importância que se dá a assessoria de imprensa tende a estar relacionada com o desenvolvimento das regiões brasileiras”. Por outro lado, as assessorias contribuiriam para auxiliar no diálogo com a mídia e chegar ao cidadão-eleitor, “aumentando a accountability e incentivando a participação cidadã. Conceitos imprescindíveis na relação entre o representante e representado, pois a prestação de contas das atividades desenvolvidas no Congresso pode instigar o conhecimento, gerar debate e fazer com que haja maior fiscalização por parte da sociedade”.
Vejamos os números de forma mais próxima aos rondonienses:
Dos sete entrevistados de Rondônia, cinco deputados têm assessoria de imprensa realizado por jornalistas, um possui assessoria mas não era realizado por um profissional formado em jornalismo e um deputado não possuía o serviço de assessoria de imprensa. E dos seis que mantém a assessoria específica em comunicação, três estão estabelecidos apenas em RO, um somente em Brasília e apenas dois mantém a assessoria em Brasília e em Rondônia.
É certo que isso envolve questões éticas. Na prática, já sabemos dividir essa forma de envolvimento? Tendo em vista que está entre os impedimentos da profissão, de acordo com o Código de Ética dos Jornalistas:
Realizar cobertura jornalística para o meio de comunicação em que trabalha sobre organizações públicas, privadas ou não-governamentais, da qual seja assessor, empregado, prestador de serviço ou proprietário, nem utilizar o referido veículo para defender os interesses dessas instituições ou de autoridades a elas relacionadas;
Mas o que pensei mesmo em relacionar com esta postagem foi um estudo que encontrei do Centro de Formação da Câmara dos Deputados. Em monografia apresentada em 2010, Fabyanne Nabofarzan Rodrigues tratou de “A importância da assessoria de imprensa para a representação e qualidade da democracia”. No estudo ela defende que
Um relacionamento saudável, cooperativo e permanente é essencial para a boa imagem do político e contribui de sobremaneira para a consolidação democrática brasileira, instigando o cidadão, a partir do conhecimento adquirido nas mídias, a participar de nosso atual sistema de governo.
Por que considerei esse estudo interessante ao analisar a questão da ligação entre fontes e jornalistas? Porque é na política a maior chuva de reclamações que vejo hoje partindo do povo brasileiro. É aqui que a imprensa deve manter mais o foco de sua atenção, porque no parlamento é que se define muito da nossa vida cotidiana. Lugar em que o jornalista deve focar sua atenção para ser o verdadeiro olho da sociedade no trabalho lá desenvolvido. E o trabalho de Fabyanne trata justamente da prestação de contas à sociedade, na chamada accountability, só que por parte das assessorias.
O levantamento mostrou que dos 513 gabinetes, 441 responderam ao questionário feito em 2010. Dos entrevistados, 71 não tinham profissionais atuando especificamente em assessoria de imprensa/comunicação. Enquanto 345 haviam contratado jornalistas e em 25 gabinetes atuavam outros profissionais na comunicação. Da localização das assessorias: 177 mantinham esse profissional somente em seu estado (sua base eleitoral), 63 possuíam assessorias apenas em Brasília e 103 é que abrigavam dois “escritórios”, um em Brasília e outro no Estado de origem.
Aproximando para a Região Norte, uma das que possuem, ao lado do Nordeste, pior tratamento profissional quando a questão é assessoria de imprensa. No Norte do Brasil, foi verificado que 17% dos deputados federais não possuíam nenhuma estrutura que fizesse a ponte mandato-mídia. Comparando com o Centro-Oeste, de fato, a situação é preocupante. Melhor avaliada, lá se tem 81% com atuação de jornalistas, contra 6% que não destinam nenhuma pessoa para esta tarefa. Tanto, que a pesquisadora chega a afirmar que “através da análise destes dados, podemos perceber que a importância que se dá a assessoria de imprensa tende a estar relacionada com o desenvolvimento das regiões brasileiras”. Por outro lado, as assessorias contribuiriam para auxiliar no diálogo com a mídia e chegar ao cidadão-eleitor, “aumentando a accountability e incentivando a participação cidadã. Conceitos imprescindíveis na relação entre o representante e representado, pois a prestação de contas das atividades desenvolvidas no Congresso pode instigar o conhecimento, gerar debate e fazer com que haja maior fiscalização por parte da sociedade”.
Vejamos os números de forma mais próxima aos rondonienses:
Dos sete entrevistados de Rondônia, cinco deputados têm assessoria de imprensa realizado por jornalistas, um possui assessoria mas não era realizado por um profissional formado em jornalismo e um deputado não possuía o serviço de assessoria de imprensa. E dos seis que mantém a assessoria específica em comunicação, três estão estabelecidos apenas em RO, um somente em Brasília e apenas dois mantém a assessoria em Brasília e em Rondônia.
Seguindo a leitura do livro livro Assessoria de Imprensa e Relacionamento com a Mídia, Jorge Duarte comentou melhor o tema que havia pensado para este post! “No Brasil, principalmente no interior do país, é comum trabalhar ao mesmo tempo em veículo de comunicação e assessoria. A categoria tende a ver problemas éticos quando o jornalista recebe sem trabalhar em um órgão público ou quando atua em uma editoria que possa ter relação com o emprego de assessor, como no caso ocorrido em Brasília quando se descobriu que profissionais da grande imprensa que cobriam o Congresso também eram pagos pelos cofres públicos. Particularmente fora dos veículos mais importantes, o duplo-emprego ainda é comum, fruto de certo grau de condescendência das empresas jornalísticas (que não pagam bem o suficiente para exigir exclusividade) e dos próprios colegas, que tendem a não ver problemas. Existe pouca discussão a respeito do assunto, embora a fidelidade dos jornalistas às normas deontológicas da profissão devesse contrariar os pressupostos de sua atuação paralela ou mesmo exclusiva em empresas de outro ramo que não comunicação de massa”.
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