sábado, 5 de julho de 2014

Assessoria aqui e em Portugal

 “Os assessores tornaram-se efetivo ponto de apoio de repórteres e editores (como um tipo de extensão das redações) ao agirem como intermediários qualificados, estabelecendo aproximação eficiente entre fontes de informação e imprensa. De um lado, auxiliaram os jornalistas, ao fornecer informações confiáveis e facilitar o acesso. Do outro, orientaram fontes na compreensão sobre as características da imprensa, as necessidades e vantagens de um relacionamento transparente. O salto de qualidade ocorre particularmente pela presença de profissionais com experiência em redações e disposição de estimular o diálogo”.
Jorge Duarte

Minhas últimas postagens foram sobre assessoria de imprensa. Nesta, para complementar o assunto, trarei uma comparação com Portugal. O tema me interessou ao ler o capítulo “Assessoria de Imprensa na Europa”, de Ana Viale Murtinho e Jorge Pedro de Sousa, no livro “Assessoria de imprensa e relacionamento com a mídia” (organizado por Jorge Duarte,  4ª edição, 2011). Nele se mostra a diferença existente entre as duas regiões, enquanto nos países europeus a atividade é entendida como um campo de atuação dos relações públicas, aqui é exercida por jornalistas, na maioria das vezes.

Um assessor é considerado um profissional de relações públicas, uma vez que gere as relações de uma entidade com a imprensa e elabora publicações empresariais, entre outras tarefas da assessoria.
A lei portuguesa, por seu turno, reforça a distinção entre jornalismo e jornalistas, por um lado, e assessoria de imprensa, por outro.
(...)
Em Portugal, os jornalistas não podem, assim, exercer ao mesmo tempo a assessoria de imprensa, em razão do conflito de interesses que pode emergir dessa situação.

Os autores mostram que para exercer a função em alguma assessoria, os jornalistas devem suspender temporária ou definitivamente o exercício da profissão, inclusive devolvendo as Carteiras Profissionais aos órgãos de controle para evitar a incompatibilidade de atuação.

Busquei na internet  mais informações e encontrei um trabalho interessante de  Marcela Ribeiro: Assessor de Imprensa e seu Relacionamento com a Mídia, em que a autora traça um “Retrato Comparativo desta Profissão entre Brasil e Portugal e sua relação com a Mídia”. De acordo com o trabalho, há uma grande diferença dos profissionais aptos a desenvolverem a profissão de Assessor de Imprensa entre os dois países.

O Brasil é o único país do mundo onde a profissão de assessor de imprensa está enquadrada dentro de uma das funções exercidas pelos jornalistas, segundo os decretos 972/69 e 83.284/79,que regulamentam a profissão de jornalista. Já em Portugal, como em qualquer outra parte do mundo, a profissão está enquadrada dentro das funções exercidas pelo profissional de Relações Públicas. No Brasil um jornalista pode exercer as duas funções desde que atue com rigor ético. Ou seja, não beneficiando seu assessorado dentro da empresa jornalística para qual atua. Em Portugal o jornalista também pode exercer a função de assessor de imprensa, mas deve cancelar sua licença de jornalista, a qual será liberada quando voltar ao cargo.

Marcela Ribeiro mostra que de acordo com o Estatuto do Jornalista de Portugal, “a profissão de jornalista é incompatível com as funções remuneradas de marketing, relações públicas, assessoria de imprensa e consultoria em comunicação ou imagem, bem como de orientação e execução de estratégias comerciais”.

Considerei muito pertinente registrar essa diferença na profissão exercida aqui no Brasil quando comparada com outras nacionalidades porque isso, de alguma forma, nos faz parar e refletir nossa ética, nossa atuação do dia a dia.



História – Já que estamos falando de Portugal, por que não ver um pouco do histórico da profissão e conhecer o “pai das Relações Públicas em Portugal”: Avellar Soeiro. Em 1960, segundo estudo de Marcela Ribeiro, foi “criado o primeiro cargo de Relações Públicas, assumido por Avellar Soeiro, pioneiro da profissão em Portugal. O Laboratório Nacional de Engenharia Civil foi o primeiro organismo da Administração Pública a perceber a necessidade de um profissional para tratar das relações exteriores”. Mas o primeiro contato de Soeiro com as Relações Públicas ocorreu nos anos 40, quando trabalhava como em uma importante companhia britânica de telecomunicações internacionais e entre as mensagens que transmitia ou recebia, apareceu a sigla P.R.O. (Public Relations Officer ), que anos depois veio a exercer.

Encerro com uma dica de livros do professor Wilson da Costa Bueno, disponível no site da COMTEXTO Comunicação Empresarial.

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