sábado, 4 de fevereiro de 2012

Mais sobre as revistas brasileiras

Depois de ter escrito no mês passado sobre a história das revistas brasileiras, vi que ainda tinha algumas anotações sobre o tema que mereciam vir para o blog. A primeira era sobre Diretrizes, que foi lançada em 1938 pelo jovem paulista Samuel Wainer, sob forma de revista mensal, se transformando depois em jornal semanal. Essa informação consegui no livro do Fernando Morais: “Chatô – O Rei do Brasil” (1995, 2ª Edição, Companhia das Letras). Já a passagem abaixo é de algum concurso púbico:

“A emergência de revistas ilustradas representou a primeira manifestação de produções editoriais baseadas nos pressupostos efetivos da cultura de massa, nos moldes norte-americanos. Entre essas revistas destacou-se O Cruzeiro, uma das pioneiras do gênero, que começou a ser publicada no final da década de 20, pelos Diários Associados de Assis Chateaubriand”.

Lançada em 10 de dezembro de 1928, nas bancas de Belém a Porto Alegre, “quase metade das suas 64 páginas estava repleta de anúncios”. Seus 50 mil exemplares impressos na primeira edição mostravam um produto pensado para alcançar o Brasil inteiro e ampliar a rede de Chateaubriand em direção ao Sul, logo se firmando como a grande revista nacional.

Segundo o livro de Fernando Morais, por 500 contos de réis Chateaubriand assumiria a direção da Empresa Gráfica Cruzeiro S.A. Daí colocando em andamento o projeto iniciado pelo jornalista português Carlos Malheiros Dias. Diga-se de passagem que não era tão alto este valor, mas de qualquer forma Chatô não tinha a grana, aliás, “nunca tinha dinheiro nenhum. Tinha prestígio”. E foi Getúlio Vargas quem fez a “mediação” com o dono do Banco da Província (que depois foi nomeado presidente do Banco do Brasil), Antônio Mostardeiro.

Do declínio do periódico, Fernando Morais escreve que “até a fatalidade parecia contribuir para o incêndio: nos primeiros dias de 1962, suicida-se o humorista e cartunista Péricles de Andrade Maranhão, criador de ‘O Amigo da Onça’, uma das seções de maior sucesso de O Cruzeiro. Poucos dias depois as vacas magras pareciam chegar aos diários”.

Quer saber um pouco mais sobre O Cruzeiro, encontrei um resumo neste link, de onde também partilhei a foto de capa da revista de lançamento para ilustrar essa postagem de hoje.

Para encerrar, resolva essa questão do MPU/2007 baseada em uma imagem/matéria da Revista O Cruzeiro:

Jean Manzon convenceu o deputado Barreto Pinto a posar de cueca para O Cruzeiro em 1946. Sua Excelência ficou também sem o mandato.

Fonte: ENC 2003 / MEC / INEP / DAES (2006).

Jornalista obscuro que fizera carreira política, Barreto Pinto era dono de um rendoso cartório quando se elegeu deputado federal pelo PTB do Distrito Federal em 1945 (foi de sua autoria a emenda que propôs a cassação do registro do Partido Comunista). A pretexto de escrever sua biografia, Nasser e Manzon conseguiram convencê-lo a posar para uma fotografia (publicada em página inteira), vestindo apenas casaca e cuecas. O escândalo ocasionado pela foto redundou em um processo na Câmara Federal que terminaria, pela primeira vez na história do Brasil, com a cassação de um mandato por quebra de decoro parlamentar.

(Fonte: Moraes, Fernando. Chatô, o rei do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1994, p. 473).

Os trechos grifados na citação sugerem três princípios éticos importantes no jornalismo, de acordo com os quais seriam desaprovados os métodos empregados pela dupla, assim como o enfoque dado ao tema. Identifique esses três princípios.

a) é dever do jornalista opor-se ao arbítrio, ao autoritarismo e à opressão; o jornalista deve permitir o direito de resposta às pessoas envolvidas ou mencionadas em sua matéria, quando ficar demonstrada a existência de equívocos ou incorreções; o jornalista deve ouvir sempre, antes da divulgação dos fatos, todas as pessoas objeto de acusações não comprovadas, feitas por terceiros e não suficientemente demonstradas ou verificadas.

b) a divulgação de informação é dever dos meios de comunicação; a informação divulgada pelos meios de comunicação pública terá por finalidade o interesse social e coletivo; o acesso à informação pública é um direito inerente à condição de vida em sociedade, que não pode ser impedido por nenhum tipo de interesse.

c) sempre que considerar correto e necessário, o jornalista resguardará a origem e identidade das suas fontes de informação; é dever do jornalista divulgar todos os fatos que sejam de interesse público; é dever do jornalista combater e denunciar todas as formas de corrupção, em especial quando exercida com o objetivo de controlar a informação.

d) é dever do jornalista defender o livre exercício da profissão; em todos os seus direitos e responsabilidades o jornalista terá apoio e respaldo das entidades representativas da categoria.

e) o compromisso fundamental do jornalista é com a verdade dos fatos; respeitar o direito à privacidade do cidadão; o jornalista é responsável por toda a informação que divulga.

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