Afinal, concordo com o historiador Guilherme Scalzilli, na página ao lado da mesma revista: “O mito da imparcialidade total serve à propaganda enganosa” (em “A ira da mídia vilã”).

Aproveitando o espaço de meu blog, revolvi deixar um pouco da mensagem de Evangelista registrado aqui também.
“Era sempre muito inquietante perceber que as notícias do dia – em muitíssimos casos – não correspondiam aos fatos que eu havia presenciado na véspera”. É uma das críticas que o autor faz aos problemas de distorção dos fatos, ao controle da informação, à autocensura e à falta de democracia que o mundo vive e que ele viu acontecer no cotidiano da profissão.
“Ao cobrir um confronto armado, por exemplo, o ideal seria estar em todos os fronts, ouvindo todas as versões, como se aprende na primeira lição de jornalismo na universidade”, nos ensina o jornalista e mestre pela Universidade de Coimbra/Portugal.
“Além de ter posição e deixar isso claro ao leitor, o jornalismo em que acredito deve saber costurar fios de uma história, descrevê-la da forma mais objetiva possível e contextualizá-la. Por que quando se fala sobre o MST se omitem dados importantes para entender a questão da luta pela terra?”
Dentro das assessorias de comunicação talvez nossas preocupações profissionais sejam outras, mas sempre vale a pena reforçar convicções e se perguntar se os versos do poeta servem também para nossa profissão: tudo vale a pena se a alma não é pequena?
“Ainda assim, vale a pena ser jornalista? Vale se tivermos ânimo para ultrapassar as fronteiras bloqueadas pela censura, pela ignorância, pela mentira. Vale se tivermos os olhos bem atentos, para ver o delicado, o diferente, o invisível. É preciso coragem para se comprometer, para dizer o que se vê e o que se sente, sem medos nem manuais. Só vale a pena ser jornalista se for – como cantou Torquato Neto – para “desafinar o coro dos contentes”.
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