quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Imagem e mensagem

Nas últimas duas postagens deste blog falei sobre as mensagens que podem estar implícitas em um texto.  Agora tentarei mostrar como isso ocorre com as imagens, pois todos os dias estamos expostos a uma diversas delas, sejam divulgadas pelas TVs, impressos ou internet em forma de fotografias, charges, vídeos e outros. Precisamos sempre fazer uma leitura crítica do que nos chega, com atenção, criatividade e estudo.

"Um livro aberto é um cérebro que fala; 
Fechado, um amigo que espera; 
Esquecido, uma alma que perdoa; 
Destruido, um coração que chora"
(Voltaire)

Lendo o livro Vídeo da Emoção à Razão, da SEPAC (Serviço à Pastoral da Comunicação), Editora Paulinas – 2007, encontrei a seguinte afirmação:

“Embora não seja difícil operar a câmera e cuidar da gravação, é importante lembrar que cada vez que ela for apontada para uma pessoa, um fato, um cenário, esse gesto traduz um olhar, uma visão sobre aquilo que é gravado. Além disso, esse apontar a câmera delimita um espaço de observação, um ponto de vista para o espectador. Captar imagens é um processo ideológico, portanto”.


Conforme estudei na aula de Psicologia, da professora Eunice Helena, o comunicador é um agente de informação, sensibilização e persuasão. Sendo a persuasão a capacidade de fazer alguém agir, usando algum  tipo de comunicação. A persuasão (apela para a vontade e para as emoções) é diferente do convencimento (apela para a razão e para a inteligência).

É isso que ocorre também no audiovisual. Quem está recebendo a mensagem pode ser persuadido e/ou convencido daquela realidade, porque está acompanhando o “olhar” da câmera e de quem a opera/dirige e é quem escolhe os seguintes elementos: “o trabalho de câmera, a decisão do que permanece dentro ou fora do quadro, a própria posição da câmera em cena (que é o ponto de vista escolhido pelo diretor), a profundidade da cena, a iluminação, a direção dos atores, a edição, a organização de ruídos, a utilização da música, entre outros”.

“Um determinado enquadramento traduz um julgamento sobre o que é representado, ao valorizá-lo, ao desvalorizá-lo ao atrair a atenção para um detalhe ou outro”. 

Também existe a chamada mensagem subliminar, que o site Brasil Escola explica ser  “aquela que trabalha com o subconsciente das pessoas”, e consiste, por exemplo, em trazer dentro de uma projeção de cinema “discretamente” frases como “beba …” ou “coma pipoca”.

“No Brasil, não existe nenhuma lei que proíba de forma direta qualquer tipo de propaganda subliminar, no entanto, a legislação acredita que a propaganda subliminar fere o que diz o artigo 20 do Código de Ética dos Publicitários, onde diz que todas as mensagens devem ser ostensivas e assumidas (explícitas)”.

Já que cheguei ao fim deste texto falando de publicidade, vou fechar o assunto de hoje com uma questão que caiu no concurso público do TRT do Mato Grosso no ano passado e que fala do acordo com o Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária: “no anúncio, todas as descrições, alegações e comparações que se relacionem com fatos e dados objetivos devem ser comprobatórias, cabendo aos anunciantes e agências fornecer as comprovações, quando solicitadas”.

domingo, 19 de agosto de 2012

Viés e comunicação


Em outras das minhas postagens disse não acreditar na neutralidade do que a imprensa divulga. Volto ao tema porque encontrei na lição de Platão e Fiorin (Para entender o texto) a noção de viés.

“Todo relato, já na escolha dos fatos relatados, já nos pormenores omitidos ou enfatizados, intencionalmente ou não, traz o viés do julgamento do produtor do texto, que pode influenciar a opinião do leitor desatento”.

Em outro capítulo do livro, os autores acrescentam que:

“Sabemos que nenhum texto é um evento isolado. Ele se insere num momento histórico e é marcado pelas condições desse momento. As condições de produção textual imprimem nele suas marcas.”

Sempre é bom ressaltar que de acordo com nosso código de ética “a divulgação da informação precisa e correta é dever dos meios de comunicação e deve ser cumprida independente da linha política de seus proprietários e/ou diretores ou da natureza econômica de suas empresas”.

Mas, então, por que não há neutralidade? Porque a simples seleção de fatos, de enquadramentos, de formatos, entre outros, é uma escolha e como tal está rodeada de subjetividades.

“Mesmo relatando dados objetivos, o produtor do texto pode ser tendencioso e ele, mesmo sem estar mentindo, insinua seu julgamento pessoal pela seleção dos fatos que está reproduzindo ou pelo destaque maior que confere a certos pormenores. A essa escolha dos fatos e à ênfase atribuída a certos tipos de pormenores dá-se o nome de viés”.

Ao adotar certo viés, coloca-se em evidência certas qualidades e/ou defeitos, sem necessariamente mentir. Porém, levando o leitor a acreditar naquilo que foi dito.

Eleições 2012 - Estamos novamente em período eleitoral, portanto, esta passagem dos autores é interessante para acompanharmos o trabalho da imprensa e sabermos se utilizam a prática do viés:

“Se o jornalista põe em destaque que um certo candidato não acredita em Deus; liberaria o uso da maconha se eleito; gastou boa parte do seu tempo em pesquisas teóricas e teve pouco contato com a prática, isso tudo pode ser verdade e concorre para desmerecer o candidato diante da maioria dos eleitores”.

“Se, por outro lado, o jornalista revelasse que esse mesmo candidato mantém ótimas relações com os religiosos e os respeita profundamente; é contrário ao uso das drogas, mas acha que não é pela proibição legal que devemos combatê-las; lecionou em universidade de renome internacional e desenvolveu pesquisas no campo da sociologia, da economia e da política, isso também é verdade e apresenta o contraponto do relato anterior.”

Ainda segundo os autores, “o relato manipulado pelo escritor pode levar o leitor a tirar deduções positivas ou negativas sobre o que leu”. Diante dessas possibilidades, eles afirmam que

“Essa verificação destrói a ilusão da imparcialidade: sempre que relatamos algo, nosso julgamento está distorcendo ou enviesando a realidade. Até os jornais que alardeiam imparcialidade, isenção ou neutralidade não conseguem atingir totalmente suas intenções, já que, mesmo sendo verdadeiros, interferem na mensagem de algum modo. É possível, com cuidado e reta intenção, conseguir uma boa dose de imparcialidade, tentando reproduzir tanto os dados favoráveis quanto os desfavoráveis de uma realidade qualquer. Mesmo nesse caso, nunca podemos assegurar a total neutralidade.”

Bom, nosso papel como cidadãos é permanecer em estado de alerta. Agora para encerrar, achei interessante propor o exercício do livro a vocês, assim poderão na prática entender as possibilidades de viés.

PROPOSTA DE REDAÇÃO

“Suponha que você tenha sido solicitado a fazer uma reportagem de um banquete oferecido pelo prefeito da cidade às personalidades locais.

a) Sem se declarar abertamente contrário a tudo o que você presenciou, procure relatar pormenores que sirvam para ridicularizar a figura do prefeito e de seus convidados.

b) Ainda sem se dizer abertamente entusiasmado com o que presenciou, selecione pormenores que sirvam para enaltecer a figura do prefeito e de seus convidados.

sábado, 18 de agosto de 2012

Implícito?


Trabalhadores rurais pedem  justiça no campo

Ao ler uma manchete assim você diria que existe ou não justiça no campo? Não que todo o texto jornalístico seja composto por dupla interpretação, mas devemos ficar atentos ao que uma publicação realmente que passar ao leitor.

De acordo com o livro Para Entender o Texto, de Platão & Fiorin, é necessário ser perspicaz e ler as entrelinhas:

“Um dos aspectos mais intrigantes da leitura de um texto é a verificação de que ele pode dizer coisas que parece não estar dizendo: além das informações explicitamente enunciadas, existem outras que ficam subentendidas ou pressupostas. Para realizar uma leitura eficiente, o leitor deve captar tanto os dados explícitos quanto os implícitos”.

Muitas vezes o que está implícito é apenas questão de separá-lo do entendimento explícito, conforme estudamos em aulas de português sobre o tema pressupostos. Um exemplo dado pelo livro é “quando se diz 'O tempo continua chuvoso', comunica-se de maneira explícita que no momento da fala o tempo é de chuva, mas, ao mesmo tempo, o verbo 'continuar' deixa perceber a informação implícita de que antes o tempo já estava chuvoso”.


Para que haja coerência é necessário que o pressuposto seja verdadeiro/aceito, para que aí sim sejam feitos argumentos favoráveis ou contrários. “A aceitação do pressuposto é que permite levar à frente o debate”, caso contrário, “qualquer argumento entre os citados não teria nenhuma razão de ser. Isso quer dizer que, com pressupostos distintos, não é possível diálogo ou não tem sentido algum”.

Sempre me lembro de alguns textos/imagens da época da ditadura que traziam – hoje revelados de forma hoje mais “explícita” - a denúncia contra o regime de exceção implantado no Brasil. E que podem ser encontrados em periódicos ou mesmo nas músicas daquela época. Um delas está na letra de Roberto Carlos: “Debaixo dos caracóis dos seus cabelos”. A composição era solidária a Caetano Veloso, pois este havia sido exilado em Londres, depois de ser deportado em 1969 pela Ditadura Militar. Sem citar o nome do amigo, muito menos deixar de lado o romantismo de suas canções, o Rei fez um protesto solidário, enfatizando características pessoais de Caetano (cabelos logos e encaracolados) e coisas da qual ele estava distante, como o mar da Bahia.

Leia a letra completa e escute a interpretação de Caetano da música clicando AQUI.

Para encerrar, a melhor indicação que posso deixar é: A vida é um oceano onde sempre navegamos na superfície (Leonardo da Vinci), portanto, vale a pena na vida e nas nossas leituras, nos aprofundarmos um pouco mais!

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Compartilhando a nota do SINDJOR-MS

"É com grande pesar e consternação que o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Mato Grosso do Sul comunica o falecimento da jornalista Margarida Gomes Marques, a primeira mulher a ocupar a presidência desta Instituição. Enquanto integrante do Sindicato, uma de suas lutas foi pela criação do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Margarida Marques deixa sua marca na história do Jornalismo do Estado. O SindJor-MS se solidariza aos familiares e amigos neste momento de tristeza".

 SINDJOR-MS

 Em homenagem à companheira Margarida Marques, fica o vídeo em que ela falou dos 20 anos do curso da UFMS, comemorados em 2009. Ambos fazem parte da minha história, ou eu na deles em alguma pequena passagem, sei lá.


 


 Margarida Marques partiu em 17 de agosto de 2012, mas continuará sempre presente!

sábado, 11 de agosto de 2012

Entendendo o que é marca


Comecei a ler a Revista Top of Mind/O Estadão do Norte, aqui de Rondônia, e me interessei em buscar mais informações sobre o tema marca. A publicação divulgou as empresas/marcas mais lembradas espontaneamente em 2011, em vários ramos comerciais, em Porto Velho.

“Marca não é um ativo inatingível. Ela se materializa em bens, em serviços e fica clara a sua contribuição para a empresa quando se olha o resultado financeiro ao longo dos anos”. (Bruno Mello – Revista Mundo do Marketing)

Às vezes fico tentando mensurar o valor da marca Coca-Cola, imaginando que caso coloquem o rótulo dela em outro refrigerante, ainda sim muita gente consumiria, isso em função de ver sua logo estampada no frasco. Só para se ter uma ideia, em pesquisa divulgada neste ano, a marca Coca-Cola  vale mais de US$ 70 bilhões.

Para o administrador de empresas José Roberto Martins, “uma marca é um produto ou serviço ao qual foram dados uma identidade, um nome e adicional de uma imagem de marca. A imagem é desenvolvida pela propaganda ou em todas as outras comunicações associadas ao produto, incluindo a sua embalagem”.

Entre as empresas brasileiras, a Petrobras é o destaque, figurando como a  75ª mais valiosa do mundo,  chegando a US$ 10,5 bilhões.

A pesquisa que mostra o desemprenho das marcas está disponível no site Folha.UOL. E para você, qual a marca de maior valor atualmente?


sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Verdade e Mídia


Como o tempo passa. Faz quatro meses que participei do I Seminário de Comunicação Pública “A verdade com mídia”, organizado pelo Governo de Rondônia. O evento aconteceu em 16 de abril e trouxe, entre outros, Jorge Duarte a Porto Velho.

Como guardei algumas anotações escritas, melhor passá-las para este meu arquivo virtual, pois este é um mês de limpeza e mudança.

Segundo Fred Perillo do Decom/RO, a comunicação de governo não é apenas sinônimo de publicidade. Ela é mais visível e mais abrangente. “Estamos buscando abrir um diálogo de comunicação de mão dupla”, explica o assessor. “Envolve também a ouvidoria, que tem que ter atuação muito próxima da comunicação”.

Durante o seminário, foi apresentada a primeira edição do Jornal Olha Aí, “não é carrancudo, tem a cara da comunidade, com utilidade pública e conteúdo relevante”, mostra Perillo. Quem também fez esteve presente no evento e comentou o lançamento do boletim impresso foi o Governador Confúcio Moura: “Normalmente se pensa que gastar dinheiro com mídia é desperdício. Comunicação deve ser obrigatória, é preceito constitucional”.

Para o Governador comunicação interna é essencial, “comunicação não é só o que sai nos jornais, comunicação é o que está nas pessoas. Um servidor bem informado levará para a sociedade, fará a defesa do governo, poderá ajudar. Como queremos transmitir para o povo se nem os nossos sabem? E tem muita coisa nova para divulgar”.

Nacionalmente, o governo brasileiro possui a Secom, que tem sob sua responsabilidade 265 órgãos e entidades do executivo (ministérios, agências, governos, universidades, entre outros). Apresentando o Núcleo de Comunicação Pública, da Secom/Presidência da República, Jorge Duarte explica que foi criado há cinco anos, é único no Brasil, sendo que se formos ver bem, a comunicação de governo também é muito jovem no Brasil, começando na verdade em 1988. O Núcleo segue o pressuposto de que “todo cidadão tem direito de acesso, informação e participação, bases para sua inserção na sociedade e exercício da cidadania”. Seus princípios são imprensa livre, comunicação integrada, perspectiva do cidadão, muitas imprensas/todas importantes, critérios de regionalização e técnica, transparência, institucionalização, profissionalização e fluidez.

Conforme lembra Duarte, 60% de todos os problemas administrativos resultam da ineficiência da comunicação. E o exemplo que ele fornece é o de que 83% dos funcionários do governo não se preocupam com o que a população vai pensar. Em contrapartida, é importante que cada integrante saiba o que está acontecendo, conheça as políticas públicas para poder explicá-las.

Falando especificamente de assessoria de imprensa, ele recorre a Luis Nassif para dizer que de maneira geral os jornalistas não são preparados para outra coisa que não o jornalismo. “Quem é bom com martelo acha que tudo é prego”, diz citando Maslow.

“Terceirizar a comunicação é deixar para a imprensa informar às pessoas sobre o que estamos fazendo”, alerta Duarte. Por isso é necessário tentar atingir diretamente as pessoas, com boletins, sites, mídias sociais e outros canais próprios, além de pensar a comunicação como algo integrado e não pontual. “Dar acesso é o grande desafio”, comentava ele sobre a Lei de Acesso à Informação, que passou a valer em maio deste ano.

Uma dica de construção de texto que Duarte passa é que no lide o destaque deve ser o cidadão, não o governo.

domingo, 5 de agosto de 2012

Projetos e Pitching

Sabe aquelas manhãs que acordamos com uma ideia na cabeça (só falta uma câmera na mão!!!!!), pois é. Está sendo assim nos últimos dias. Foi daí que descobri a palavra pitching, alguém a conhece?

Navegando pela internet vi que a TV Cultura havia lançado pitching para produção independente... Justamente ter uma ideia e conseguir “vende-la” é a interpretação dessa expressão. Segundo o desenvolvedor web Alfred Reinold Baudisch, pitching é o “ato de convencer os outros a fazerem algo com sua ideia, principalmente em termos de um novo negócio / site / startup, ou melhor, adquirir investidores e financiadores para sua nova ideia-que-será-o-próximo-Google. Mas, não para por aí, você pode usar técnicas de Pitching para qualquer situação: convencer um editor a publicar o seu livro, entrevistas de emprego, um artigo, etc. Pitching pode ser definido como: um jeito efetivo e rápido de convencer as pessoas de que sua ideia é sensacional”.

No caso da TV Cultura, havia espaço (as inscrições encerraram dia 1º de agosto) para “projetos de animação, ficção, documentários e séries para a TV Cultura e também para o canal infantil fechado TV Rá-Tim-Bum. Entre os temas de maior interesse para o canal estão humor, programas para a faixa jovem, programas musicais de todos os gêneros e principalmente animação, já que a faixa infantil ocupa 65% da programação da TV Cultura”.

Outro canal que fez concurso para produção independente foi a EBC/TV Brasil, com o projeto Nova África. O resultado está neste endereço: http://www.tvbrasil.org.br/pitching/

Bom, o jeito é continuar sonhando e planejando para conseguir emplacar uma ideia neste mundo televisivo... a esperar pra ver o que é que será.