segunda-feira, 30 de abril de 2012

O público que se dane

A frase “the public be damned” é atribuída ao empresário norte-americano William Henry Vanderbildt como resposta a jornalistas. Hoje a regra geral é que o público passou a ser muitas vezes central, sendo importante atender à imprensa, pois a opinião pública merece respeito.

Nesta atividade de assessoria de imprensa ou de relações públicas é que trabalho atualmente. Interessa-me sempre estudar e estar atualizada sobre o tema. Com isso, aceitei a dica de uma amiga jornalista de ler a “bíblia” da área, como bem frisou ela, o livro organizado por Jorge Duarte – Assessoria de Imprensa e Relacionamento com a Mídia. Peguei emprestado com o Ernani Baracho, companheiro de trabalho, a quem agradeço (vou te devolver, tá!?!). “A boa atuação de uma assessoria aumenta a visibilidade pública da organização e pode trazer efeitos mercadológicos e políticos predeterminados”, esclarece Duarte.

De acordo com Manuel Carlos Chaparro, “o jornalismo tornou-se, pois, espaço de socialização de discursos particulares, para os confrontos da atualidade, em todos os campos da atividade humana organizados sob a lógica da competição”.

É neste contexto que atuamos hoje, mais de cem anos depois da criação da atividade por Ive Lee, ou seja, nos mantemos ligados ao princípio de que devemos divulgar “informações corretas, de interesse e importância para o público, sobre empresas, evitando assim denúncias”. Eu até complementaria que nossa atuação não evita as denúncias, mas oferece respostas a elas e mostra quais providências estão sendo tomadas pela administração para contorná-las.

Nosso trabalho é com a verdade dos fatos, gosto sempre de recordar essa parte da carta de princípios divulgada por Lee, “este não é um serviço de imprensa secreto”.

Afinal, a informação deve conter um valor público. E isso é tão apropriado ao trabalho de qualquer jornalista, que um levantamento feito pelo Sindicato em 1985 mostra que um terço dos profissionais atuava com carteira assinada fora das redações, o que não deve ser diferente nos dias atuais.

Para Cintia da Silva Carvalho, em “Relações Públicas - História, Teorias e Estratégias nas Organizações Contemporâneas”, explica que “qualquer processo de tomada de decisão que envolva relacionamentos interpessoal, grupos de influência que tratam de interesses da comunidade, responde pela iminência de situações conflitantes. Existem conflitos e crises porque há diferenças em vários níveis. O desafio é encontrar os mecanismos que facilitem resolvê-los democrática, e não autoritariamente.”  

Encerro com Luiz Amaral, que cita o historiador Eric Goldmam no livro Assessoria de Imprensa e Relacionamento com a Mídia, mostrando a evolução da sociedade a partir do trabalho de relações públicas, a atitude passou de “o público que se dane” ou “o público que seja enganado” (passagem do século XIX) para “que o público seja informado” (na virada do século) e para “o público seja compreendido” (no pós-guerra).

domingo, 29 de abril de 2012

ASCOM/IFRO adotou a escrita Câmpus para o plural e singular

Alguns questionamentos estão chegando à ASCOM (Assessoria de Comunicação e Eventos) do Instituto Federal de Rondônia quanto ao uso da palavra “Câmpus”. A grafia, adotada no segundo semestre de 2012 pelo Ministério da Educação, está sendo utilizada em campanhas sobre a expansão da Rede Federal de Educação Tecnológica e matérias divulgadas pela assessoria nacional. Já entre os impressos, utilizam o termo os jornais Correio Braziliense (Brasília) e o Estadão (São Paulo), por exemplo.

Em nota publicada pelo MEC, campus ou câmpus é um nome masculino, que significa ‘campo’, ‘plano’, ‘terreno’, compreendendo o terreno e edifícios de uma universidade ou outra escola. A professora da Universidade de Brasília (UnB), Enilde Faulstich, define que em português, o uso do termo câmpus para o singular e para o plural está perfeitamente de acordo com a gramática moderna, porque “a palavra já está incorporada ao vernáculo; o acento (circunflexo) em câmpus está no mesmo paradigma de outras palavras terminadas em –us; no plural, câmpus mantém o mesmo modelo de vírus, bônus, cítrus/citros etc”.

No IFRO, a opção feita entre utilizar “Câmpus” ou “Campi” para o plural em sua linha editorial serviu para facilitar o uso pela comunidade em geral, uma vez que a utilização clássica (Campus para o singular e Campi para o plural) sempre causou confusão na fala. A nova grafia ficou mais evidente após a publicação da Revista Comemorativa “InterCâmpus”, que foi escolhida em função da sonoridade mais abrangente, e com a visão de integração entre todas as unidades que hoje compõem o Instituto Federal em Rondônia.

A Revista está disponível para download AQUI.

Texto publicado originalmente no site www.ifro.edu.br

sábado, 21 de abril de 2012

Escrever é questão de poder

Li outro dia que saber escrever significa estar apto a manejar uma ferramenta de poder.

Então... Se você me lê neste momento, então, estou de alguma maneira detendo poder. Aqui, neste caso, em temas de comunicação. Não quero com isso dizer que somente faço registros corretos. Longe disso, mas ter esse contato pela internet é (se pensarmos bem) fabuloso!

Talvez, com mais alguns avanços (e não retrocessos, como o ECAD que quer cobrar direitos autorais dos blogueiros, conforme matéria do Brasil de Fato http://www.brasildefato.com.br/node/9014) poderemos mudar a máxima de Walter Benjamin de que a história é escrita pelos vencedores, nunca pelos vencidos. É a oportunidade de conhecermos também o outro lado, indico que pessoas tenham blogs, twitters e produzam conteúdo próprio.

Um contraponto que podemos fazer é com o filme “O nome da Rosa”, baseado na obra de Humberto Eco, em que o acesso ao conhecimento é restrito a alguns membros da igreja, contendo temas proibidos até pro seleto grupo que trabalha na biblioteca. Apesar de ser uma produção antiga, a exemplo do meu antigo professor de Comunicação Comparada, Jorge Ijuim, indico que os jornalistas que ainda não assistiram, o façam (ele assistiu com minha turma de jornalismo na UFMS). As palavras chaves no filme são investigação, falácia...

Ah! Se chegou até o fim deste texto, aproveite e deixe alguma contribuição neste suporte de memórias e estudos, assim também estará contribuindo com a escrita da história dos blogs neste ano de 2012. 

domingo, 15 de abril de 2012

Alberto Dines e o jornalismo

“Alberto Dines, “O papel do jornal”, descreve o jornalismo de ‘gabinete’, acomodado e preso a releases e notas oficiais. Para evitar isso, ele sugere: jornalismo investigativo, depoimento pessoal e jornalismo interpretativo.”

A questão foi tirada de um concurso na área de comunicação. E serve para ilustrar o quanto considero importante o papel deste profissional para que a imprensa brasileira seja mais ética, crítica e cumprindo seu dever de bem informar. Trabalho em assessoria de comunicação, mas não defendo que o jornalista deve ficar preso aos textos enviados, que são apenas sugestões de pauta. Eles são o início de novas abordagens. Muitas sugestões nem serão aproveitadas, porque também existem diversas matérias de interesse público que podem ser feitas todos os dias.

Eu imagino que realmente devem chegar às redações diversos releases, mas imaginem quando não se tinha tanto acesso a informação assim, a seleção de fatos realmente era mais “limitada”.

Voltando ao Alberto Dines, neste ano ele chegou aos 80 anos de vida, 60 dedicados ao jornalismo. No seu currículo consta a criação do Observatório da Imprensa, que analisa criticamente o que vem sendo produzido em TVs, rádios e impressos.



Podia ir buscar diversos exemplos atuais, mas faz algum tempo havia selecionado um depoimento de quem conviveu com o jornalista na época áurea do Jornal do Brasil, na segunda metade da década de 60 – José Maria Mayrink, no livro “3x30 – Os bastidores da imprensa brasileira” (Editora Best Seller, 1992):


Para entender um pouco da relação dele com o Jornal do Brasil, leia o texto sobre sua demissão em 2004, num outro período que este no diário.

Quer saber mais sobre Dines, acesse os textos de Ricardo Kotscho e de Isabel Lustosa no site do Observatório.

domingo, 8 de abril de 2012

O Facencontro de Porto Velho


Participei no dia 20 de março do 1º Facencontro de Comunicadores do Brasil aqui em Porto Velho (RO). O tema era "As Mídias Sociais como Ferramenta de Mobilização" e segundo a organização o principal objetivo foi discutir a influência das mídias sociais, em especial o Facebook, na mobilização social no Brasil. Um exemplo levado foi a campanha de ajuda aos atingidos pelas enchentes no Estado do Acre.

A principal sensação que saí de lá é de que realmente as mídias sociais se parecem com a sociedade em que está inserida. Um dos questionamentos pelos palestrantes foi se a indignação vai ficar somente nas redes sociais, não vai para as ruas? Como sempre, chegamos à conclusão de que a consciência política virá por meio da educação. Assim, como acontece todos os dias, nos mais diversos assuntos e problemas enfrentados em todas as regiões.

Na minha avaliação, atualmente o Facebook é uma ferramenta que cada vez mais será utilizada para troca de informações, mas a mobilização social como um todo sempre é mais complexa. Quanto movimento já foi organizado e às vezes consegue reunir mais, às vezes menos pessoas. Dependerá do assunto, do momento político, do envolvimento emocional e de uma série incontável de situações.

Mas a ação de se reunir, em um encontro com comunicadores, já é uma forma de trabalhar a utilização deste meio, porque em nossa profissão é preciso saber como se posicionar, ser protagonista e ao mesmo tempo “selecionadores” de toda a informação que é transportada todos os dias pelas redes. Cada pessoa e cada profissional têm interesses próprios, não seria diferente com a comunicação.

Segundo Ivonete Gomes, editora do site Rondônia Agora, o “jornalista que não respeitar a opinião de quem está do outro lado vai se tornar irrelevante. Nosso papel vai ser de apurar, pois não somos mais donos da informação”. Por isso, é preciso passar a notícia com credibilidade, com apuração dos fatos.

Andréa Zílio, jornalista e atual Secretária Adjunta de Comunicação do Estado do Acre, participou via skype. Ela explicou que trabalha há um certo tempo com as redes sociais e as tecnologias em geral, pois sempre buscou muito a comunicação. Para ela, em assessoria de comunicação, o jornalista precisa ver até onde e de que maneira deve-se utilizar os canais institucionais. “Sua imagem está de alguma maneira ligada a quem você assessora”, lembra ela.

“A rede social é fantástica quando vem para contribuir”, enfatiza Andréa, que traz como dado que apenas 5% dos usuários produzem conteúdo num Facebook, por exemplo, o restante apenas reproduz. Sobre a mobilização social ela diz que não há receita pronta, o que há é a boa utilização da ferramenta, respeitando a especificação de cada uma: elas são dinâmicas e diferentes.

Enfim... “Quem é você na rede social? Você é o que você reproduz!”

Também esteve na mesa o publicitário, ator, assessor e jornalista, Geovani Berno, que comparou o desempenho nas redes ao pilotar um carro: quando bem utilizado, não estando bêbado, sendo prudente, terá tido um bom desempenho. Para um dos organizadores do Facencontro, Celso Gomes, foi um desafio realizado: “ficamos atrás dos teclados e não temos esse contato face a face”. O próximo encontro terá como tema as eleições municipais. Ainda sem data marcada para acontecer.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Fome de que, mesmo?


Gosto muito da música do Titãs que pergunta “Você tem fome de quê?” É algo que sempre me interrogo, em vários momentos de minha vida. Profissionalmente me orgulho de ter me empenhado e sido aprovada em concurso público. Ter estabilidade é uma vitória para mim...

Caí e errei muitas vezes ao longo da jornada profissional, mas é sempre bom espanar a poeira e continuar a empreitada. Continuo a estudar, em busca de outro cargo, busco um algo mais ainda. O “compensar a troca” pode ser visto sob vários ângulos: profissional, financeiro, emocional... Também penso em fazer mestrado, por exemplo. A vida precisa de motivos, com certeza que precisa de bons motivos!

“Liberdade significa responsabilidade. Por isso tantos a temem”.

Bernard Shaw (1856 - 1950)

Um dia li um texto que falava sobre os clientes que nos cercam. Os clientes externos (que “compram” produtos/serviços), os clientes internos (a quem o trabalho se destina), clientes vida (pessoas que amamos) e o cliente 2 X + (você mesmo!).

E por ser desta forma que é importante se repensar sempre, porque somos nosso próprio cliente, somos VIP.

É por isso que você pode acompanhar este blog, ter acesso aos meus estudos, aos meus pensamentos. É porque eu tenho fome e sede de muitas coisas, incluindo conhecimento e ação. E você?