Faz dias que quero retomar meu cantinho virtual, mas o pouco
tempo para este “lazer” mental é resultado de muito trabalho e muito estudo,
porque sempre encontro cursos e/ou formação nova a serem feitos. Coisas que
não nego que eu gosto também (e é claro, daquele outro momento em que se vive
uma vida mais livre)!
Porém, há temas que sinto necessidade de registrar. Assim
como devo voltar fazer aqui com meus estudos do jornalismo, afinal, quem não
afia as próprias ferramentas de trabalho, como conseguirá se manter um
profissional de qualidade nos tempos atuais?
E um tema que me chamou a atenção foi um texto que li no mês
passado no The Intercept. Escrito por Rosana Pinheiro-Machado, publicado no dia
12 de fevereiro de 2019, o artigo aborda definições de vagabundo. Precisava
deixar ele registrado aqui para num futuro eu poder me recordar desse debate.
Para a autora, e eu concordo muito com ela, os brasileiros
veem “ambulantes, desempregados, pessoas em situação de rua, pobres,
nordestinos, putas, LGBTs, ativistas, bandidos” como "vagabundos". Logicamente,
eu ainda incluiria neste rol outros públicos tratados como minoritários,
desordeiros e como pessoas mal vistas perante a nossa “sociedade”. Coisas de um
passado colonial e patriarcal que herdamos e que muitas vezes pensamos ter orgulho,
pois há um fingimento geral de que somos heróis conquistadores. Na verdade,
fomos os vencidos, mas as ideologias que nos moldam desde criancinhas tapam
nossos olhos.
Passamos por cima de registros de horrores diversos a
que foi imposto aos que aqui estavam e aos que permaneceram. Somos assujeitados
por uma política de favores preestabelecida, religiões que tentam nos guiar às
cegas, ou o retorno das escolas ditas apartidárias, mas que carregam grandes
significados práticos de imposição de desfavorecimento a uma classe já previamente
desfavorecida.
Ao taxar alguns grupos (e quem está alijado de ser
enquadrado em um “grupo”) de vagabundo é possível tirar seus direitos
(inclusive o direito à vida). Isso me assusta, e assusta muito.
O meu "eu mulher" é um dos que mais se preocupam com essa
banalização e viralização do "vagabundo". Porque, por exemplo, em um caso de feminicídio a sociedade primeiro
julga a vítima (estava de roupa curta, ela quem provocou, ela quem convidou,
enfim, a mulher é condenadas várias vezes).
E o Brasil ocupa uma posição mundial nada agradável neste
quesito, estando entre os que mais assassinam mulheres.
Como estamos iniciando 2019, uma vez que o ano começa mesmo é depois
do Carnaval, é momento de refletir e começar a escrever uma nova história. Coloaque-se no lugar do outro e descubra se você mesmo não é esse também esse outro.
Dar
as mãos e ajudar o outro a se levantar deveria ser muito mais fácil/agradável/preferível
que tentar o exterminar.
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