domingo, 27 de março de 2016

Fonética

Nossa próxima aventura no livro Introdução à Linguística, organizado pelas professoras Fernanda Mussalim e Anna Christina Bentes, será na área de Fonética. O capitulo foi escrito pelos professores GladisMassini-Cagliari e Luiz Carlos Cagliari.

Vamos tentar resumir o que eu entendi:

Fonética e Fonologia estudam o som da fala. Possuem o mesmo objeto de estudo. São ciências relacionadas, só que objeto de estudo é visto de pontos de vista diferentes, em cada caso. Enquanto a transcrição fonética dos segmentos é representada dentro de colchetes quadrados [] a transcrição fonológica (fonêmica) vem dentro de barras simples inclinadas //.

Fonética descreve os sons da fala – foneticista descreve que som [b] é articulado com uma corrente de ar pulmonar, egressiva com vibração das cordas vocais, com uma obstrução de fluxo de ar seguida de uma explosão.

Fonologia interpreta os resultados obtidos por meio da descrição (fonética) dos sons da fala – fonólogo explica o porquê de os falantes de alguns dialetos do português do Brasil considerarem como sendo o “mesmo som” as consoantes iniciais tapa e tia [t] e [ts] – tchê –, respectivamente, muito embora sejam muito diferentes, articulatória, acústica e perceptualmente.

Fonética pode ser feita sob três pontos de vista: Fonética Articulatória (maneira como os sons são produzidos (movimento do aparelho fonador na produção de sons da fala); Fonética Acústica (como sons são transmitidos, as propriedades físicas e acústicas do som que se propagam através do ar); Fonética Auditiva (como sons são percebidos pelos ouvintes).

Produção da fala – para falar, uma pessoa usa mais da metade do corpo: do abdômen até a cabeça. Envolve processo neurolinguístico, neuromuscular, processo de respiração, mecanismos aerodinâmicos implosivo, ejectivo, articulações fonéticas e processo articulatório.

O capítulo buscou mostrar: por trás dos sons da fala existem muito mais características fascinantes do que o nosso sistema alfabético ortográfico (consoantes e vogais) que se deixa entrever.

Os estudos de Fonética são indispensáveis para quem lida com os elementos sonoros da linguagem e, por essa razão, são importantes para a Medicina (fisiologia e cirurgias que envolvem membros do aparelho fonador), para a Fonoaudiologia (tratamento de distúrbios da fala), para a Engenharia de Telecomunicações (telefonia, aparelhos de sons), para a Ciência da Computação (produção e reconhecimento de fala), para as Artes Cênicas e Cinematográficas, e, é claro, para as Ciências da Linguagem. 

terça-feira, 15 de março de 2016

As culturas híbridas em Canclini

Concluí a primeira leitura do livro Culturas Híbridas de Néstor García Canclini. Para a área de comunicação, assim como de várias outras disciplinas, este é um livro essencial. Nele se discute a modernização dos países da América Latina, tendo em vista a nossa complexidade cultura e heterogeneidade. Como são vistos aqui o que é tradicional, moderno culturalmente e o desenvolvimento socioeconômico, o quanto houve de modernização em todos esses setores. Recomendo a leitura!

Mas o que me leva a esta postagem é mais a última folha do livro, da página 372:

Assim como a fragmentação privatizada do espaço urbano permite a uma minoria reduzir seu trato com "as massas", a organização segmentada e mercantil das comunicações especializa os consumo e distancia os extratos sociais. na medida em que diminui o papel do poder público como garantia da democratização informativa, da socialização de bens científicos e artísticos de interesse coletivo, esses bens deixam de ser acessíveis para a maioria. Quando a cultura deixa de ser assunto público, privatizam-se a informação e os recursos intelectuais nos quais se apoia parcialmente a administração do poder. E se o poder deixa de ser público, ou deixa de ser disputado como algo público, pode restaurar parcialmente sua verticalidade. Ainda que o princípio da expansão tecnológica e o pensamento pós-moderno contribuam para disseminá-lo, o desenvolvimento político o concentra. Quando essas transformações de fim de século não implicam democratização política e cultural, a obliquidade que propiciam no poder urbano e tecnológico se torna, mais que dispersão pluralista, hermetismo e discriminação.
Assim, este livro não termina com uma conclusão, mas com uma conjectura. Suspeito que o pensamento sobre a democratização e a inovação caminhará nos anos 90 nesses dois trilhos que acabamos de atravessar: a reconstrução não substancialista de uma crítica social e o questionamento das pretensões do neoliberalismo tecnocrático de converter-se em dogma da modernidade. Trata-se de averiguar, nessas duas vertentes, como ser radical sem ser fundamentalista.

Fica, portanto, registrado o grande questionamento que me faço... como? " como ser radical sem ser fundamentalista."?

Néstor García Canclini é antropólogo argentino e radicado no México (ele é professor naquele país desde os anos 90). Estudou Filosofia na Argentina e concluiu seu doutorada em Paris no ano de 1978. Estão entre seus livros:
  • Culturas Híbridas: Estratégias para Entrar e Sair da Modernidade (Edusp – 416 págs.)
  • A Globalização Imaginada (Editora Iluminuras – 223 págs.)
  • Consumidores e Cidadãos (Editora UFRJ 227 págs.)
  • Diferentes, desiguais e desconectados (Editora UFRJ 283 págs.)

Quer saber mais sobre este autor que "é considerado um dos maiores investigadores em comunicação, cultura e sociologia da América Latina; é um estudioso da globalização e das mudanças culturas na América Latina; e o foco de seu trabalho é justamente esse: a pós-modernidade e a cultura a partir do ponto de vista latino-americano" acesse a página Aulas de Comunicação.


Na página da Edusp há uma entrevista muito interessante com o professor. Em que se discute, por exemplo,  conceitos como de interculturalidade e de hibridação:

Hibridação designa um conjunto de processos de intercâmbios e mesclas de culturas, ou entre formas culturais. Pode incluir a mestiçagem – racial ou étnica –, o sincretismo religioso e outras formas de fusão de culturas, como a fusão musical. Historicamente, sempre ocorreu hibridação, na medida em que há contato entre culturas e uma toma emprestados elementos das outras. No mundo contemporâneo, o incremento de viagens, de relações entre as culturas e as indústrias audiovisuais, as migrações e outros processos fomentam o maior acesso de certas culturas aos repertórios de outras. Em muitos casos essa relação não é só de enriquecimento, ou de apropriação pacífica, mas conflitiva. Fala-se muito, nos último anos, de “choque” entre as culturas. Em todo esse contexto vemos que os processos de hibridação são uma das modalidades de interculturalidade, mas a noção de interculturalidade é mais abrangente, inclui outras relações entre as culturas, intercâmbios às vezes conflitivos. (Canclini)


Outra fala interessante de Canclini no site da Editora é:

Historicamente, as fronteiras são identificadas com os territórios étnicos ou nacionais, tomando forma de barreiras físicas, aduanas, controles de trânsito das pessoas ou produtos. No século XX, tudo isso se tornou muito mais complexo, pelo aumento da circulação de pessoas, das migrações, das viagens de turismo, pelo crescimento da circulação de produtos, que passam de uma nação a outra, e por vezes nem se sabe onde são produzidos, ou são produzidos em vários lugares e se montam em outro. Também as mensagens circulam mais livremente desde que existem satélites, computadores, Internet, e podemos passar com facilidade mensagens de uma nação a outra, de uma língua a muitas outras, tornando inúteis muitas fronteiras. O que chamamos de globalização, um conjunto complexo de processos de interdependência que supera o econômico, o tecnológico e o cultural, cria muito mais que um multiculturalismo, porque a multiculturalidade tendia a designar a coexistência de grupos diferentes em uma mesma sociedade, às vezes numa mesma cidade. Em escala internacional, vemos nas guerras atuais que a multiculturalidade não é respeitada pela invasão de uma nação por outra, que em parte implicam na derrubada de fronteiras ou na construção de outras. Como as que existem entre México e Estados Unidos, entre Israel e Palestina etc. Essa proliferação de fronteiras nas sociedades contemporâneas nem sempre é resultado de uma atitude defensiva e hostil ao estrangeiro. Implica às vezes na dificuldade de assumir a interculturalidade. Quer dizer, aceitar que a sociedade em que vivemos se modifica pela presença de outros modos de vida, outras religiões, outras línguas. (Canclini)

domingo, 13 de março de 2016

Linguística Histórica

No post de hoje vamos ao tema Liguística Histórica, conforme capítulo escrito por Nilson Gabas Jr. no livro Introdução à Linguística (Fernanda Mussalim e Anna Christina Bentes – organizadoras).

O professor Nilson Gabas Junior concluiu o doutorado em Linguística na University of California, em 1999. E de acordo com o resumo no Currículo Lattes:

Fez pós-doutorado na Universidade de Antuérpia, Bélgica, em 2002. Atualmente é o diretor do Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém, Pará. É membro de diversos conselhos e entidades ligadas à sociobiodiversidade, no estado do Pará e no Brasil. Publicou artigos em periódicos especializados e trabalhos em anais de eventos. Possui capítulos de livros e livros publicados, e participou de diversos eventos científicos no exterior e no brasil. Atualmente participa de 4 projetos de pesquisa, sendo que coordena 2 destes. Atua na área de Linguística Indígena, e em suas atividades profissionais interagiu com 14 colaboradores em coautorias de trabalhos científicos. Em seu Currículo Lattes os termos mais frequentes na contextualização da produção cientifica, tecnológica e artístico-cultural são: karo, tupi, fonologia, classificação genética, gramatica, ideofones, fonética, léxico, linguística histórica e classificadores.

No livro, Gabas Jr. Inicia mostrando que a Linguística Histórica estuda os processos de mudança das línguas no tempo = Latim, Grego e Sânscrito derivam da extinta língua protoindo-europeia.

O capítulo está dividido em três seções, incluindo o histórico da disciplina (com um panorama de como se desenvolveu esse ramo da Linguística e sua importância), os tipos de mudanças possíveis de ocorrer nas línguas (diversas modalidades de mudanças de som, processos de analogia, mudanças gramaticais e semânticas) e, por último, explica-se a classificação genética entre línguas.

Início da Linguística Histórica e Comparativa: já se notava a semelhança aparente entre línguas distintas. No final do séc. XVIII, Sir Willian Jones (juiz inglês na Índia) propõe que latim, grego e sânscrito eram aparentadas entre si. Também contribuíram no estudo da Linguística Histórica: Rasmus Rask e Karl Verner (Dinamarca), Jacob Grimm (Alemanha). Linguística Histórica se firma como ciência – há rigidez científica nos postulados dos estudos comparativos das línguas indo-europeias.

Lei de Grimm (ou mudanças de som): Rask descobriu e Grimm aperfeiçoou analiticamente. Serviu de base para outros pesquisadores comprovarem mudanças de som em outras línguas do mundo, exemplo de sua observação nas alterações fonéticas: consoantes oclusivas surdas do protoindo-europeu passaram a ser nas línguas germânicas (alemão, inglês, dinamarquês, holandês, etc.) fricativas surdas. As consoantes oclusivas sonoras passaram a oclusivas surdas...

Na evolução desses estudos (pois se descobriu depois que alguns sons na verdade foram emprestados do grego), Karl Verner propõe que uma mudança fonológica teria ocorrido, posteriormente, às mudanças de som propostas por Grimm (Lei de Verner).
Neogramáticos x Difusionistas:

A controvérsia entre os neogramáticos e os defensores da difusão lexical gira em torno de dois pares de termos: som e palavra, de um lado, e gradual e abrupto, de outro. Assim, para os neogramáticos a mudança fonológica é foneticamente gradual, mas lexicamente abrupta; para os “difusionistas”, a mudança fonológica é, ao contrário, foneticamente abrupta, mas lexicamente gradual.

Neogramáticos: Alemanha, grupo (ou escola) da Universidade Leipzip. Eram contra o método vigente na comparação linguística, porque estes se baseavam na língua falada. Apregoavam o princípio da não excepcionalidade das regras de mudança do som e o princípio da analogia. Nortearam os trabalhos em Linguística Comparativa até meados do século XX, quando surge a teoria da difusão lexical.

Difusionistas: Nasce com Wang (1969), em oposição aos neogramáticos. Controvérsia entre eles é resolvida por Labov (1981) = leis da mudança de som não são tão poderosas quanto preconizadas pelos neogramáticos. Em inúmeros casos elas ocorrem lenta e gradualmente, obedecendo à história de cada palavra, de acordo com os preceitos da teoria da difusão lexical.

Mudança linguística: toda língua do mundo está em constante processo de mudança. Falantes não estão necessariamente conscientes dessas mudanças. As mudanças são lentas e graduais. São parciais (envolvem apenas parte do sistema linguístico). Sofrem influência de uma força oposta, a de preservação da intercompreensão. Mudanças podem ocorrer no nível fonético-fonológico (dos sons) até o nível semântico (do significado). Processos de mudança de som são conhecidos como metaplasmos.
Mudança de som: principal mecanismo de mudança linguística;
Provém de variação linguística não distintiva (uso de um ou outro som não implica diferenças de significados, mas de status social e outros); É antieconômico para falantes manterem duas variantes de uma mesma palavra, a tendência é que apenas uma sobreviva; Mudanças podem ser de perda ou adição de fonemas, assimilação, dissimilação, duração (ou prolongamento) e metátese. 

Um dos propósitos da Linguística Histórica é a classificação genética entre línguas e sua reconstrução. A classificação genética é o processo pelo qual línguas distintas são agrupadas em uma dada classe, por semelhanças e ascendências genéticas. O meio mais utilizado para expressar esse relacionamento genético entre línguas é o diagrama em árvore:

Estudos mostram que o grau de profundidade temporal de um tronco linguístico (formado por uma ou mais famílias linguísticas) varia de cinco a seis mil anos, e o de uma família linguística (possui uma ou mais línguas-irmãs) varia de dois a quatro mil anos. Existem ainda as línguas isoladas, não pertencendo a grupos linguísticos (Basco na Espanha e Kaioá ou Kwazá e o Aikanã em Rondônia).

Reconstrução linguística – uma vez determinado o parentesco genético entre duas ou mais línguas, o passo seguinte é o da reconstrução da língua-mãe, com a descrição mais completa possível das mudanças que se sucedem, e que resultaram nos seus descendentes. O trabalho de reconstrução de uma língua somente estará terminado quando, além da reconstrução, também forem cumpridas as etapas de reconstrução morfológica e sintática, para as quais são utilizados procedimentos gerais de análise e levantamento de hipóteses como os observados na reconstrução fonológica.

quinta-feira, 10 de março de 2016

Redação

Para quem precisa escrever todos os dias é necessário também sempre se atentar a novas maneiras de colocar no papel o que se pensa. Por isso, resolvi procurar por dicas - e deixar aqui registrado. A prática da escrita pode ser muito útil, mas sozinha pode ser um perigo (como vou saber se estou escrevendo bem, e não repetindo velhos erros, se eu não fizer nenhum comparativo com outros textos?). 

E a primeira grande dica que vi em outros sites foi: LEIA, leia mais!!!

Como dito no site Mundo Educação, transcrevo (acredito muito nisso):

É um mandato, uma ordem! Não...é um conselho, mas concordo que parece mais com um eco, que ressoa no ambiente e volta à mente por algumas vezes: leia...leia...leia...
Mas não tem jeito, ou melhor, tem sim, o jeito é ler!
Quando você lê, adquire vocabulário e, portanto, a escrita se torna mais fácil, pois terá mais opções de palavras ao escrever. Consequentemente, seu texto se tornará de fácil leitura, pois não terá termos ou idéias repetidas.

A questão da prática da escrita (que não apenas para trabalho) foi sempre o objetivo deste blog. O que tenho aliado aos meus estudos em geral. Como me é agradável e útil, recomendo aos demais interessados em também melhorar sua escrita, e escrever bem (pode ser um diário, ou o que ajudar a colocar ideias no papel). Olha o que diz o InfoEscola: "Escreva sobre coisas que gosta".

Uma maneira muito divertida e leve de exercitar a escrita é escrevendo sobre o que gosta. Seja sobre o seu dia-a-dia, sua banda preferida ou sua série de ficção favorita. Antes de partir para o treino das redações de vestibular ou tentar escrever um artigo científico, exercite a sua escrita descompromissadamente. O ato de escrever se aprimora como qualquer outra atividade: com bastante treino você escreverá cada vez melhor.

E assim como diz o livro "151 dicas essenciais para gerenciar seu tempo", de Robert E. Dittemer (vamos pegar algo de outra área e aplicar à nossa escrita!):

Não perca tempo tentando encontrar objetos. Coloque tudo em seu devido lugar e guarde aquilo que, mais tarde, pode lhe custar tempo para encontrar. 

Eu também gosto dos rascunhos, vivo fazendo isso. Por outro lado, como continua o livro: "implante hoje mesmo a política de se desfazer de rascunhos. Livre-se deles assim que sua versão final for utilizada ou aprovada". É aquela história de planejamento, ter essa primeira versão ajuda a transformar aquelas ideias abstratas em texto. Rascunhar é muito importante mesmo, mas depois de passar a limpos, pode descartá-los.

Sempre que me pedem algumas sobre como escrever melhor, eu penso que não sou a pessoa mais indicada para ensinar. Aprendi escrever escrevendo, errando e melhorando. E ainda tenho muito o que aprender, mas já adquiri mais facilidade hoje em dia se comparado à época do vestibular (por exemplo). E tendo em vista que "não só é preciso ler, como é preciso fazê-lo de maneira inteligente", vamos a outra dica que encontrei no site Imaginie, algo que pode ser muito útil para todos nós (só adaptar à nossa realidade/necessidade):

 
Praticar provas de redação, fazer reescrita de propostas textuais antigas, estudar técnicas de linguagem, melhorar o conhecimento gramatical são todos exemplos de atividades que irão ajudar o candidato a construir sua capacidade de desenvolver bem uma ideia e desenvolver seu estilo de escrita. Ter um repertório mental de exemplos de como escrever bem é a chave para se produzir textos próprios sem muita dificuldade. 


Antes de concluir, que tal rir um pouco, tem um texto do Guia do Estudante que relembra as dicas "infalíveis" para escrever bem. Coisas do tipo "deve-se evitar ao máx. a utiliz. de abrev. etc." e que "é desnecessário empregar estilo de escrita demasiadamente rebuscado. Tal prática advém de esmero excessivo que raia o exibicionismo narcisístico." E ainda que"'Porra', palavras de baixo calão podem transformar seu texto numa 'merda'".


“Um raciocínio lógico leva você de A a B. Porém, a imaginação, leva você a qualquer lugar que você quiser”.
Albert Einstein

Agora, ao terminar o texto e antes de divulgá-lo, é necessário fazer as correções. Aí a indicação é este texto da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) sobre a "Edição de texto para repórteres: como acertar no básico". Por exemplo, uma das dicas é que apesar dos editores de texto terem abordagens diferentes, cada um pode desenvolver suas próprias táticas. "Verifique afirmações factuais em seu artigo. Verifique cada nome duas vezes, mesmo se você achar que está correto. Se utilizar um número ou data, não importa o quão  insignificante ele seja, verifique". Ou "Faça uma leitura completa da história, do começo ao fim. O texto flui com facilidade e lógica? As conclusões são sustentadas pelos fatos apresentados? Como leitor, a história te deixa fazendo perguntas que não puderam ser respondidas? Você utiliza termos técnicos que não são esclarecidos ou jargões que não são explicados? Há sentenças que são corridas e se atropelam ou palavras que vocês utiliza com muita frequência? Preste atenção nesses problemas."

segunda-feira, 7 de março de 2016

Sociolinguística 2

A segunda parte do tema Sociolinguística no livro Introdução à Linguística (Fernanda Mussalim e Anna Christina Bentes)  temos o texto do professor Roberto Gomes Camacho.

Camacho é pesquisador do Departamento de Teoria Linguística e Literária do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas da UNESP, Campus São José do Rio Preto. Mestre em Linguística pela Universidade Estadual de Campinas e Doutor em Letras pela Universidade Estadual Paulista, Campus Araraquara. Pós-doutor pela Universidade de Amsterdã e livre-docente pela UNESP, Campus São José do Rio Preto.

No livro, Roberto Gomes Camacho inicia mostrando que a linguística moderna e estruturalista surgem com a publicação do Curso de Linguística Geral. Nele Saussure trazia a alegação de que língua é a parte social da linguagem. Há separação entre sistema e discurso. Proposições mantidas (e aprofundadas) por pesquisadores de escolas distintas (Leonard Bloomfiel, Louis Hjelmlev, Noam Chomsky). Mas como alega Calvet (2002): “as línguas não existem sem as pessoas que as falam, e a história de uma língua é a história de seus falantes”.  Estruturalismo, portanto, não levou em conta o que a língua tinha de social.

A Linguística Estruturalista não levou seriamente em consideração a análise de variações porque não levava em conta a função das variações no processo de comunicação. A linguagem é vista como um instrumento de comunicação, espécie de código, similar aos sistemas de sinais eletrônicos (o que a linguagem humana não é).

Assim como o estruturalismo, o gerativismo também não valorizava esse lado “social” da língua. Assim, a Sociolinguística nasceu com visão crítica à gramática gerativa de Chomsky, que estava se impondo como paradigma dominante.

Desde seu início, década de 60, Sociolinguística se interessa por uma variedade de assunto: 1-Sociolinguística da Linguagem (Joshua Fishman) – era um ramo das ciências sociais, na medida em que encarava os sistemas linguísticos como instrumentais em relação às instituições sociais mais amplas; 2-Etnografia da Comunicação – hoje entre outros está a Análise da Conversação e Sociolinguística Interacional (Hymes, Sacks, Gumperz); 3-Sociolinguística Variacionista (William Labov): trata do exame da linguagem no contexto social como solução dos problemas próprios da teoria da linguagem.

Nesta última tendência verifica-se que dois falantes de uma mesma língua (ou mesmo um único falante) dificilmente se expressam de modo idêntico ou sempre do mesmo modo (está relacionado ao linguístico e social, a exemplo de “levaram”, “levaru”, “levarum”. Há uso sistemático (e não arbitrário) e regular de uma propriedade inerente aos sistemas linguísticos que é a possibilidade de variação, entendida como heterogeneidade constitutiva da linguagem (“cê leu os livros?”, “cê leu os livro?”). Variação de ausência ou presença do sinal sonoro do fonema /S/. O mesmo não se nota, praticamente, em “ananás” e “arroz”. E isso advém do próprio sistema linguístico:

Selecionar uma palavra com ausência de uma fricativa alveolar depende de estar esse segmento numa sílaba átona final, como em “livros”, “meninos”, “Marcos”. Já o simples fato de incidir sobre uma sílaba tônica, como em “ananás”, praticamente elimina a possibilidade de variação entre [s] e [Ø] numa variedade dialetal como a paulista, embora esse contexto seja favorável a um processo de ditongação antes da fricativa alveolar, o que forneceria casos como “ananais”, “arroiz”, etc.

Variação – resultado sistemático e regular de restrições impostas pelo próprio sistema linguístico. Diversidade é uma propriedade funcional e inerente dos sistemas linguísticos. O papel da Sociolinguística é exatamente enfocá-la como objeto de estudo, em suas determinações linguísticas e não-linguísticas. A linguagem é o modo mais característico de comportamento social, sendo impossível separá-la de suas funções sociointeracionais.

No Brasil, está em curso o projeto do Atlas Linguístico, que  é um retrato que inicia o debate se há separação social ou geográfica quando se trata de língua: “Esse retrato permitiria confirmar ou rejeitar a hipótese de que as divisões dialetais no Brasil são menos geográficas que sociais e que a maneira de falar distinguiria mais um falante escolarizado de um não escolarizado do mesmo espaço geográfico, do que dois falantes do mesmo nível de escolaridade de regiões diferentes”.

Sobre a variante de prestígio/padrão/não-padrão/estigmatizada, o livro traz debate com a teoria do professor Carlos Alberto Faraco, que se refere à norma “curta” está descrita pelos consultórios gramaticais, manuais de redação dos grandes jornais e elaboradores de concursos públicos. Uma vez que desde a origem deste padrão brasileiro não se adotou a normal culta comum, mas houve imposição da elite conservadora o modelo praticado em Portugal, com base nos escritores portugueses do romantismo.

A Sociolinguística e o ensino da língua materna: A natureza discriminatória que a linguagem pode assumir leva à reflexão sobre a questão que mais nos afeta – em que grau o processo de ensino da língua materna contribui para o agravamento ou para a simples manutenção da situação de exclusão a que está sujeita a população socialmente marginalizada? Dentro da tradição pedagógica, na prática de quem educa, há apenas uma língua = correta e eficaz para todas as circunstâncias de interação (norma padrão).

Contrariando a Linguística em seus princípios, a pedagogia da língua materna elege o correto e o incorreto sua dicotomia predileta para discriminar/selecionar. Norma padrão (referencial exclusivo, ensinada na escola) x dialeto social que o aprendiz domina. Tendo em vista que a seleção é arbitrária, porque como ensina Bourdieu e Pesskon (1975) se baseia nas relações de força entre grupos sociais. A instituição não reconhece a legitimidade da variação linguística e acaba por submetê-la ao critério de correção. O resultado prático é a evasão escolar! Impor com exclusividade a norma padrão, misturar uma pitada de intolerância para com a variedade que as crianças dominam são o ingrediente de uma receita infalível que se resume na rejeição à língua e no desenvolvimento de um processo de insegurança linguística.

Sociolinguística tenta: eliminar preconceitos (todas as línguas e variedades de uma língua são igualmente complexas e eficientes para exercício de todas as funções a que se destinam); superar o pressuposto de que a principal tarefa do ensino é substituir formas das variedades populares por formas da norma padrão; manter como alternativa fundamental que as variações da língua não devem passar por um crivo valorativo; atualizar constantemente a norma padrão (substituir prescrições ultrapassadas – de base escrita e literária – por normas emanadas da variedade culta urbana); despertar a consciência do aluno para adequação das formas de circunstâncias do processo de comunicação; acreditar no modelo da comunicação diferente e adotar outra estratégia para ensino da língua materna. 

domingo, 6 de março de 2016

Questionar, questionar

Li na manhã hoje no livro A. C. Grayling, “A arte de questionar - a filosofia do dia a dia”, a seguinte provocação: “O que a palavra ‘deus’ significa para você?”

Calma, não vou falar de religião, vou é falar de sentidos de palavra, de discursos. Mas primeiro, vamos ao texto do autor. Para iniciar ele se questiona sobre o significado de “deus” e o que considera incoerente, ou seja, os usos mais convenientes e com objetivos diversos de acordo com apologias religiosas distintas.

Porém a palavra traz à mente o fenômeno das religiões criado pelo homem, cujo efeito na humanidade, tanto agora quanto ao longo do tempo, tem sido, com uma margem considerável, negativo. Bastaria pensar na falsidade ideológica e nas consequentes distorções de comportamento acarretadas pela ideia de que existem agentes sobrenaturais que criaram este mundo tão imperfeito e que eles têm um interesse em nós que abrange até nossa vida sexual e o que devemos ou não comer ou vestir em certos dias.

Grayling continua o texto expondo conflitos e crueldades feitas em nome de ‘deus’:

Em seu nome, foram cometidos crimes que não teriam sido perpetrados por nenhum outro motivo: o assassinato daqueles que “blasfemam” ou são “heréticos” (ou seja, que discordam dos que estão no comando naquele momento), que “profanam” objetos e textos considerados sagrados (durante o momento em que escrevo, vários cristãos paquistaneses foram assassinados por terem supostamente maltratado uma cópia do Alcorão) – e assim por diante.

Como última citação do autor neste texto, transcrevo sua análise sobre ideologias monolíticas:

(...) Ao que respondo: todas as ideologias monolíticas, que afirmam possuir a única grande verdade e exigem que todos se submetam a ela sob pena de sofrimento, com seus profetas, devoções, lemas e vacas sagradas, agem da mesma maneira quando têm a oportunidade de mostrar seus extremismos naturais – que é exatamente a objeção à religião. 
As doutrinas básicas das principais religiões têm suas raízes nas superstições e fantasias de camponeses analfabetos que viveram há milhares de anos. É surpreendente que essas crendices, sob a forma parcial de versões sofísticas posteriores, continuem a ter alguma credibilidade. O motivo disso é a proselitização dos muitos jovens, a institucionalização de seitas religiosas e certos fatores psicológicos. 

Em alguns pontos concordo e em outros discordo. Mas isso não vem ao caso. Fiquei refletindo sobre esse texto e vendo o quanto ele se parece com estes dias de briga entre “petralhas” e “tucanalhas”, como se alfinetam ambos os lados. Impondo visões unitárias, estereotipadas e ideológicas excludentes. E os eleitores, a população em geral, são conduzidas ora para um lado e ora para outro. Quem falar mais bonito, desconstruir melhor a imagem do outro, ficará em vantagem (eleitoral, diga-se de passagem).

Assim como o filósofo tem suas ideologias, eu também tenho as minhas (no caso ainda defendo parte das ações de Lula ou Dilma, porque no geral vejo uma luta de classes no atual cenário político brasileiro, apesar da minha certeza de que não se mudará o mundo por meio de votação neste ou naquele candidato). Sem pregar discurso de ódio, observo muita movimentação em muitos dos lados, mas exatamente daqueles que vejo que poderia surgir uma terceira via não há movimentação. Ah, se o povo, se os excluídos, deixassem essas “superstições e fantasias” construídas durante toda uma história (do Brasil, da humanidade...) e tornassem autônomos e responsáveis por suas vidas (política, econômica, social e culturalmente)... como seria bom!! Quem sabe, como finalizou o filósofo: “Na verdade, uma vez que esse detrito de nosso passado ignorante for eliminado, talvez consigamos ver mais claramente a natureza do bem e finalmente persegui-lo da forma correta”.

Só para encerrar, vejamos quem é o autor da Arte de Questionar (afinal, para nós jornalistas saber perguntar/questionar é imprescindível):

Segundo a Wikipédia, Anthony Clifford "A. C." Grayling nasceu em 03 de abril de 1949. O filósofo britânico fundou em 2011 o New College of the Humanities, uma faculdade de graduação independente de Londres. Até junho de 2011, ele foi professor de Filosofia de Birkbeck, na Universidade de Londres, onde ensinou desde 1991. Ele também é membro supranumerário do Colégio de Santa Ana, Oxford.

Na contracapa de seu livro, uma citação do The Gardian mostra que “A. C. Grayling é um filósofo que acredita naquilo que prega e cria valor para a vida de uma forma completamente descomplicada”. Já na Booklist diz-se que “diferente de outros filósofos acadêmicos, A. C. Grayling se importa demais com a filosofia para mantê-la em sala de aula. De fato, ao aplicar o hábito de pensar os problemas da vida cotidiana, ele abre horizontes significativos”.







sexta-feira, 4 de março de 2016

Sociolinguística

Continuando a leitura do livro Introdução à Linguística (Fernanda Mussalim e Anna Christina Bentes)...

Agora chegamos ao primeiro campo teórico: Sociolinguística. Esta é a parte 1, escrita pela professora Tânia Maria Alkmin, da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)/Instituto de Estudos da Linguagem (IEL).

No início do texto, veremos que o linguista alemão Augusto Schleicher foi uma forte influência no séc. XIX, com uma orientação biologizante. Seus ensinamentos buscavam tornar o estudo da linguagem uma ciência rigorosa, colocar a Linguística no campo das ciências naturais, afastamento de toda consideração de ordem social e cultural. Linguagem e sociedade, portanto, não assumida como determinante.

Já Ferdinand Saussure (Curso de Linguística Geral – 1916) define a língua, por oposição à fala, como objeto central da Linguística (séc. XX): da fala se ocupará a Estilística ou a Linguística Externa; a Linguística descreverá o sistema formal, a língua; sistema/língua é um fato social, uma faculdade natural que permite ao homem construir uma língua; caráter formal e estrutural do fenômeno linguístico.

É a partir dos anos 30 que se começa a relacionar mais linguagem e sociedade (Antoine Meillet, Baktin, Marcel Cohen, Émile Benveniste e Roman Jakobson). Exemplo de Bakhtin (1929) que faz crítica radical à postura saussuriana de “separar” a linguística interna/externa.

A verdadeira  substância  da língua não é constituída por um sistema abstrato de formas linguísticas, nem pela enunciação monológica isolada, nem pelo ato psicofisiológico de sua produção, mas pelo fenômeno social da interação verbal realizada através da enunciação e das enunciações . A interação verbal constitui assim a realidade fundamental da língua. 

O termo Sociolinguística surge em 1964, em Congresso realizado em Los Angeles. Os trabalhos foram publicados dois anos depois com o título Sociolinguistics:  variações linguísticas, diferentes estruturas sociais e diversidade linguística.  Vejamos alguns fatores que para um dos fundadores da Sociolinguística, William Bright, estão ligados à diversidade linguística:
Identidade social do emissor ou falante – relevante, por exemplo, no estudo dos dialetos de classes sociais e das diferenças entre falas femininas e masculinas;
Identidade social do receptor ou ouvinte – relevante, por exemplo, no estudo das formas de tratamento, da babytalk (fala utilizada por adultos para se dirigirem aos bebês); O contexto social – relevante, por exemplo, no estudo das diferenças entre a forma e estilos, formal e informal, existentes na grande maioria das línguas; O julgamento social distinto que os falantes fazem do próprio comportamento linguístico e sobre o dos outros, isto é, as atitudes linguísticas. 
Contexto do surgimento da Sociolinguística: como crítica ao formalismo, representado pela gramática de Chomsky, assim é que se vai definindo essa área voltada explicitamente para o tratamento do fenômeno linguístico no contexto social no interior da Linguística.

Houve atuação de linguistas e de estudiosos de campos das ciências sociais e da linguagem articulada com aspectos de ordem social e cultural. Em 1962, Hymes publica artigo e propõe o que se torna a Etnografia da Comunicação, com questionamentos sobre o comportamento adequado para mulheres/homens/crianças na comunidade  “x”. Um ano depois, Labov (EUA) sublinha o papel decisivo dos fatores sociais na explicação da variação linguística (idade, sexo, ocupação, origem étnica e atitude). Surgem, assim, pesquisas voltadas para as minorias linguísticas (imigrantes, porto-riquenhos, italianos...).

Objeto da sociolinguística: estudo da língua falada, observada, descrita e analisada em seu contexto social, isto é, em situações reais de uso. Ao estudar qualquer comunidade linguística, vê-se a existência da diversidade ou da variação (diferentes modos de falar). Variedades linguísticas = repertório verbal. Nenhuma língua se apresenta como uma unidade homogênea. Para a Sociolinguística isso não é um problema, mas uma qualidade construtiva do fenômeno linguístico.

Os falantes adquirem as variedades linguísticas próprias de sua região (variação geográfica = diatrópica) e sua classe social (variação social = diastrática) que inclui classe social, idade, sexo, situação ou contexto social. Existência de variedades de prestígio e as não prestigiadas, sendo que nas sociedades ocidentais existe a variedade “padrão” (normal culta ou língua culta). Esta não é, por excelência, a língua original, mas é resultado de uma atitude social  ante a língua. Estabelecimento do modo “correto” de falar, o que está ligado às altas classes sociais/dominantes. A padronização é historicamente definida: o que é padrão hoje pode tornar-se não padrão amanhã.

Os julgamentos são de natureza política e social (e não linguística). Não julgamos a fala, mas o falante e sua inserção na estrutura social (porta/não aceito e car/aceito!!!). E sobre as chamadas línguas “simples, inferiores, primitivas”:
Toda língua é adequada à comunidade que a utiliza, é um sistema completo que permite a um povo exprimir o mundo físico e simbólico em que vive. É absolutamente impróprio dizer que há línguas pobres em vocabulário. Não existem também sistemas gramaticais imperfeitos.

A homogeneidade linguística é um mito, que pode ter consequências graves na vida social. Pensar que a diferença linguística é um mal a ser erradicado justifica a prática da exclusão e do bloqueio  ao acesso a bens sociais.

quinta-feira, 3 de março de 2016

Sobre o riso

Li certa vez que Friedrich Nietzsche acreditava que só os seres humanos riem porque só eles sofrem o bastante para precisar do riso como antídoto. Acordei hoje buscando o riso, o bom humor, o contraponto deste que é um dia daqueles em que o nervoso/raiva/tensão/inquietação brotam sem serem chamados (deve ser a TPM mesmo). E se servir de remédio, como explica o filósofo, eu preciso utilizar sempre esse contraveneno. Além do mais, de acordo pesquisa do neurocientista norteamericano Robert Provine, a porcentagem do riso entre os seres humanos é maior para nós: mulheres riem 126% mais que os homens. (Acho que está explicado porque estando bem ou mal eu busco o riso!).


Conhecemos um homem pelo seu riso; se na primeira vez que o encontramos ele ri de maneira agradável, o íntimo é excelente. (Fiódor Dostoiévski)

Sobre o riso há muitas falas: de que cura pessoas, nos abre a mente (rir nos torna mais criativos e, com isso, mais inteligentes), de que mata pessoas (lembrando aqui do mistério no enredo do livro e filme O Nome da Rosa de Umberto Eco), nos torna mais humanos...

Sorri
vai fingindo tua dor
pois ao ver que sorris
todo mundo irá pensar
que és feliz
(Charles Chaplin)


Meu propósito não é escrever nada científico a respeito do riso, porque minha definição sobre ele é mais leve, apenas para acalmar a alma. Mas caso queira ver outras reflexões sobre o tema leia, por exemplo, tem o texto "Os Filósofos, o Riso e a Neurociência", de João de Fernandes Teixeira.  Ali se pode ver que Kant em sua crítica da razão pura "dizia que o riso faz bem à saúde, pois massageia os intestinos e o diafragma", ou que para Platão e Aristóteles "o riso vem de certo sentimento de superioridade pelo qual expressamos nosso desprezo por aqueles que julgamos inferiores". Ou se tiver outro texto interessante que queira sugerir como leitura, deixe registrado nos comentários.

Diga-me se você ri, como ri, por que ri, de quem e do que ri, ao lado de quem e contra quem e eu te direi quem você é. (Le Goff)



Comecei com Friedrich Nietzsche  e com ele vou terminar o texto. Busquei em outros sites e encontrei o texto "Filosofia para o Dia-a-Dia: Nietzsche e o Sofrimento", do especialista em Marketing, Nicholas Fernandes Gimenes. Segundo o autor, Nietzsche mostrava que para conquistar algo que valha a pena o homem tem de fazer um grande esforço. Assim, as dificuldades devem nos ajudar a ser melhores, talvez aí esteja o sentido de se viver.


A todos com quem realmente me importo, desejo sofrimento, desolação, doença, maus-tratos, indignidades, o profundo desprezo por si, a tortura da falta de autoconfiança e a desgraça dos derrotados. (Nietzsche)

Passou por tudo isso aí? Coloca um sorriso no rosto e dê a volta por cima. Afinal, o riso ainda é o melhor remédio!