sábado, 20 de junho de 2015

História Oral

Há um tempo, iniciei estudos sobre História Oral para um projeto de pesquisa. Acredito que tenha muito de jornalismo nesta forma de encontrar e contar história de pessoas.

Neste post, vou me resumir a deixar arquivado o que estudei no dia 02 de novembro de 2012, em um encontro do Grupo GET/IFRO.

Polêmica da seletividade: historiadores, sociólogos, psicólogos e escritores (ainda me pergunto se há técnicas e pesquisas que são aceitas sem críticas? Como avançar sem o “cutucão” do outro?)
Não memorizamos tudo. É preciso escrever para lembrar (Funis, o memorioso)
Psicanalistas e determinadas correntes da neurociência
Todas as experiências são registradas (embora nem todas sejam acessíveis ao nível do consciente)
Ver “Freud além da alma”
A relevância da memória. A memória é o cerne da cultura ocidental (queremos que a memória permaneça: fotos...)
Somos povo da memória (nos tornamos historiógrafos)
Praticamos (ou somos herdeiros) de uma religião da memória (cristianismo)
Esquecimento é um dos nossos maiores medos
E melhor maneira de não esquecer é narrar: escrita se destacou nas sociedades moderas como o principal instrumento da narrativa. Sobrepõe-se à oralidade. Mas a escrita consegue o “engessamento da memória”, fica fiel ao texto. Por outro lado temos as perdas das habilidades narrativas orais.
Internet: memória, esquecimento, silêncio
- autores Michael Pollak e Ecleia Bossi
Com a narrativa de suas memórias os grupos constroem suas identidades
A memória parte do presente

“Devemos trabalhar de forma que a memória coletiva sirva para a libertação e não para a servidão dos homens”
Le Goff - 1990

Naquele encontro, a pedagoga Rosa Martins falou sobre a tipologia e os procedimentos da História Oral:
Ler trabalhos em história oral para saber quais caminhos seguir.
Origem da História Oral: Heródoto (pai também da geografia) – registros de testemunhos, história testemunhal, depoimentos.
O estudo do passado é um problema filosófico: Tucídides: desconfie da memória. Dê voz aos atores de um determinado evento histórico. História hibrida. Presença da contradição essencial que permite o acesso a indícios e testemunhos.
Em 1994 – Associação Brasileira de História Oral

História Oral – consiste em gravações premeditadas de narrativas pessoais feitas diretamente de pessoa a pessoa, em fitas de vídeo, tudo prescrito por um projeto que detalhe os procedimentos (Meihy, 2009)

Projeto em história oral: justificativa (importância, evitar entrevista pela entrevista) e colônia/rede (delimitação do projeto. Concepção da pesquisa)
Colônia – traços preponderantes que ligam a trajetória das pessoas a grupos sociais (escolha ampla sem considerar critérios específicos. Ex.: perseguidos políticos, congregações religiosas, imigrantes)
Rede – pessoas que efetivamente participarão da pesquisa. Descrever os critérios da seleção (idade, sexo, formação). Indicar como serão as entrevistas.

Fundamentos:
Na justificativa (com objetivos), definição da colônia, formação da rede e a hipótese de trabalho.

Procedimentos:
Detalhamento sobre a entrevista
- Pré-entrevista: preparação do encontro em que se dará a gravação. Gravar o nome do projeto, a identidade do entrevistado, a data e o local do encontro.
- Entrevista: jamais gravar sem o conhecimento e anuência do entrevistado. Sem mediador. O clima relacional é mais importante que a duração.
- Pós-entrevista: agradecer e fazer junto com a entrevista a conferência. Dar fluidez ao texto, sem alterá-lo.

Procedimentos:
Transcrição: oral para escrito
Textualização: suspensão das perguntas
Transcriação: interferência do autor no texto para torna-lo compreensível

Escolha o tom vital – frase que serve de epígrafe. Farol para guiar a percepção.
Transcrição não é reescrever, somente o que for negociado com o narrador.
Carta Cessão – se poder o texto ser público, se pode ser utilizado em partes ou em quais prazos.

Três tipos de relato:
Relato biográfico único
Pesquisa biográfica múltipla
Pesquisa biográfica complementar

Entrevista temática (não é de vida) – visa um tema específico

Lembre-se!
História Oral não é só uma entrevista. Ela tem uma relação com você.
É interdisciplinar.
O tempo da História Oral é o do tempo presente.
Predomínio da subjetividade.

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