quarta-feira, 22 de maio de 2013

Assessoria x Crise


Há uma máxima em que diz: em tempo de CRISE = CRIE.

Quem trabalha em assessoria de imprensa sabe o quanto é importante estar preparado para enfrentar os problemas quando estes se tornam públicos. Vamos a algumas anotações que tenho há algum tempo sobre a forma de atendimento à imprensa durante esse período mais crítico para a organização:


  • Não fuja de atender à imprensa. Melhor, antecipe-se em descobrir o que ocorreu.
  • Faça um completo levantamento da situação, preparando-se com informações atualizadas, dados e números.
  • Evite palavras alarmistas ou negativas, para não ampliar o efeito negativo da ocorrência com suas palavras.
  • Pode ser preparado um texto informativo oficial, descrevendo o fato ocorrido e enfatizando as providências da empresa para solucionar o problema.

Agora, que mais uma vez debatemos o tema crise (que diga-se de passagem é o nome da matéria que tive no fim de semana na pós em Jornalismo Empresarial), vamos a duas afirmativas que caíram em concursos e que também nos ajudam a fixar o ensinamento de hoje:

"No relacionamento com a imprensa, o assessor deve avaliar jornalisticamente todos os acontecimentos que envolvem o órgão ou pessoa assessorada."



"Em momentos de crise de imagem da organização, o assessor de imprensa exerce uma importante atuação de interlocutor com a mídia e colabora para amenizar os efeitos dessa crise. Nessas situações, é correto redigir comunicados com dados verdadeiros. A organização pode não informar determinados fatos se, por algum motivo, considerá-los estratégicos, mas isso só será aceitável se a omissão dessas informações não contrariar o esclarecimento sobre fatos em atenção à segurança das pessoas."

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Simulacro, poder e Marilena Chauí


Preste atenção meu país
Desperta pra realidade
O que está acontecendo
No campo e na cidade
Só a força popular
Mudará a sociedade
(Hino da Marcha)

Participei dos últimos dias da Marcha Nacional pela Reforma Agrária em 2005. Sempre acreditei que um dia seremos capazes de mudar a sociedade, JUNTOS. Mudarmos a exclusão em que vivemos hoje. Como disse o geógrafo Milton Santos: "É o sonho que obriga o ser humano a pensar."

"Ideologia: um mascaramento da realidade social que permite a legitimação da exploração e da dominação."
Marilena Chauí

Essa filósofa fez parte de meus estudos de educação popular e tenho uma afirmativa sobre o livro dela que caiu em um concurso público:

"No Ensaio Simulacro e Poder: uma análise da mídia, Marilena Chauí diz que o jornalismo impresso vem passando, gradualmente, de um órgão de notícias a um órgão de opinião. Assim, os jornalistas passam a ocupar lugar que, tradicionalmente, cabia a organismos representativos e a grupos escolares".

Em 2008, durante um Encontro de Mulheres, em Belo Horizonte, comprei o livro de Marilena Chauí, "Simulacro e poder -  uma análise da mídia" (1996, Editora Perseu Abramo), em que tenho as seguintes anotações registradas:

Os hábitos (do sexo a brinquedos) tudo está na TV. Big Brother. Pergunta-se o que acha, sente, gosta? Não se pergunta o significado das coisas...



Tudo se resume a gosto ou preferência. Não nos informam sobre fatos, acontecimentos e situações.



Estado aumenta propositalmente a obscuridade do discurso para que o cidadão se sinta mais informado quanto menos puder raciocinar, convencido de que as decisões políticas estão com especialistas - críveis e confiáveis - que lidam com problemas incompreensíveis para os leigos.



As relações sociais e políticas... divisão social de classes... perdem sua especificidade e passam a operar sob a aparência da vida privada...



Em lugar de opinião pública, tem-se a manifestação pública de sentimentos.



Constrangedor - meios tentam dizer a incompetência dos participantes e envolvidos para compreender e explicar fatos e acontecimentos que são protagonistas.



Esclarecedor - esse procedimento (o locutor explica e interpreta o que se passa) permite, no instante mesmo em que se dão, criar a versão do fato e acontecimento.



Século XXI começou com 10 ou 12 conglomerados de mass media de alcance global.



Jornalismo destruiu a opinião pública: se tornou rápido, barato, inexato, partidarista, mescla de informação aleatoriamente obtidas e pouco confiáveis, não investigativo, opinativo ou assertivo, detentor da credibilidade e da plausibilidade.



Passagem do espetáculo ao simulacro: nulificação do real e dos símbolos pelas imagens e pelos sons enviados aos expectadores.



Meios de comunicação - de formas de conhecimento que desvendavam relações com o verdadeiro, tornaram-se dissimulações, ilusões falsificadas, publicidade e propaganda.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Interpretação de texto

"Navegar é preciso, viver não é preciso".

Já parou para pensar nesta frase? Eu sinceramente só a via de uma maneira, mas depois lendo uma “Revista Língua Portuguesa” vi novos horizontes no verso de Fernando Pessoa.

"Se um intérprete A se concentra na palavra 'navegar', pode entender que ele é um ato necessário, importante, essencial, daí considerar 'navegar' uma metáfora a arte, como algo muito importante. Em oposição, o ato de viver não é necessário. E, assim, podemos legitimar a acídia, a desistência de ser e, no limite, até o suicídio. Já um intérprete B pode muito bem concentrar-se na palavra 'preciso', sinônima que é de 'exato'. ele ter outra interpretação dos versos. Navegar, para ele, será um ato mecânico, milimetricamente realizado, exige exatidão de procedimentos, mas a vida, não é necessariamente imprecisa, será sempre não controlável, não mensurável, não passível de sistematizações".

Vejo que realmente precisamos de muito treinamento - leia-se leitura e exercícios - para interpretar bem o que o outro quer nos dizer. A habilidade virá a partir desse esforço. E o Brasil precisa avançar, sair do que o editor da revista chamou de "o apagão da leitura", em que ler e não entender afeta até mesmo a elite bem formada do País.

A matéria traz dicas para encontrar o tema central do que se lê:

"- Treine sua capacidade de detectar o tema que está por trás de um texto. Tente lê-lo tirando dele o tema central;
- Transforme o tema proposto em uma pergunta explícita que deve nortear a interpretação (do que o texto trata?);
- Se o texto impõe uma direção única a seguir, é preciso analisar essa direção. Atente para os dados lançados pelo texto que revelem uma dimensão particular do tema;
- Procure perceber se há - e percebendo, descarte - alguma marca do texto que remeta a outras questões que não a abordada;
- Se o enunciado for de algum modo complexo para você, divida as unidades de significado e as interprete, uma a uma;
- Discernir qual é, afinal, o centro da questão abordada".

Assim, é importante ler/checar o que você entendeu, se preciso, leia novamente o que não ficou claro, destaque as ideias principais, grife termos desconhecidos, faça perguntas sobre o que leu e repita com suas próprias palavras essas informações.

Finalizando, faça essa avaliação sobre sua percepção a respeito das ideias do texto, conforme publicou a Revista Língua:

"Minha opinião sobre o texto tem fundamento? Tudo o que você pode dizer sobre um texto está fundamentado naquilo que efetivamente diz o texto? Ou há algo de sua interpretação que extrapola aquilo que foi escrito?

Há opinião contrária à minha? É preciso considerar a existência de outros pontos de vista, sobretudo aqueles que contrariem o nosso. Busque ser democrático e plural.

Minha opinião é preconceituosa? Há assuntos polêmicos, que envolvam certezas e posicionamentos controversos. Vale a pena colocar-se na posição de quem teria uma opinião diferente sobre o texto que você interpreta, para entender suas motivações. Algumas interpretações estão fundamentadas em linhas de raciocínio restritas, que só fazem sentido dentro de um sistema de pensamento que, muitas vezes não é universal.

Tudo o que deve ser dito sobre o assunto foi de fato dito? Ative todo conhecimento anterior que você tenha sobre o tema. Elabore, então, uma lista de questões que faça sentido rever, assim que tiver lido o texto, para saber se consegue respondê-las".