domingo, 3 de junho de 2018

Rolezinhos?

Você se lembra da polêmica em torno dos rolezinhos, realizados especialmente em São Paulo, no final de 2013 e início de 2014? Eu já havia até me esquecido, mas estou vendo material da minha pós-graduação em Jornalismo Empresarial e me recordei do tema. E antes que eu continue a escrever, deixo um pedido, caso você tenha informações atuais de ações de rolezinho, o que aconteceu com os encontros, se ainda acontecem, pode deixar nos comentários. Eu agradeço pela atualização, pois procurei no Google e não encontrei nada de novidade. Nem tive notícia se o funk ostentação continua em alta em tempos de crise nacional e usurpação de nossas riquezas nacionais.
Vamos primeiro ao que li. Recordar desses momentos da sociedade brasileira e que ainda são um tema atual para debates sobre o uso das mídias sociais.
Segundo texto de Leandro Beguoci, em Agitos Urbanos, rolezinhos viraram assunto no verão de 2014. Tratava-se de uma reunião de adolescentes e jovens, marcada pelo uso das novas plataformas de comunicação, tendo como ponto de encontro shoppings centers. Ele considerava como festas de funk ostentação, conforme história que vai utilizar fatos de sua própria vida na periferia de São Paulo para tentar explicar.
Sobre a ideia de se realizar encontro em shoppings, ele mostra que não era nova. Quem de periferia nunca quis fazer um rolé no shopping? O grupo Mamonas Assassinas inclusive colocou em música de sucesso...


Já sobre a descentralização dos centros comerciais, Leandro escreve: “o boom do crédito, a diminuição do desemprego e o crescimento da classe C levaram os shoppings até as periferias da cidade”. Ele que trata da não desumanização dos pobres, das pessoas que moram em periferias (pois parte do debate da época parecia esquecer de que se tratavam de seres humanos marcando encontros em locais públicos). O texto também defende que os rolezinhos não vinham na contramão do consumo, mas trazia inclusive elogio às marcas, ao ostentar um bom tênis, uma boa roupa...
Em texto de Carlos Castilho, tem-se a profecia do presente quanto ao não entendimento por parte da mídia do que eram os rolezinhos (ou a história em curso). Fazendo esse olhar sobre a mudança que estaria em curso na sociedade (tecnológica na divulgação digital dos eventos ou mesmo no poder de compra de seus participantes), o autor critica a mídia que espalhava o medo.
Por fim, Luciano Martins Costa falava em “wikieruditos” e “googlectuais”, fazendo críticas ao preconceito emanado diante do fenômeno rolezinho. Traziam assim uma sabedoria instantânea e superficial que ajudaram a criar histeria social. Vendo protagonismo na atitude dos jovens, que tiveram suas reuniões juvenis ampliadas por meios online de mobilização.
Como fechamento, ele compara que a ida de turmas de jovens aos shoppings foi estampada nos jornais sob olhar opressor, ganhando repercussão nacional. Enquanto, matéria da mesma época que denunciava os 25 mil imóveis de LUXO que descartavam esgoto diretamente no mar (enquanto a ligação à rede pública de coleta era uma opção viável) não tinha a mesma vertente de destaque. Assim, ele finaliza seu texto (e eu, o meu!):
Esse é um aspecto de uma sociedade viciada na privatização do território físico e virtual. A relação desse fato com o barulho em torno dos “rolezinhos” é um pouco sutil – sua compreensão não está disponível para uma consulta rápida no Google ou na Wikipedia.

Rascunhos

Que tal diminuir a quantidade de papéis acumulados em casa? Ouvi algo como minimalismo, mas não é bem isso que pretendo. Por outro lado, diminuir o peso faz bem ao ambiente físico e (ao meu) emocional! Então, mãos à obra...
Vou começar por algo mais recente: nos dias 22 e 23 de maio participei do I Congresso Rondoniense de Jornalismo, realizado em Porto Velho (RO), pela AJD (Associação dos Jornais Diários do Estado).
Uma das falas que mais me chamou a atenção foi na palestra de Alysson Lisboa, que resolvi deixar anotada: o jornalismo precisa explorar mais as narrativas, as histórias!
Também anotei que o Facebook possui umas 82 milhões de pessoas ativas, é uma mídia online jovem. Já a TV somou aumento no número de horas que passamos diante dela, sendo que 51% de seu público tem mais de 55 anos, um público off-line... Mas, ao mesmo tempo, a televisão se tornou uma segunda tela, estamos conectados a outros aparelhos enquanto a vemos!
Sobre as histórias, Alysson Lisboa lembrou que o ser humano historicamente adora ouvi-las e conta-las. O que precisa ser resgatado, esse prazer em ouvir/contar histórias. Um robô jornalista poderá noticiar diversos fatos cotidianos, só que contar uma boa história ainda estará reservado a nós! Histórias bem construídas e bem contadas terão público.
Outra coisa que Alysson defendeu foi que veículos de comunicação brasileiros deveriam dizer claramente aos leitores seus posicionamentos políticos, uma vez que a informação e a veracidade dos fatos não estão ligadas ao que ele (ou quem o veículo) defende. No dia 24, o jornalista ainda realizou uma oficina sobre jornalismo transmídia, capacitando melhor aos porto-velhenses a usarem o poder da comunicação junto a um consumidor 3.0.
Com as mudanças no algoritmo do Facebook, o professor de Minas Gerais ainda faz o alerta: as empresas estão esquecendo o básico, que é por que vão conseguir likes nas postagens. Como as antigas redes sociais off-line que sempre participamos, também é preciso gerar mais que coisas bonitinhas para postar. As histórias precisam conectar pessoas com emoção.
Ainda no Congresso, foi tratado do tema atualíssimo: Fake News. Para que/quem servem? Uma dica aos veículos é noticiar negações de fake news ou mostrar como saber se notícia é ou não verdadeira. Realmente, algo que precisamos dominar no mundo de hoje: a percepção do que é real ou criado.




Educação
Quem também esteve presente no evento foi o jornalista Ricardo Falzeta, do Comitê Editorial da Associação de Jornalistas de Educação, a Jeduca. A partir desta apresentação, a AJD abriu possibilidade para criação de um prêmio local para o Jornalismo de Educação.
Para quem quer escrever sobre o tema, a Jeduca tem um guia de dicas em jornalismo. Já o congresso deles tem transmissão ao vivo. Uma boa dica para nós em tempo de passagens não acessíveis.
Também para quem vai cobrir as eleições há no PNE (Plano Nacional de Educação) a situação dos planos de educação (nacional, estaduais e municipais). Como os candidatos vão cumprir as metas? Assim está uma maneira de qualificar a pauta e ampliar o debate sobre um tema específico como o de educação.
Foram trazidas ainda informações a respeito do Todos pela Educação e as metas trazidas para todo o Brasil.
Propriamente sobre a escrita de matérias, a maior dica é ouvir a todos: pais, alunos, professores... porque, segundo Ricardo, o País não trata a educação como deveria. Uma das observações é que a desigualdade social, em gênero e etnia ainda assolam o sistema educacional brasileiro.
Há assim diversos ramos que podem gerar matérias relacionadas à educação: economia, segurança, saúde, tecnologia... “Do ponto de vista histórico, avançamos muito”, analisa Ricardo Falzeta, que trouxe números apontando que o acesso na década de 1940 pouco passava dos 31%, chegando na atualidade a mais de 97% (porém, há ainda 2,5 milhões de pessoas fora da escola). “Antes a escola era somente para uma classe social e hoje há acesso a mais classes sócias. Por outro lado, o desafio dessas crianças é muito maior quando o público não teve acesso anterior, por meio de seus pais, que são muitas vezes analfabetos”, é a análise feita. Com isso, torna-se relativo dizer que antes havia mais qualidade, porque pode-se notar que houve uma “revolução” quando se pensa em acesso ao ensino.
Para finalizar as dicas, por meio do jornalismo de dados pode ser feita uma cobertura mais adequada, somente é necessária uma certa especialização, um aprofundamento para não cair em armadinhas, na organização dessas informações em notícias. No Anuário Brasileiro de Educação é possível fazer leitura de dados para cruzamento de informações.
Outras fontes de informação importantes para matérias de educação são os tribunais de conta, ministérios públicos, leis aprovadas no poder legislativo, entre outros.