“Como faço para a informação ter relevância, estar disponível e ser acessada por quem interessa?” foi um dos questionamentos feitos por Jorge Duarte durante o curso Gestão da comunicação e assessoria de imprensa, que participei ano passado em Brasília. Mesmo tendo sido há um ano, a pergunta ainda faz sentido, é mais que atual, pois continua sendo nosso desafio levar informação a quem precisa.
No contexto em que vivemos, as pessoas voltaram a se comunicar, a conversar umas com as outras – mesmo que mediadas por tecnologias – e a comunicação de massa perdeu o peso e a relevância anterior, a informação mediada perdeu o status e até mesmo a edição deixou de ser necessária para se levar ao conhecimento público determinados fatos.
Duarte cita Mark Zuckerberg: “Uma vez a cada cem anos a mídia muda. Os últimos cem anos foram definidos pelos meios de comunicação de massa. Nos próximos cem anos, a informação não será simplesmente empurrada para cima das pessoas. Ela será compartilhada por meio das milhões de conexões que ligam os cidadãos (...) Nada influencia mais as pessoas do que a recomendação de um amigo de confiança (...) Uma referência confiável é o santo graal da publicidade”.
Durante o curso, estudamos que há uma diluição das fronteiras entre as disciplinas, com tendências à multidisciplinariedade, à transdisciplinariedade. Tanto, que o livro de Paulo Freire (Comunicação ou Extensão) continua sendo referência na busca por outra maneira de se ver a comunicação.
O jornalista ainda provoca, falando que assessoria de imprensa é commodity, é arroz com feijão, quem está colocando notícia no site é estagiário. Para ele, nossa competência a ser alcançada é liderança, ter visão e estratégia. E para se destacar vai ser necessário trabalhar junto com as outras áreas (Relações Públicas, Publicidade, Jornalismo, Administração, Legislação...).
No esquema a ser seguido, o modelo da comunicação pública, por exemplo, teria os seguintes campos: comunicação organizacional (ABERTURA – receptividade, atitude de serviço, trabalho corporativo, visão compartilhada), comunicação informativa (INTERLOCUÇÃO – sistematização e socialização da informação) e prestação de contas à sociedade (VISIBILIDADE – publicidade e posicionamento). Nós deveríamos trabalhar somente eixos de sistematização e socialização.
Portanto, são quatro os papéis da comunicação nas organizações públicas:
- Ajudar a viabilizar as políticas públicas (comunicação de uma indústria ou comércio ajuda a vender algum bem, como estamos ajudando no setor público?)
- Qualificar os processos de comunicação (informação e inteiração)
- Apoiar o cidadão em sua relação com o Estado
- Expressar conceitos e ações do governo
Para tanto, será necessário também que o órgão se preocupe com o atendimento geral (em que todos os que compõem a estrutura, dos terceirizados aos superiores, sejam capacitados no atendimento ao público e tenham informações sobre o que a instituição desenvolve). Também deve estar no foco a definição dos públicos prioritários. Gestão é administração e o trabalho de relações públicas é essencialmente administração (gestão e coordenação), tendo em vista que estratégia é saber o que quero e o que farei para alcançar. Uma dica passada para se adquirir competência em gestão é ler os clássicos de outras áreas, como o mestre Peter Druker.
Assim, a “incompetência” e o desconhecimento dos chefes em relação à comunicação é culpa nossa, porque eles não sabem o que querem da gente, nós é que devemos mostrar a eles. Como disse Steve Jobs “as pessoas não sabem o que querem, até você mostrar a elas”.
Encerrando, vamos colocar os conhecimentos com Jorge Duarte em prática nas provas de concurso, tente, então, resolver estas questões que caíram na prova de 2011 para o cargo de jornalista da Fundação Municipal de Saúde – FMS, em Teresina (PI):
O autor Jorge Duarte é conhecido por apresentar sugestões para ajudar políticos, autoridades, técnicos do setor público a estabelecer um relacionamento eficiente com jornalistas. Leia um fragmento de um de seus textos.
“Tanto o jornalista quanto o homem público têm um compromisso comum, a informação da sociedade. O jornalista trabalha com o exercício da verificação da informação, para apresentar um relato veraz dos acontecimentos de interesse público. Já o agente público está originalmente ligado à necessidade de prestar conta de seus atos, a partir dos princípios do direito administrativo e de sua responsabilidade social.”
(DUARTE, Jorge. Pequeno guia de relacionamento com a imprensa para fontes da área pública. In: SEABRA, Roberto e SOUSA, Vivaldo de. Jornalismo Político: Teoria, História e Técnicas. Rio de Janeiro: Record, 2006, p. 275)
Agora, com base nas orientações do autor, identifique a alternativa que apresenta um exemplo de recomendação INCORRETA ao agente público.
a) Ser acessível, a fim de manter um bom relacionamento com a imprensa.
b) Encarar o assessor de comunicação como alguém responsável por colocar a autoridade na mídia.
c) Investir na comunicação com públicos segmentados, na integração de áreas e no planejamento, em capacitação.
d) Estabelecer formas de prever e atender com eficiência às demandas da imprensa.
e) Favorecer o desenvolvimento de uma “cultura de comunicação”, que estimule a circulação de informações.
Gabarito: B
“Um conceito frequentemente citado nos debates sobre comunicação pública é o de direito à informação. Ele é particularmente relevante, porque é um meio para acesso e uso dos outros direitos referentes à cidadania. Informação é a base primária do conhecimento, da interpretação, do diálogo, da decisão.”
(DUARTE, Jorge. Instrumentos de comunicação pública. In: DUARTE, Jorge (org.) Comunicação pública: estado, mercado, sociedade e interesse público. São Paulo: Atlas, 2009, p.62)
Segundo o mesmo autor, no âmbito da Comunicação Pública, a informação poderia ser agrupada nas seguintes categorias:
a) de interesse público e de interesse privado;
b) institucionais e de interesse privado;
c) institucionais, mercadológicas e de interesse público;
d) institucionais, corporativas, mercadológicas, de interesse público e de interesse privado;
e) institucionais, de gestão, de utilidade pública, de interesse privado, mercadológicas, de prestação de contas e dados públicos.
Gabarito: E
“A Comunicação Empresarial brasileira experimentou, na última década, um grande desenvolvimento, caminhando em direção a novos patamares de excelência. Esta realidade se deve a inúmeros fatores, dentre os quais o reconhecimento da importância da comunicação para as organizações e a qualificação dos profissionais da área. É necessário, também, destacar a contribuição da Academia e do mercado no sentido de propor e construir novas metodologias para a avaliação da eficácia das ações e estratégias de comunicação empreendidas pelas organizações modernas.”
(BUENO, Wilson da Costa. Auditoria de imagem na mídia. In: DUARTE, Jorge; BARROS, Antonio. Métodos e Técnicas de Pesquisa em Comunicação. São Paulo: Atlas, 2009, p.345)
Uma dessas metodologias é a auditoria de imagem na mídia. Sobre ela, é CORRETO dizer que:
a) trata-se da simples mensuração da presença de uma organização na mídia;
b) incorpora apenas aspectos qualitativos da presença de uma organização na mídia;
c) requer, de quem a executa, conhecimento aprofundado de Comunicação Empresarial e de produção jornalística;
d) exige planejamento, mas dispensa conhecimento prévio dos veículos que integrarão a mostra analisada;
e) os resultados de uma auditoria de imagem na mídia realizada em um período específico podem ser aplicados em um período de tempo maior.
Gabarito: C
“A expressão comunicação pública (CP) vem sendo usada com múltiplos significados, frequentemente conflitantes, dependendo do país, do autor e do contexto em que é utilizada. Tamanha diversidade demonstra que a expressão ainda não é um conceito claro, nem mesmo uma área de atuação profissional delimitada. Pelo menos por enquanto, comunicação pública é uma área que abarca uma grande variedade de saberes e atividades e pode-se dizer que é um conceito em processo de construção.”
(BRANDÃO, Elizabeth Pazito. Conceito de comunicação pública. In: Duarte, Jorge (org.) Comunicação pública: estado, mercado, sociedade e interesse público. São Paulo: Atlas, 2009, p.1)
Sobre “comunicação pública”, julgue os itens abaixo como V (VERDADEIROS) ou F (FALSOS).
I) A expressão “comunicação pública”, nas últimas décadas, passou a substituir outras denominações como comunicação governamental e propaganda política.
II) Entre os três poderes, o Legislativo sempre teve maior presença junto à população no que diz respeito à comunicação governamental.
III) A proposta atual de “comunicação pública” no Brasil recebeu influência da concepção de comunicação da Igreja Católica latino-americana.
Está(ão) CORRETO(S).
a) Apenas I
b) Apenas II
c) Apenas III
d) Apenas I e II
e) Apenas I e III
Gabarito: E
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