domingo, 14 de julho de 2013

Instantaneidade

Outro dia estava pensando em conceitos que deixam de ser verdades absolutas em nossa sociedade. Acompanhando as tarefas escolares de meu filho voltei a ler os termos sociedade patriarcal/matriarcal. Como estabelecer com exatidão qual dos dois modelos os brasileiros seguem hoje, se na verdade o que vemos são famílias chefiadas ora por homens e ora por mulheres. Tanto que até me perguntei, após ler esta informação entre os estudos de interdisciplinaridade: "Atualmente os pesquisadores estão no caminho de uma revolução que poderia permitir a liberação da reprodução sexual, abrindo a possibilidade, para o ser humano, de uma reprodução por cissiparidade: uma equipe de biologistas conseguiu produzir ovócitos a partir de células-tronco de ratos". Não querendo discutir exatamente ética e preconceito, mas realmente é uma nova forma de se ver o genitor, portanto, o mundo como um todo, vive hoje uma sociedade patriarcal ou matriarcal?

Voltando os olhos para a área de comunicação: Em tempos de jornalismo online é ainda rigorosa a separação temporal de veiculação de notícias: diária, semanal, mensal... Para as pesquisadoras Zélia Adghirni e Francilaine de Moraes a relação de temporalidade entre o jornal de papel e o jornal digital a periodicidade e a historicidade são fundamentais:

“Combinados entre si no suporte internet, estes dois paradigmas constituem uma nova forma de temporalidade midiática que é a informação permanente. Ou em ‘tempo real’, como é chamada nos meio profissionais, mas que preferimos chamar de informação em fluxo contínuo porque, matematicamente falando, é impossível transmitir uma informação via internet no exato momento em que o acontecimento se produz”.

Quando comecei no jornalismo, realmente, eram apenas diário, semanários, e por aí afora. Não tinha parado para refletir que a periodicidade mudou muito de lá pra cá!

“Em relação ao mecanismo de periodicidade do suporte papel, a internet representa uma nova configuração do tratamento tempo, ou seja, na internet, a informação é permanente”.

E como é! Se até os leitores hoje produzem informações. E as mídias sociais mostraram há pouco a força que têm. Vamos que vamos!

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Mais sobre teleprompter

Fechei o post sobre o Jornal Nacional falando sobre a pré-história do teleprompter no Brasil. Depois, lendo a “Apuração da Notícia” de Luiz Costa Pereira Junior (Editora Vozes, 2010), encontrei uma passagem interessante sobre o tema:

“A Rede Globo de Televisão abortou em agosto de 1998 um quadro no Fantástico criado pelo videomaker Marcelo Tas. Com nome de Fora do Ar, propunha descortinar os dispositivos  de estruturação das mensagens televisivas. O programa existe hoje apenas em cópias piratas. O programa-piloto tem oito minutos de duração. Seu tema é ‘teleprompter’, o aparelhinho posicionado ao lado da câmera de estúdio, diante de apresentadores e jornalistas, para a leitura de textos. O recurso simula uma situação de improviso controlada – os olhos fixo diante de um texto que desfila à frente, como um cartaz luminoso.
 Tas explorou com humor as aplicações, políticas e cênicas, do truque. Fez, Paulo Maluf, ex-prefeito de São Paulo, recitar Shakespeare, a mulata 'Globeleza' Valéria Valenssa adquirir ar professoral ao falar de globalização, pessoas de rua reproduzirem a performance demagógica de políticos famosos”.

Quer dizer, o teleprompter realmente colabora para parecer que tudo é natural dentro da telinha. Por isso, Luiz Costa reflete sobre esse revelar dos mecanismos de produção da notícia:

“Os veículos boicotam a reflexão sobre sua prática. E o fazem com naturalidade, a de quem está seguro do sistema de trabalho com a informação que adotou. Mas se leitores, telespectadores, internautas ou ouvintes soubessem como reportagens e produtos da mídia são realizados, é de supor que ficaria evidente a fragilidade do modo tradicional de mensagens cotidianas.”
Segundo Marcelo Tas, sobre a rejeição do projeto Fora do Ar pela Globo, “o programa era revelador, mostrava instrumentos que podem ser usados para manipulação, mas não afirmava que eram usados por alguém”.


Aprendendo novas palavras

Hedonismo é a busca do prazer desenfreado, reflete o individualismo.

Gosto de coincidências. Poucas vezes devo ter escutado a palavra acima, cuja reflexão aconteceu na aula da Pós em Jornalismo Empresarial, no módulo de Comunicação Integrada.

Na mesma semana, em casa ao fazer uma leitura de estudo da língua portuguesa, encontrei essa palavra para explicar um texto sobre a brevidade da vida:

“A visão de mundo antropocêntrica do Renascimento valoriza o ser humano e os prazeres terrenos e individuais (hedonismo), defendendo a ideia do carpe diem (devem-se aproveitar os momentos bons porque a vida é passageira).
 
O autor desse texto recomenda a preocupação equilibrada com o corpo para ter uma vida saudável, de modo a garantir satisfação e prazer durante a breve existência humana”.

A análise consta na revista de tema Português: Vestibular + Enem do Guia de Estudante e diz respeito ao texto “Geração Vaidade”, de Nuno Cobra.

Para finalizar vamos ver em qual outro contexto em que encontrei esse termo. O trecho abaixo foi da aula de Semiótica da Pós-Graduação, em que estudamos a seguinte definição de sociossemiótica:

Todos os discursos sociais possuem uma função principal ou primária. A maioria dos discursos sociais tem caráter eminentemente pragmático, isto é, visa a satisfazer alguma necessidade prática do ser humano. Esse é o caso dos discursos jornalístico, publicitário, político, jurídico, tecnológico etc.

Por exemplo, no jornal, a função primária não é SIMPLESMENTE a satisfação da necessidade “pela informação”, mas sim, a produção da “informação com vistas à comunicação social no espaço público”.

Portanto, enquanto as atividades pragmáticas se originam de um dever fazer (isto é, necessidade ou obrigação), o jornalismo tem origem num querer fazer, numa busca do “construir em conjunto”. Por isso, podemos dizer que o jornalismo (assim como a ciência, o esporte e a religião “PUROS”) é uma atividade hedônica (do grego hedoné, prazer), que possui como função primária a função hedônica (Bizzocchi, 1996, 1999 e 2000): “o prazer pela informação e dela usufruir, para gozar os espaços sociais e de comunicação”. Aqui, a função estética é, portanto, apenas um dos tipos possíveis de função hedônica.