Fechei o post sobre o Jornal Nacional falando sobre a pré-história do teleprompter no Brasil. Depois, lendo a “Apuração da Notícia” de Luiz Costa Pereira Junior (Editora Vozes, 2010), encontrei uma passagem interessante sobre o tema:
Quer dizer, o teleprompter realmente colabora para parecer que tudo é natural dentro da telinha. Por isso, Luiz Costa reflete sobre esse revelar dos mecanismos de produção da notícia:
“A Rede Globo de Televisão abortou em agosto de 1998 um quadro no Fantástico criado pelo videomaker Marcelo Tas. Com nome de Fora do Ar, propunha descortinar os dispositivos de estruturação das mensagens televisivas. O programa existe hoje apenas em cópias piratas. O programa-piloto tem oito minutos de duração. Seu tema é ‘teleprompter’, o aparelhinho posicionado ao lado da câmera de estúdio, diante de apresentadores e jornalistas, para a leitura de textos. O recurso simula uma situação de improviso controlada – os olhos fixo diante de um texto que desfila à frente, como um cartaz luminoso.
Tas explorou com humor as aplicações, políticas e cênicas, do truque. Fez, Paulo Maluf, ex-prefeito de São Paulo, recitar Shakespeare, a mulata 'Globeleza' Valéria Valenssa adquirir ar professoral ao falar de globalização, pessoas de rua reproduzirem a performance demagógica de políticos famosos”.
“Os veículos boicotam a reflexão sobre sua prática. E o fazem com naturalidade, a de quem está seguro do sistema de trabalho com a informação que adotou. Mas se leitores, telespectadores, internautas ou ouvintes soubessem como reportagens e produtos da mídia são realizados, é de supor que ficaria evidente a fragilidade do modo tradicional de mensagens cotidianas.”Segundo Marcelo Tas, sobre a rejeição do projeto Fora do Ar pela Globo, “o programa era revelador, mostrava instrumentos que podem ser usados para manipulação, mas não afirmava que eram usados por alguém”.
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