O livro
"Jornal nacional: a notícia faz história" da Jorge Zahar Editor
(2004) traz um pouco da memória das organizações Globo e do seu principal
telejornal. Vinte anos após a TV se instalar no Brasil, em 1º de setembro de
1969, inicia o Jornal Nacional, trazendo uma nova linguagem ao jornalismo
brasileiro e sendo transmitido em rede para outros estados.
"Inspirados
no modelo americano, profissionais como Armando Nogueira e Alice-Maria souberam
tropicalizá-lo, afastando-o do modelo radiofônico a que ainda se apegavam os
telejornais de então. No Jornal Nacional, palavra e imagem tiveram desde o
início a mesma importância".
Realmente,
posso ter um olhar mais crítico em relação à Globo e ao jornalismo em geral,
mas não nego que realmente a estrutura do JN e de outros programas da Rede se
mantêm à frente dos outros. Há muito investimento na área informativa:
"(...)
a realização das primeiras externas eram um desafio de difícil superação, tal o
tamanho das câmeras cinematográficas com filmes de película. Hoje, as câmeras
pequenas, leves e totalmente digitais, são capazes de captar a imagem em
qualquer parte do mundo e transmiti-las já sem necessidade de satélites".
Para quem
hoje convive com a facilidade de se filmar até com a ajuda de telefones, talvez
tenha dificuldade em imaginar uma época como essa, dos equipamentos valvulares,
antes dos eletrônicos:
"No
início, as câmeras utilizadas nas reportagens não registravam o som ambiente,
ganhando então o apelido de 'mudinhas'. Eram as Bell & Howel e as Bolex,
nas quais os cinegrafistas precisavam dar corda para funcionar. Mas logo
chegaram as câmeras Auricom, provocando uma revolução. Grande e pesado, o
equipamento exigia uma cangalha para ser transportado, mas era sonoro. A
Auricom permitiu ao repórter aparecer na matéria durante as reportagens, com o
microfone, o que dava maior credibilidade ao noticiário".
Além dessa
possibilidade para sonoras e passagens ainda serem restritas, também não havia
teleprompter: "nessa época, também não havia fotocopiadoras. Os textos do
programa eram todos mimeografados e, como a tinta se soltava do papel, era
comum não só apresentador, mas toda a equipe, ficar com mãos, rostos e roupas
sujos de azul".
O
teleprompter chegou à TV Globo em 1971, "situado logo abaixo da câmera que
o projeta, em letreiros, o texto para o locutor. Com o teleprompter, o
apresentador lê com mais naturalidade e olha direto para o espectador
(reforçando o clima coloquial, a ideia de que o locutor está na sala de casa
conversando com quem está assistindo)".
Diferente
dos aparelhos de hoje, o teleprompter "em suas primeiras versões,
eletromecânico e dependia de um operador para rodar o texto impresso numa
bobina". Para complicar, ao serem instalados, esqueceu-se dos espelhos e a
imagem que chegava às residências não era tão natural assim: "como o texto
era projetado no alto, os olhos de quem estava lendo apareciam brancos para o
telespectador".
Imaginem
só, abduzidos!!!