Ouvindo hoje o comentário do Arnaldo Jabor na Rádio CBN (“Tecnologia conseguiu o papel de personagem principal no cinema”) me lembrei de uma análise sobre história, cinema e comunicação.
Nem comentarei o atentado ocorrido nos Estados Unidos, em que um jovem atirou contra a plateia de um cinema em Aurora, no Colorado, em 20 de julho, durante a estreia do filme "Batman: o Cavaleiro das Trevas". Isso também daria um artigo, tamanha brutalidade...
Voltando ao Jabor, ele analisa que este lançamento do Hollywood é quase um “Rock do Americano Doido”, haja vista que nos anos 80 tiveram os filmes da safra pós-Vietnã - um verdadeiro show de força pra compensar a derrota na guerra, uma espécie de vingança - e depois entrou a fase dos filmes catástrofe, que mostram o estranho desejo de autoextermínio (Godzilla, Armageddon e outros, sempre colocando algo abaixo nos EUA). Nesta nova fase, em Batman mais especificamente, não é uma estória de mocinho versus bandido, e sim personagens que são coisas, onde se valoriza a tecnologia.
Procurei na internet e encontrei uma tese que fala do período da Guerra Fria (1945-1991) e de que muitos foram os cineastas norte-americanos a abordarem esse período histórico, trazendo às telas conteúdos ideológicos. Por exemplo: Top Gun, Top Secret, Nascidos em 4 de Julho e a Trilogia Rambo (1982-1985-1988). “Através dos mesmos refletimos sobre de que maneira o cinema norte-americano foi utilizado como ferramenta defensora não apenas do modo de vida norte- americano, mas também como colaborador na sua proposta de intervenções no mundo. Em todos os filmes Rambo, um soldado-máquina, apresenta contradições, ora defendendo, ora criticando a guerra, mas sempre ao lado dos valores e da visão de mundo dos Estados Unidos da América”.
Da leitura que estou fazendo de Platão & Fiorin “Para entender o texto – leitura e redação” (Editora Ática – 2006) relembrei que o texto mantém uma grande relação com a história/tempo social em que é escrito, assimilando as ideias da época em que for produzido. Além de revelar ideais, concepções, anseios e temores do povo. Segundo os autores:
“Nesse sentido, a narrativa do Super-homem mostra os anseios dos homens das camadas médias das sociedades industrializadas do século XX, massacrados por um trabalho monótono e por uma vida sem qualquer heroísmo. Esse homem, mediocrizado e inferiorizado, nutre a esperança de tornar-se um ser todo-poderoso assim como Clark Kent, que se transforma em Super-homem. As condições de impotência do homem diante das pressões sociais geram um ideal de onipotência refletido na narrativa do Super-homem”.
“Como nota Humberto Eco, famoso escritor italiano, um indivíduo dotado dos poderes do Super-homem poderia acabar com a fome, a miséria e as injustiças sociais do mundo. No entanto ele não faz nada disso. Ao contrário, o bem que pratica é a caridade, e o mal que combate é o atentado à propriedade privada. Lutar contra o mal é assim combater ladrões. Dedica sua vida a isso”.
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