quinta-feira, 26 de julho de 2012

Compartilhando minhas leituras


Estou lendo o livro de Platão & Fiorin “Para entender o texto – leitura e redação” (Editora Ática - 2006) e me chamou muito o capítulo inicial que faz considerações sobre a arte de ler e escrever. Acredito que tenha muito a relacionar-se com a profissão do jornalista, contribuindo com uma melhor leitura de mundo para nós e, quiça, para quem nos acompanha.

Para os autores, “o significado das partes depende das correlações que elas mantêm entre si”, isto quer dizer que “para entender qualquer passagem de um texto, é necessário confrontá-la com as demais partes que o compõem sob pena de dar-lhe um significado oposto ao que ela de fato tem”.

Portanto, que fique claro:

“Para fazer uma boa leitura, deve-se sempre levar em conta o contexto em que está inserida a passagem a ser lida. Entende-se por contexto uma unidade linguística menor. Assim, a frase encaixa-se no contexto do parágrafo, o parágrafo encaixa-se no contexto do capítulo, o capítulo encaixa-se no contexto da obra toda”.

Para o jornalismo, os autores trazem esta matéria como exemplo:

CRIME
TIRO CERTEIRO
Estado americano limita porte de armas

No começo de 1981, um jovem de 25 anos chamado John Hinckley Jr. entrou numa loja de armas de Dallas, no Texas, preencheu um formulário do governo com endereço falso e, poucos minutos depois, saiu com um Saturday Night Special – nome criado na década de 60 para chamar um tipo de revólver pequeno, barato e de baixa qualidade. Foi com essa arma que Hinckley, no dia 30 de março daquele ano, acertou uma bala no pulmão do presidente Ronald Reagan e outra na cabeça de seu porta-voz, James Brady. Reagan recuperou-se totalmente, mas Brady desde então está preso a uma cadeira de rodas. (…)

Sobre este texto eles afirmam que “seguramente, por trás da notícia, existe, como pressuposto, um pronunciamento contra o risco de vender arma para qualquer pessoa, indiscriminadamente. Para provar essa costatação, basta pensar que os fabricantes de revólveres, se pudessem, não permitiriam a veiculação dessa notícia. O exemplo escolhido deixa claro que qualquer texto, por mais objetivo e neutro que pareça, manifesta sempre um posicionamento frente a uma questão qualquer posta em debate.”

Fica a dica, busque o contexto do que se lê. Mais que isso, busque o porquê de algumas matérias veiculadas pela mídia (matérias estas que nós jornalistas estamos contribuindo para sua divulgação). Eis aqui na prática o que digo:

Clique para ler: O jornalismo cego às armadilhas do discurso oficial – Observatório da Imprensa.



Precisamos saber usar melhor as armas que temos!




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