quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Bebeu água do Madeira

Quem bebe água do rio Madeira não quer ir embora. Esta afirmativa é uma espécie de lenda da capital rondoniense. E eu tenho grande crença neste fato. Ao menos estou na cidade há mais de seis anos (ou oito de Rondônia). Vejo neste pequeno ínterim de permanência que se propaga uma “cultura” de identificação com a terra onde se vive muito maior hoje em dia. Ainda vi uma fase longa de “mal-querença”, por assim dizer, de virar as costas para a cidade e apenas querer levar delas suas riquezas.

Esse pensamento de fase nova se reafirmou após ler o livro de Aleks Palitot “Rondônia uma história”, em especial esse trecho:

“Cidade antiga, que infelizmente não vive e nem preserva seu passado. Parece ter vergonha da sua história e identidade”  (Palitot, 2006, p. 129).

Lógico, ainda precisa cuidar muito mais de seu patrimônio histórico. Mas como o próprio autor finaliza seu livro e seus pensamentos sobre a cidade:

“Nasci aqui, e tenho orgulho do meu DNA. Porto Velho te amo muito. Mas parece que aqui, a maioria são os que não te amam mais”. 

Assim como ele se diz amante de PVH, ouço hoje em dia muito mais relatos felizes envolvendo a cidade, muito mais reconhecimento por pertencer à comunidade urbana porto-velhense (tenho pouco contato com distritos e outras áreas rurais) deste município de extensões enormes (segundo Wikipédia: maior área territorial, com mais de 34 mil km², mais extenso que a Bélgica e Israel). Vejo pesquisadores identificando o orgulho de ser “bera”, de ser “beradeiro”.

Que esta fase tenha vida muito longa e todos os cidadãos daqui lutem por manter essa identidade e esse “bem-querer” ao local onde se vive e se consegue ganhar o pão. Sem ser bairrista, mas tenho tendência a gostar do local onde estou fixada (se fosse diferente, logo teria buscado outro ponto, outra paragem).

Se Rondônia é como diz Palitot, “um lugar de riquezas históricas e culturas variadas” (p. 13), então precisamos beber mesmo, e com muito orgulho, águas do Madeira, do Guaporé, do Mamoré, do Machado, do Jamari e de todos os rios que foram esse pedaço da Amazônia brasileira.

Para saber mais sobre o autor e o livro, pode-se consultar o blog dele: Aleks Palitot. 

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