Tenho lido algumas obras tentando compreender o processo de análise de discurso. E não pude passar uma leitura que acabo de fazer, vamos á reflexão:
Interessante a análise feita por um dos estudos de Eni Orlandi (2012) sobre sociedade, democracia, casa, rua, sujeito... em que a escritura urbana - uma metáfora da letra -, o grafismo da pichação é um “eu sou”, “eu existo”, “eu estou aqui”. Nisso, esse sujeito não se submete ao certo/errado ao qual foi segregado, ocupando um espaço (muro, parede) de duas faces: em que o dentro é o “privado” e o fora é o “público”.
Do lado das “autoridades”, Orlandi faz uma comparação com uma campanha publicitária realizada pela Prefeitura de Campinas: “O que eles chamam de diversão, nós chamamos de vandalismo, o que eles chamam aventura, nós chamamos depredação, o que eles chamam arte, nós chamamos infração, o que eles chamam liberdade de expressão, nós chamamos poluição. Vamos virar essa página”.
Por que há “eles” e não “vocês”? É o que reflete a autora sobre a escolha governamental:
“Aí, pelo menos a prefeitura estaria reconhecendo esse outro como parte da sociedade e estaria conversando com ele, reconhecendo-o como um interlocutor com quem deveria dialogar, e não falando deles com esta distância. Isto é segregação. E ao dizer que é infração o que ‘eles’ chamam de arte, estão criminalizando o seu processo de simbolização. Estigmatizando sua invenção. E é assim que acabam empurrando grande parte da nossa juventude para a criminalidade. Produzindo esta imagem estigmatizada, de delinquência, ao invés de acolher, desenvolver essa capacidade de expressão e deixá-la significar no interior da sociedade”.
Boa reflexão para nós também no dia a dia!!!
Interessante a análise feita por um dos estudos de Eni Orlandi (2012) sobre sociedade, democracia, casa, rua, sujeito... em que a escritura urbana - uma metáfora da letra -, o grafismo da pichação é um “eu sou”, “eu existo”, “eu estou aqui”. Nisso, esse sujeito não se submete ao certo/errado ao qual foi segregado, ocupando um espaço (muro, parede) de duas faces: em que o dentro é o “privado” e o fora é o “público”.
Do lado das “autoridades”, Orlandi faz uma comparação com uma campanha publicitária realizada pela Prefeitura de Campinas: “O que eles chamam de diversão, nós chamamos de vandalismo, o que eles chamam aventura, nós chamamos depredação, o que eles chamam arte, nós chamamos infração, o que eles chamam liberdade de expressão, nós chamamos poluição. Vamos virar essa página”.
Por que há “eles” e não “vocês”? É o que reflete a autora sobre a escolha governamental:
“Aí, pelo menos a prefeitura estaria reconhecendo esse outro como parte da sociedade e estaria conversando com ele, reconhecendo-o como um interlocutor com quem deveria dialogar, e não falando deles com esta distância. Isto é segregação. E ao dizer que é infração o que ‘eles’ chamam de arte, estão criminalizando o seu processo de simbolização. Estigmatizando sua invenção. E é assim que acabam empurrando grande parte da nossa juventude para a criminalidade. Produzindo esta imagem estigmatizada, de delinquência, ao invés de acolher, desenvolver essa capacidade de expressão e deixá-la significar no interior da sociedade”.
Boa reflexão para nós também no dia a dia!!!
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